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Polo Industrial de Manaus caminha rumo à indústria 4.0

O processo de migração tecnológica para a chamada indústria 4.0, termo relacionado à adoção de tecnologias digitais voltadas à manufatura avançada, acontece gradativamente entre as empresas do PIM (Polo Industrial de Manaus), sem um planejamento sistêmico. Um fator positivo, segundo consultores, é que do total de indústrias brasileiras 20% utiliza a tecnologia da indústria classificada como 3.0, que são as fabricantes instaladas em Manaus e que estão mais propícias à migração tecnológica. Empresários afirmam que estão atentos às necessidades das adequações para o novo período industrial.

De acordo com o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, a migração tecnológica é uma tendência mundial exigida pela globalização. Ele explica que a atualização das fabricantes no que se refere a maquinário, produção e mão de obra acontece conforme a programação de cada empresa.

“Estamos atentos a essa mudança de conceito tecnológico. São tendências mundiais e acontecem dentro das filosofias internas de cada fabricante. O objetivo sempre será a busca por competitividade dos produtos”, afirmou. O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, também afirmou que as indústrias estão atentas às necessidades de adequações tecnológicas. Porém, destacou a importância da contribuição do governo federal quanto à implementação de medidas que gerem uma retomada na economia nacional e logo, o aumento da demanda de produtos.

“Sabemos fazer o dever de casa, mas precisamos ter certeza que o governo viabilizará as ferramentas necessárias ao processo. É necessário haver reformas previdenciária, trabalhista e tributária e isso não pode impactar e onerar em mais impostos”, disse. “Estamos preparados para essa mudança e para se adequar à nova revolução industrial”, completou.

O doutor em engenharia eletrônica, consultor e proprietário da empresa Map Technology, Manuel Cardoso, comenta que países como a Coreia, Alemanha, Japão e Estados Unidos investem altos valores com foco no desenvolvimento industrial e na migração para a indústria 4.0. Porém, ele cita que no caso do Brasil ainda não há um projeto a nível nacional nem mesmo local que priorize investimentos às fabricantes em preparação à nova etapa industrial.

“80% das indústrias do Brasil ainda compõem a classificação de indústria 2.0, que são aquelas em que as linhas de montagem absorvem muita mão de obra. Porém, de baixo valor agregado. Os 20% das indústrias brasileiras que estão na indústria 3.0 estão instaladas em Manaus, no PIM”, disse. “No Brasil existe uma iniciativa do Mdic de que o país crie redes de empresas que se preparem para a indústria 4.0. Em Manaus estamos tentando criar esse movimento. É necessário criar essa discussão para começar a formatar o que é necessário para nos prepararmos para essa nova vertente tecnológica. Tem indústria que já trabalha tecnologias que levarão à classificação da 4.0, mas isso não está acontecendo de forma sistêmica e sim pontual”, completou.

Conforme Cardoso, a inovação tecnológica ainda resultará em substituição de mão de obra de baixo valor agregado e ainda no aumento na demanda por mão de obra especializada. Com a nova revolução industrial todo o processo produtivo será comandado por sistemas, equipamentos eletrônicos e digitais que receberão informações para a fabricação do produto, dispensando a atuação do operador da máquina. “O aumento do desemprego será algo inevitável, para a mão de obra de baixa qualificação. Por outro lado, aumentará a demanda por mão de obra qualificada como os especialistas em rede de computadores e demais do segmento”, alertou.

Segundo o diretor da Positivo, fabricante instalada no PIM, Edson Toffoli, a empresa tem o conceito de indústria 4.0 como a principal linha de pensamento para a evolução dos processos produtivos do ponto da informatização e da preparação dos recursos humanos. “É uma nova realidade que traz ganhos, mas também uma maior complexidade na manutenção e adaptação aos novos produtos que estão sendo introduzidos com maiores frequências. A flexibilidade é um alicerce da indústria 4.0”, disse.

O diretor também informou que para este ano a empresa pretende priorizar investimentos voltados à informatização no processo produtivo industrial e na sequência iniciar a expansão às demais áreas. Ele acredita que como resultado, haverá aumento produtivo consequentemente em faturamento. “Certamente teremos um aumento representativo de produtividade”, confirmou.

Mobilização da Suframa
A partir de conceitos da indústria 4.0 a Suframa elaborou em 2016 o PDI (Plano Diretor Industrial) que envolve diversas áreas temáticas e diretrizes táticas, como logística, ciência e tecnologia, atração de investimentos, desenvolvimento organizacional e inserção internacional que estão associadas à Zona Franca de Manaus, à Amazônia Ocidental e ao projeto Zona Franca Verde, buscando integrar a instituição aos novos padrões globais de competitividade e integração tecnológica.

Para a superintendente da Suframa, Rebecca Garcia, para que a indústria 4.0 aconteça é necessário desburocratizar a prestação dos serviços. “Precisamos desburocratizar e modernizar a prestação de nossos serviços para que o movimento da indústria 4.0 encontre também um governo 4.0. Aí sim conseguiremos entregar um país que esteja competitivo e ao alcance de todos. A Suframa tem trabalhado neste sentido e sabemos que o governo federal também está atento a esta questão.
É muito importante que tanto o governo quanto a indústria vivam este novo momento para que possamos nos inserir cada vez mais no mercado internacional e nos fortalecer ao ponto de enfrentar períodos de crise com mais facilidade e robustez.”

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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