Mesmo diante das oscilações da economia brasileira e das turbulências políticas, o PIM segue confiante e com os investimentos em dia. Os dados mais recentes dos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, medidos pela Superintendência da Zona Franca de Manaus, confirmam que os aportes subiram 5,57%, no acumulado até maio. O montante já ultrapassa os US$ 8.91 bilhões e corresponde a 63,06% do faturamento das empresas, no mesmo período (US$ 14.13 bilhões). Trata-se do maior valor da série histórica da Suframa, nos últimos sete anos.
Em sintonia, a mesma autarquia mostra que os números do CAS (Conselho de Administração da Suframa) já somam R$ 2,5 bilhões em injeção de capital, em um total de 118 projetos, aprovados nas três primeiras reuniões de 2023. A lista não se resume apenas às 76 iniciativas de diversificação e ampliação de linhas de produção (76), mas passa também pela implantação de 42 novos negócios na capital amazonense – incluindo os setores de serviços e a agroindústria. Juntas, as propostas submetidas aos conselheiros também preveem 3.249 novos empregos e um faturamento adicional de R$ 15,95 bilhões na Zona Franca de Manaus, ao longo dos próximos três anos.
A indústria incentivada segue apostando no futuro, apesar dos números do Índice de Confiança do Empresário Industrial, medido pela CNI, sinalizarem algum arranhão nesse otimismo. Em julho, o ICEI registrou altas em 21 dos 29 subsetores em todo o país. Os destaques vieram dos segmentos de farmoquímicos e farmacêuticos (+12,39% e 61,7 pontos) e de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (+8,91% e 50,1 pontos), ambos presentes no PIM. Entre as regiões, contudo, o único declínio veio justamente da região Norte, que regrediu 0,75%, de 53,4 para 53 pontos – embora tenha se mantido na margem de confiança, marcada pela linha divisória dos 50 pontos.
Químico e madeireiros
Levando em conta a média mensal de investimentos produtivos do PIM no acumulado dos cinco primeiros meses de 2023, a Suframa calcula que os aportes da indústria incentivada de Manaus devem ultrapassar os US$ 8.91 bilhões, ao final de dezembro. A cifra corresponde a um incremento de 5,57% sobre o total apurado nos 12 meses de 2022 (US$ 8.44 bilhões). Também é o maior valor registrado pelo parque fabril da capital, desde 2017 (US$ 8.89 bilhões). Mas, segue abaixo da média de dois dígitos, atingida pelo Polo até 2014 (US$ 10.52 bilhões) – ano que abriria uma crise econômica e política no país.
Ao menos 16 dos 24 segmentos industriais do PIM aparecem com investimentos ascendentes em 2023. A lista inclui alguns dos carros-chefes do parque industrial, como os polos eletroeletrônicos (+5,26% e US$ 2.80 bilhões), duas rodas (+3,60% e US$ 1.15 bilhão), termoplástico (+7,78% e US$ 1.80 bilhão), metalúrgico (+8,28% e US$ 508.75 milhões) e relojoeiro (+1,52% e US$ 60.81 milhões). Avanços em escala de dois dígitos ficaram restritos aos subsetores químico (+20,69% e US$ 1.13 bilhão), madeireiro (+13,29% e US$ 31.37 milhões) e “mineral não metálico” (+12,17% e US$ 68.57).
Entre as nove linhas de produção em baixa, os maiores tombos de aportes de capital vieram dos polos de papel e papelão (-51,34% e US$ 83.77 milhões), editorial e gráfico (-33,94% e US$ 26.97 milhões), têxtil (-35,50% e US$ 1.09 milhão), mobiliário (-21,82% e US$ 22 milhões) e de bebidas (-12,30% e US$ 52.14 milhões), em rol que incluiu também segmentos majoritários, como o mecânico (-0,81% e US$ 317.28). Já as divisões de “material de limpeza de velas” (+0,59% e US$ 362.436) e de couros e similares (+0,59% e US$ 3.41 milhões) pontuaram virtual estabilidade de investimentos.
Expectativas em alta
Já a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, o ICEI aponta confiança em 20 de 29 setores de todo o país, no melhor resultado mensal desde novembro de 2022. A confiança está disseminada nas pequenas (50,6 pontos) e médias empresas (50,5 pontos), mas principalmente nas grandes (53,3 pontos). Entre as regiões, a única que permanece abaixo do nível de confiança é a Sul (48,8 pontos), embora tenha registrado uma das maiores taxas de crescimento (+2,52%), juntamente com o Nordeste (+2,43% e 54,8 pontos). O indicador da região Norte diminuiu o passo (-0,75%), mas segue acima da linha divisória do otimismo (53 pontos).
Os subsetores de farmoquímicos e farmacêuticos (61,7 pontos), assim como de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (50,1 pontos) são os destaques positivos. O de informática trocou de sinal e passou para a margem de confiança, sendo acompanhado pelas divisões de calçados (52,1 pontos), produtos químicos (51,1 pontos) e vestuário e acessórios (50,9 pontos). Apenas a metalurgia (49,7 pontos) fez a transição contrária. Na outra ponta estão os segmentos de madeira (44,2 pontos), produtos de borracha (44,8 pontos), móveis (46 pontos) e minerais não-metálicos (48,4 pontos).
“Quando observamos a composição do índice de confiança, o entendimento que as condições atuais da economia estão desfavoráveis é unânime entre as regiões, entre os diferentes portes industriais e é fortemente disseminado entre os setores. O fator que tem atuado como contrapeso são as expectativas para os próximos seis meses, em particular o componente de expectativa relativo às empresas, em que o otimismo abrange todos os portes, todas as regiões e praticamente quase todos os setores”, explicou a economista da CNI, Larissa Nocko, no texto divulgado pela assessoria de imprensa da entidade empresarial.
Sazonalidade e juros
Em texto veiculado pela assessoria de imprensa da Suframa, o superintendente da autarquia, Bosco Saraiva, avaliou que a aprovação de 42 projetos industriais de implantação representa “genuíno interesse e compromisso” das empresas de investir e se instalar no PIM. “Não só a presença do nosso ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin em duas das três reuniões deste ano evidencia a importância da ZFM para o Estado Brasileiro, como também os números de projetos aprovados e de novos investimentos demonstram que o modelo continua atrativo e em boas condições de competitividade em diversos segmentos”, comemorou.
O vice-presidente da Fieam, Nelson Azevedo, considera que os Indicadores da Suframa refletem a atual situação da economia brasileira, com vendas a prazo mais onerosas e freadas por taxas de juros em “patamar elevado”. O dirigente acrescenta que alguns uns subsetores do PIM até aumentaram a produção, mas isso não se refletiu na progressão de outros números da indústria incentivada, como o de postos de trabalho.
“Esse aumento na produção foi atendido com a capacidade ociosa existente, para produzir um pouco mais. Mas, as expectativas para os próximos meses são otimistas. Historicamente, as encomendas para atender a sazonalidade do segundo semestre são maiores e a última reunião do Copom do Banco Central já reduziu a Selic, além de acenar com mais redução da taxa básica de juros nas demais reuniões, o que irá contribuir com o aumento no consumo de bens duráveis produzidos na Zona Franca de Manaus”, finalizou.