Dados divulgados ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) apontaram uma retração para grande parte dos indicadores de atividade industrial brasileira em junho. O Nuci (Nível de Utilização da Capacidade Instalada) fechou o mês com 82,3%, desaceleração de 0,2% na atividade em relação a maio, quando o índice foi de 82,5%. No entanto, a queda não deve gerar grandes impactos para a indústria do Amazonas, conforme entidades do setor ouvidas pelo Jornal do Commercio.
“A variação do Nuci entre maio e junho deste ano pode ser considerada desprezível, nada que reduza significativamente a atividade econômica”, garantiu o economista e consultor empresarial José Laredo.
Segundo o especialista, a razão da pequena diferença entre um mês e outro se deveu a medidas ainda mais rígidas tomadas pelo governo federal para conter a inflação e a desvalorização do dólar. “Isso se deu justamente em junho, daí os reflexos já aparecerem estampados neste mês”, esclareceu.
A tranquilidade, de acordo com o assessor econômico da presidência da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Gilmar Freitas, se deve ao faturamento real, que tanto na esfera nacional como no Amazonas, continua crescendo. A pesquisa da CNI informa que houve acréscimo de 0,7% no resultado das vendas do setor na passagem de maio para junho. Em relação ao mesmo período do ano passado, o incremento foi de 5,9% quando comparado a igual período do ano passado.
Produção e empregos
Embora os dados do Amazonas nesse período ainda não tenham sido liberados pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), Freitas mostrou-se confiante. “Apresentamos em relação ao ano passado crescimento, tanto em faturamento e produção quanto nos empregos. Existem vários setores do PIM [Polo Industrial de Manaus], que apresentam grau de produção maior do que o do ano de 2010, como o setor de duas rodas e alguns produtos do setor eletroeletrônico”, argumentou.
Já o presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Componentes da Amazônia), Cristóvão Marques demonstrou preocupação. “A exportação e a concorrência desleal com os produtos importados, especialmente da China, são os fatores que podem vir a prejudicar o Polo Industrial”, explicitou.
O diretor-executivo da Fieam, Flávio Dutra concorda. “O mercado externo está se mostrando cada dia mais difícil para a indústria nacional como um todo, fruto da retração do mercado como reflexo da crise que pode se agravar”, frisou.
Para Dutra, no entanto é preciso esperar, pois de acordo com ele, por enquanto não foram sentidas consequências graves, que afetem o desempenho do PIM. “A perspectiva dos próximos meses será ditada pela reação do mercado que é o que determina o nível de produção da indústria. Vamos aguardar e torcer para uma melhoria do quadro econômico geral”, finalizou.