4 de outubro de 2024

Indústria do PIM deve faturar US$ 30,68 bilhões neste ano

A Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) estima que o PIM deve fechar o ano com faturamento em torno de US$ 30,68 bilhões, cifra que equivale a R$ 162,99 bilhões. Caso os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus confirmem esses números, nas próximas divulgações da Suframa, o parque fabril da capital amazonense terá avançado 34,03%, em dólares, e 35,26%, em reais, quando comparado aos números de 2020 (US$ 22,89 bilhões e R$ 120,5 bilhões). A previsão da entidade é manter o crescimento na escala de dois dígitos (+35,77%), em 2022.

O cálculo da Fieam é mais conservador do que o da Suframa, que chegou a estimar, no mês passado, que as vendas do PIM deveriam encerrar 2021 entre R$ 140 bilhões e R$ 145 bilhões. Vale notar que, em ambos os casos, a base de comparação foi depreciada pelos impactos econômicos da primeira onda da covid-19, em um ano em que as vacinas ainda não estavam no horizonte. O desempenho projetado pela Federação, no entanto, também é melhor do que o do último ano pré-pandemia. Em dólar, o faturamento corresponderia a uma alta de 15,95% sobre 2019 (US$ 26.46 bilhões). 

As estimativas da Fieam para a mão de obra do PIM também são positivas para este ano. A projeção é que o Polo Industrial de Manaus mantenha a média de 102 mil postos de trabalho, entre efetivos, temporários e terceirizados, conferindo incremento de 7,98% sobre o dado de 2020 (94.460). O número mais recente da Suframa indicava média de 102.555 em setembro de 2021, patamar 4,57% mais elevado do que o do mesmo mês de 2020 (98.073), sendo o sexto melhor número do ano. 

Eletroeletrônicos e informática

Nos cálculos da Fieam, o crescimento deve ser uma realidade para todos os subsetores industriais. Nos eletroeletrônicos, as estimativas apontam para elevações de 18,52%, em real (R$ 35,06 bilhões), e de 16,39%, em dólar (US$ 6,57 bilhões). Para os bens de informática, as apostas são de altas respectivas de 42,24% (R$ 44,78 bilhões) e de 40,70% (US$ 8,39 bilhões). Somando quase metade das vendas do PIM, bens de informática (US$ 5.99 bilhões e 27,36% do total) e eletroeletrônicos (mais de US$ 4.77 bilhões e 21,76% de participação) avançaram 45,22% e 18,75%, respectivamente, no acumulado de janeiro setembro de 2021. 

O subsetor de duas rodas, conforme a Fieam, deverá apresentar recuperação nas vendas, com expansão de 38,21% em moeda nacional (R$ 20,25 bilhões) e incremento de 34,99% na divisa americana (US$ 3,81 bilhões). Os dados mais recentes da Suframa apontam que o segmento totalizou US$ 2.80 bilhões em vendas, nos nove primeiros meses deste ano, crescendo 38,59% em nove meses, apesar de ter reduzido sua fatia no faturamento global do PIM, entre agosto (12,93%) e setembro (12,75%).

Mesmo linhas de produção que vinham acumulando desempenhos negativos ano a ano, devem esboçar recuperação em 2021, conforme análise da Fieam. Segmento já tradicional no PIM, o polo relojoeiro do PIM deve fechar o presente ano com faturamento de R$ 1,16 bilhão e avançar 22,09% sobre 2020. Em dólares (US$ 218,33 milhões), a expansão deve ser de 21,09%. A atividade registrou balanços negativos em moeda americana, em 2018, 2019 e 2020, mas já havia acumulado crescimento de 38,59%, na mesma divisa, entre janeiro e setembro deste ano.

As previsões são boas não apenas para os fabricantes de bens finais, mas também para a indústria intermediaria. Os termoplásticos têm faturamento estimado em 55,24% na medida em reais (R$ 13,70 bilhões) e 52,83%, em dólares (US$ 2,57 bilhões). O polo metalúrgico deve crescer 35,57% (R$ 13,25 bilhões) e 33,13% (US$ 2,49 bilhões). Para o segmento mecânico, as estimativas são de altas de 58,73% (R$ 12,52 bilhões) e de 55,34% (US$ 2,34 bilhões). Já o subsetor químico deve registrar aumentos de 41,75% (R$ 14,22 bilhões) e de 39,86% (US$ 2,68 bilhões).

Balança comercial

Em sintonia com as apostas no faturamento, produção e emprego, as expectativas para a balança comercial do PIM são igualmente positivas. No cálculo da entidade, as exportações do Polo Industrial de Manaus devem crescer 21,75% em reais (R$ 2,50 bilhões) e 19,74% em dólares (US$ 470,77 milhões. Em nove meses, as exportações totalizaram US$ 331.92 bilhões, o 25,08% a mais do que no mesmo período de 2020 (US$ 265.37 bilhões), conforme a Suframa – que indica a variação da taxa de câmbio, como um dos motores de crescimento.

Como não poderia deixar de ser, o aumento de produção e de vendas externas também é acompanhado pelo acréscimo nas importações de partes e peças para a indústria incentivada. A Fieam avalia que essa diferença deve ser de 44,77% na moeda americana (US$12,29 bilhões) e de 47,20%, na nacional (R$ 65,61 bilhões). Os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus informam que as compras do PIM no estrangeiro dispararam no acumulado até setembro, tanto em reais (+65,53% e R$ 49,84 bilhões), quanto em dólares (+60,27% e US$ 9.38 bilhões).

“Horizonte promissor”

Em texto divulgado pela Fieam, o presidente da entidade, Antonio Silva, lembra que o dado vem em meio a um ano, em que a indústria incentivada de Manaus enfrenta “uma crise sem precedentes”, embora vislumbre “um horizonte mais promissor” para o próximo ano. O dirigente lembra que a manufatura amazonense enfrentou diversos entraves, a exemplo da falta de insumos nacionais e importados, o aumento da cotação do dólar, o encarecimento “vertiginoso” dos custos de produção, o aumento dos combustíveis. Como resultado, prossegue o industrial, o setor amargou queda na oferta de produtos e desemprego, entre outros problemas.

“Em mais uma crise, desta vez agravada por fatores além dos econômicos, mas que impactaram diretamente a atividade produtiva, constatamos o poder de reação da nossa indústria local, que direcionou seus esforços na superação desses obstáculos, contando sempre com a participação positiva do poder público como um todo e das autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário”, comemorou

Antonio Silva acrescenta que, mesmo com a segunda onda, a indústria amazonense obteve índices “mais satisfatórios” e demonstrou “significativa recuperação”. “Não obstante o cenário para o próximo ano possa apresentar muitas incertezas, e seja um ano de eleições, somos otimistas.Confiamos na capacidade de superação do povo brasileiro e da melhora das condições econômicas do país”, finalizou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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