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Planalto pode judicializar MP

A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) afirmou hoje que “não duvida” que o governo entre na Justiça caso o Congresso derrube os vetos presidenciais da medida provisória que institui um novo marco regulatório aos portos brasileiros.
Ela sinalizou que o governo esgotou durante a votação da medida provisória dos Portos na Câmara e no Senado todas as possibilidades de interlocução sobre a matéria. Reiterou também que, das 55 alterações ao texto do governo, 45 foram sancionadas pela presidente Dilma Rousseff.
Na semana passada, a presidente vetou 13 pontos da medida provisória dos Portos. Foram eliminados artigos que permitiam que empresas fizessem terminais privados exclusivos (chamados porto-indústria) para suas cargas sem autorização do governo.
Também foi vetado o artigo que obrigava o governo a renovar contratos de arrendamentos em portos públicos assinados antes de 1993 e que já estão vencidos. Os operadores desses terminais alegam direito à renovação e é exatamente esse o impasse atual com o Congresso.
“Se o Congresso derrubar, como é um poder que o Executivo tem de renovar ou não, eu não duvido que isto será judicializado”, disse. “E o Congresso tem que avaliar se quer continuar judicializando questões tão estratégicas.”
“O momento de maior tensão foi a medida provisória dos Portos, não foi? Qual foi o resultado? O governo aprovou o que precisava aprovar, negociou exaustivamente (…). Não foi sancionado o que era inegociável. O governo abrir mão da sua prerrogativa numa área que é concessão do poder público, abrir mão de entender se pode ou não renovar, e obrigatoriamente renovar, é uma coisa negociável”, completou.

Crise

A ministra Ideli Salvatti voltou a negar que haja crise na interlocução do governo com o Congresso, mas admitiu que se trata de uma relação difícil. Em uma espécie de balanço sobre seu último semestre à frente do ministério, afirmou que seu cargo é uma “profissão de risco” e queixou-se que, nas negociações do governo, “sempre sobra” para ela. “Outro dia eu brinquei, não me lembro agora quem foi que entrou na minha sala e perguntou ‘Tudo bem’? Se estivesse tudo bem, eu não precisava estar aqui”, comentou a ministra.
Segundo ela, “articulação é justamente para equacionar que as coisas andem bem”. “É um trabalho permanentemente tensionado, você faz a intermediação, a interlocução, você viabiliza o que tem possibilidade de viabilizar, dá as condições de negociar o que é possível, e sempre sobra pra mim”, disse.
A declaração vem depois de a Folha de S.Paulo mostrar nesta sexta-feira que o Palácio do Planalto decidiu reformular o sistema de execução das obras patrocinadas por deputados e senadores por meio de emendas. Agora, ministros e líderes dos partidos aliados indicarão quem receberá a verba e, em contrapartida, terão a missão de cobrar do beneficiado fidelidade ao governo nas votações do Congresso.

Intransigência

A decisão deve enfraquecer a já fragilizada posição de Ideli, que é quem discute com a equipe econômica a liberação das verbas. Parlamentares põem na conta da ministra a intransigência do governo e acusam o Planalto de quebrar acordos e não liberar emendas – -como no caso da votação da MP dos Portos, tida por Ideli como o momento mais “tenso” do ano.
“Liberação de emenda tem todo ano, que nem inverno e verão. Depende obviamente das condições climáticas. E qual foi a condição climática neste ano? Nós não tivemos aprovação do Orçamento no final do ano, foi aprovado no início do ano legislativo. Nós tivemos um atraso de aproximadamente três, quatro meses.”

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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