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PIM tem relativa estabilidade em desemprenho no início do ano

O faturamento do PIM em dólares reagiu em fevereiro, apesar da segunda onda, conforme os dados mais recentes da Suframa. Lideranças da indústria incentivada interpretam que a relativa estabilidade retratada pelos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus é um retrato positivo do setor em um momento extremamente adverso, mas alertam que o cenário de curto prazo ainda é volátil e desencorajador para as empresas, em decorrência do panorama da pandemia no restante do país e seus efeitos no consumo. 

De acordo com a Suframa, as vendas em dólares aceleraram 4,17% em relação a janeiro, de US$ 1.92 bilhão para mais de US$ 2 bilhões, além de terem subido 7,53% em relação a 12 meses atrás (US$ 1.86 bilhão). Contabilizado em reais, houve incremento anual de 33,25% para os resultados do Polo Industrial de Manaus, com R$ 11,06 bilhões (2021) contra R$ 8,30 bilhões (2020) e expansão de 6,76% ante o primeiro mês do ano (R$ 10,36 bilhões). 

No bimestre, o faturamento praticamente empatou (-0,82%) em moeda norte-americana (US$ 3.92 bilhões), mas avançou 23,90% na conversão em divisa nacional (R$ 21.43 bilhões). As diferenças se devem à escalada cambial, com valorização de 22,93% para o dólar, entre o último dia útil de fevereiro de 2020 (R$ 4,4981) e o final do mesmo mês de 2021 (R$ 5,5296), de acordo com a base de dados do Banco Central. 

A Suframa destaca que o resultado em reais sofreu influências positivas dos crescimentos acumulados dos segmentos eletroeletrônico (R$ 4,8 bi e +8,4%), de bens de informática (R$ 5,4 bi e +49,1%), termoplástico (R$ 2,1 bi e +74,7%), metalúrgico (R$ 2,1 bi e +46,6%), mecânico (R$ 1,6 bi e +34,7%) e químico (R$ 2,1 bi e +34,8%). Dois subsetores destacaram-se, ainda, pela variação percentual: vestuário e calçados (+202,6% e faturamento de R$ 6,2 mi) e couros e similares (+176,7% e R$ 6 mi). 

Em dólares, apenas 13 dos 26 subsetores do parque fabril de Manaus listadas pela Suframa avançaram na mesma comparação, em resultado melhor do que o de janeiro, quando apenas oito fecharam no azul. Responsáveis por perto da metade das vendas do PIM, os polos eletroeletrônico (US$ 885.29 milhões e 22,57% de participação) e de bens de informática (US$ 995.15 milhões e 25,41%) tiveram queda 13,09% e alta de 19,35%, respectivamente. Já o polo de duas rodas (US$ 345.96 milhões e fatia de 8,82%) retrocedeu 42,68%.

Produtos e empregos

Assim como ocorrido no ano passado, os principais resultados das linhas de produção vieram dos bens de informática e eletroeletrônicos. Um dos destaques veio dos tablets, com 315,9 mil unidades fabricadas e crescimento de 238,67%. Outros desempenhos positivos foram registrados em rádios e aparelhos portáteis de áudio (123,9 mil e +46,1%), home theaters (14,3 mil e +66%), câmera fotográfica digital (7.800 e +30,1%), microcomputadores portáteis (94,1 mil e +54,3%) e artigos e equipamentos para cultura física, como steppers, bicicletas ergométricas e esteiras rolantes (9.400 e +57,2%).

A performance foi menos significativa no que se refere às contratações. Em fevereiro, o PIM registrou média de 99.912 postos de trabalho, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados. O desempenho ficou 2,17% aquém da marca do mês anterior (102.134), embora tenha sido 7,05% melhor do que o apresentado 12 meses antes (93.332). 

A média mensal de mão obra do parque fabril de Manaus, no primeiro bimestre deste ano, foi de 101.023 postos de trabalho, sendo 7% superior à do mesmo período de 2020 (94.417). Foi também o melhor número desde 2015 (105.015). O saldo registrado pela indústria incentivada foi de 1.663 vagas, dado o predomínio das contratações (5.101) sobre os desligamentos (3.438).

“Trabalho conjunto”

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da Suframa, o titular da autarquia federal, Algacir Polsin, reforçou novamente que a constatação de dados positivos sobre o desempenho do Polo Industrial de Manaus “é muito importante”, em face dos impactos decorrentes da segunda onda de covid-19, na capital amazonense, no período analisado pelos Indicadores. Para o superintendente, trata-se do resultado de um esforço conjunto dos atores da ZFM que deve ser replicado nos meses seguintes.   

“O trabalho conjunto dos poderes públicos e privados e a resiliência das indústrias incentivadas contribuiu para que o cenário econômico local não fosse tão impactado quanto poderia. Especialmente diante dos cuidados previamente adotados pelas empresas a fim de garantir a segurança de seus colaboradores e manter as linhas de produção ativas, atendendo às demandas do mercado e permitindo a manutenção dos empregos, fundamental à sociedade. Esse esforço conjunto deve continuar, para que sejam superados quaisquer desafios e se tenham ganhos para a sociedade, a economia e ao país”, afiançou.

Estabilidade e agravamento

Embora concorde que o setor se saiu bem em um período adverso, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, lembra que a atividade ainda sofre os reflexos da primeira e da segunda onda, não conseguindo retomar uma linha constante de crescimento desde 2020. Nesse sentido, prossegue o dirigente, os efeitos de uma eventual terceira onda seriam “altamente perniciosos” para a ZFM.

Em decorrência da pandemia, conforme o presidente da Fieam, as indústrias ainda enfrentam problemas no fornecimento de insumos e no preço destes pela alta do dólar. O efeito das medidas restritivas na queda do poder aquisitivo também é citado como obstáculo, ao impactar no consumo e na queda do índice de confiança. Já o aumento da taxa de juros e da inflação, no curto prazo, também assinalaria meses difíceis pela frente, assim como o agravamento da pandemia no restante do país.

“Os números nos mostram uma certa estabilidade, a despeito do momento. Ressalto sempre as medidas do governo estadual, que possibilitaram à indústria operar. Essas medidas foram fundamentais para os indicadores positivos do PIM. Temos de ter cautela, contudo, nos próximos meses. O agravamento da crise no restante do país tem impacto direto em nosso modelo, que depende quase que exclusivamente das vendas para fora do Estado. É necessário um controle nacional, para que consigamos trabalhar com alguma segurança e previsibilidade, não somente local”, arrematou.

Foto/Destaque: DIEGO JANATÃ

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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