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Poesia em dose dupla

Final de tarde, num café, ouvindo poesias. Assim será a tarde de hoje, 26, sexta-feira, na Casa da Pamonha (rua Barroso, 375 – Centro), a partir das 18h, com o lançamento do livro ‘A vida em poemas’, das irmãs Tereza e Socorro Barroso. Um livro escrito por duas poetas, e irmãs, é difícil, e para completar elas são gêmeas, porém, cada uma tem o estilo próprio nos temas que abordam.

Socorro e Tereza são de Maués, não da cidade, mas da comunidade de Santo Antônio do Rio Moraes. Como a maioria dos gêmeos, as duas cunhãs sempre foram muito unidas, usando roupas iguais, estudando na mesma escola e na mesma sala de aula, trabalhando juntas até que um dia ‘deu a doida’ em Tereza e ela resolveu se tornar freira. Passou por todo o ritual que a religião exige, entrando num convento e se afastando, por completo, da família. Por 30 anos as irmãs permaneceram distantes uma da outra até que resolveram se unir novamente e a forma escolhida foi através da poesia.

Socorro e Tereza

“Escrevemos poesias há muito tempo, mas a vontade de publicar nossos trabalhos só surgiu no final do ano passado, próximo ao nosso aniversário, que é em 23 de dezembro, principalmente depois que conhecemos a poeta Franciná Lira que, vendo as poesias escritas por nós, nos deu todo o apoio para publicarmos o tão sonhado primeiro livro ‘Um passo para a metamorfose’. Agora, em ‘A vida em poemas’, Franciná escreveu o prefácio”, contou Tereza.

“Tereza estava procurando referências na literatura local e buscava por alguém que a direcionasse. Encontrou meu nome nas redes sociais, porque sou pedagoga e escritora, e elas são professoras, então entrou em contato comigo”, lembrou Franciná.

Sofrimento e inspiração

A partir do primeiro contato, as três poetas e educadoras, se tornaram amigas e Franciná, que dirige o grupo ‘Formas em poemas’, só de mulheres poetas, apresentou as irmãs para outros escritores e elas se empolgaram ainda mais, tanto que, mesmo em 2020, lançaram ‘Um passo para a metamorfose’.

“Gêmeos, por mais parecidos que sejam, possuem mentes independentes e a prova são Tereza e Socorro. Enquanto uma é mais romântica, escrevendo com lirismo, a outra escreve sobre o regional”, destacou Franciná.

Tereza é professora de língua portuguesa, enquanto Socorro é professora de geografia, ambas aposentadas. A primeira atuou em Manaus, já a segunda permaneceu em Maués.

“Somos gêmeas univitelinas, de um único espermatozóide, por isso desde que nos entendemos por gente confundimos os olhares das pessoas, até resolvermos que uma seria loira e a outra morena”, riu Tereza.

“Nossa produção é  coletiva. Uma dá suporte à outra, mas os estilos são bem diferentes. Eu prefiro o romantismo, falar de sentimentos, do amor. Tereza trabalha as temáticas ambientais, críticas sociais. Dizem que é no sofrimento que os artistas se tornam mais inspirados, pois foi com a morte do meu marido que produzi com mais intensidade”, falou Socorro.

Num de seus poemas, ela demonstra isso: ‘Neste momento de 2020… / Quantas lembranças / Vou recordando, / Outro dia compras, lanches, festejos. / Puro devaneio! / Hoje, sozinha no meu quarto. / Filme, cama, lençol e uma música, / Pra não esquecer / Que mesmo no sofrimento / Ainda podemos sorrir’.

Pode ser um ‘remédio’   

‘Um passo para a metamorfose’, o primeiro livro das irmãs, foi publicado pela editora Palavra da Terra, de Manaus que, segundo as duas, é um conjunto de singeleza e sentimentalismo típicos de uma era que necessita de leveza, mostrando a importância  dos poemas no coração de uma sociedade. Já ‘A vida em poemas’ foi publicado pela editora Paco Editorial, de São Paulo, de acordo com elas um pequeno e apreciável conjunto de acontecimentos transformados em poesia, através das quais pode ser observada sua superação e a vontade de viver com mais intensidade.

‘A vida em poemas’ é composto por 38 poesias, 18 delas de Tereza, e 18 de Socorro, mais duas poesias criadas em conjunto.

Livro: A vida em poesia

“As poéticas deste livro têm temas diversos. Falamos sobre as belezas naturais do nosso Amazonas, a realidade do cotidiano humano e seus valores. Como educadoras, há a preocupação com a natureza, educação, saúde. Não esquecemos de homenagear os que estão em nosso convívio”, informou Tereza.

Para aquelas pessoas que escrevem poesias e as guardam, com vergonha de mostrá-las, Tereza e Socorro dão um recado: “vocês que escrevem suas poesias devem mostrá-las para o mundo. As pessoas precisam saber o quão gratificante é ouvir, ler e conhecer seus pensamentos, suas ideias. Um bom livro é a cura para muitas doenças e as suas poesias podem ser esse ‘remédio’. Reflita sobre isso”, finalizou Socorro. 

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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