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Poesias indígenas para o Brasil ler

 

Evaldo Ferreira: @evaldo.am

Na semana passada, dia 8, o Itaú Social lançou mais uma edição da campanha ‘Leia com uma criança’ e, na ocasião, divulgou o nome dos dois livros escolhidos este ano para participar da campanha lançada no ano passado: ‘De passinho em passinho: um livro para sonhar e dançar’, de Otávio Júnior; e ‘A pescaria do Curumim e outros poemas indígenas’, do amazonense Tiago Hakiy. O livro de Tiago tem ilustrações de Taísa Borges.

Tiago é nome conhecido na literatura amazonense. É poeta e escritor com 14 livros publicados. Nasceu em Barreirinha, terra do poeta da Amazônia, Thiago de Mello.

“Meu primeiro livro, ‘Águas do Andirá’, foi influenciado pela poesia de Thiago de Mello”, revelou.

Tiago viaja o Brasil divulgando a cultura indígena. Ele é descendente do povo mawé, tradicionais habitantes daquela região do baixo Amazonas.

“Em julho eu fui avisado pela Editora Panda Books, que o livro havia sido um dos selecionados pelo edital, e que a divulgação oficial ocorreria no dia 8, quando a campanha de 2023 foi lançada”, contou.

As doze poesias de ‘A pescaria do Curumim e outros poemas indígenas’ são inspiradas nas vivências amazônicas de Tiago, em sua infância, nas quais constam elementos presentes na natureza do lugar como as pescarias, os banhos de rio, o ouvir o canto dos pássaros.

“Todos os meus livros são assim. Nos contos e poesias eu reconto as histórias que ouvia dos meus avós, e criava outras, sobre as lendas e os encantados, que são muito comuns nas lendas indígenas e nas histórias dos ribeirinhos”, lembrou.

Tiago vive em Barreirinha, pela qual é apaixonado. É das belas praias existentes no rio Andirá, e da exuberante floresta, que ele extrai a inspiração para escrever.

Embaixador cultural

Tiago se divide entre a profissão de bibliotecário e o prazer de escrever livros. Em Manaus, ele foi um dos fundadores e primeiro presidente do Clam (Clube Literário do Amazonas), do qual, agora, aproveitando a participação em eventos literários pelo Brasil durante o ano inteiro, atua como embaixador cultural.

“Viajo para lançar meus livros, realizar palestras e falar sobre o Clam que, depois do Clube da Madrugada, é o clube literário mais longevo e atuante do Amazonas. Acredito que minha atuação tem sido importante ao fazer com que as pessoas conheçam um pouco mais sobre a realidade amazônica e os povos indígenas que aqui habitam”, disse.

“Este ano, por exemplo, a Universidade de Pisa, na Itália, fez uma homenagem a dois poetas da língua portuguesa. De Portugal escolheu José Saramago; e do Brasil, me escolheu. Foi uma grande honra para mim ter representado o Brasil e o Amazonas”, destacou.

Tiago também é integrante do Instituto Uka, cujo trabalho é promover a consciência da presença das culturas indígenas e sua importância na formação da identidade brasileira. O Instituto Uka (casa, em tupi) foi idealizado pelo paraense Daniel Munduruku e tem sede na cidade de Lorena, em São Paulo, onde Daniel reside.  

‘A pescaria do Curumim e outros poemas indígenas’ foi lançado em 2015, e pode ser adquirido no site www.livrariamaraca.com.br. Ao ser selecionado pela campanha ‘Leia com uma criança’, agora terá uma edição extra de mais de um milhão de exemplares, que serão distribuídos em escolas e bibliotecas.     

“Prova de que nosso trabalho de divulgar os povos indígenas está tendo visibilidade e aceitação”, finalizou.

Estante digital

Desde 2010, quando foi lançado, o Itaú Social já distribuiu mais de 60 milhões de livros infantis por todo o país.

“Nosso intuito é estimular os adultos a lerem com as crianças como forma de fortalecimento dos vínculos afetivos e participação ativa na educação. Direcionamos os esforços da campanha para promover e democratizar o acesso à leitura literária de qualidade para famílias e crianças em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica”, falou Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social.

A destinação de ‘De passinho em passinho: um livro para sonhar e dançar’, e ‘A pescaria do Curumim e outros poemas indígenas’ será feita exclusivamente para secretarias municipais de educação, além de bibliotecas comunitárias, associações de bairro, dentre outras. As solicitações podem ser feitas por instituições de todo o Brasil.

Também já estão abertas as inscrições para o edital que selecionará, no ano que vem, mais duas obras. Cada editora pode inscrever até três títulos no edital. O único porém é que não tenham sido contempladas na última edição. Os livros devem ser em prosa e poesia, com até 50 páginas, voltados a crianças de zero a seis anos. O projeto prevê a aquisição de mais de um milhão de exemplares para cada título selecionado e ao menos 15 mil deles devem ser em Braille. Estão disponíveis, gratuitamente, 14 títulos da estante digital www.euleioparaumacrianca.com.br e um acervo de 22 obras distribuídas em anos anteriores em versões audiovisuais acessíveis, com versões em Braille, fonte ampliada, e em formato audiovisual com múltiplos recursos de acessibilidade como Libras e audiodescrição.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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