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PIB pré-covid no Amazonas mostra recuperação

PIB pré-covid no Amazonas mostra recuperação

O PIB do primeiro trimestre colocou o Amazonas como um ponto fora da curva da média nacional. Às vésperas do recrudescimento da crise da covid-19, a soma de riquezas do Estado totalizou R$ 25,615 bilhões e teve alta nominal de 4,50% sobre o mesmo período de 2019, desempenho bem melhor que o brasileiro (-0,3%). Em contraste, a performance amazonense foi 4,72% negativa ante o registro dos três últimos meses do ano passado, em uma queda bem mais acentuada do que a do Brasil (-1,50%).

Os dados foram revelados pela Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), neste domingo (14), em estudo que teve como ponto de partida a base de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para todo o país. O setor econômico que mais se sobressaiu foi o de “serviços” (que também incluiu o comércio), sendo seguido por indústria e agropecuária.

Responsáveis por 52% do PIB do Estado, comércio e serviços acumularam R$ 13,322 bilhões nos três meses iniciais de 2020, equivalendo a um incremento bruto de 5,66% sobre o desempenho em igual intervalo do ano passado. No confronto com o quatro trimestre de 2019 (R$ 13,958 bilhões), contudo, o resultado apontou para um decréscimo de 4,56%. Os números nacionais foram negativos em 0,5% e em 1,6%, respectivamente.  

Com participação de 27,96% no Produto Interno Bruto amazonense, a indústria acumulou R$ 7,124 bilhões, entre janeiro e março, correspondendo a um crescimento de 3,91% na comparação com os três meses iniciais de 2019. Houve, no entanto, um recuo de 10,26% em relação ao valor apresentado no trimestre final do ano passado (R$ 7,939 bilhões). No Brasil, por sua vez, o setor retrocedeu 0,1% no primeiro caso e 1,4%, no segundo.

Já a agropecuária teve crescimento de 2,13% na comparação do primeiro do acumulado até março com igual intervalo do ano passado, de R$ 1,457 bilhões (2019) para R$ 1,488 bilhões (2020). O confronto com os números contabilizados do trimestre final do exercício anterior (R$ 1,942 bilhão), por outro lado, apontou para um mergulho de 23,38%. O desempenho brasileiro foi positivo em ambos os casos (+1,9% e +0,6%).

Recuperação e crise

O titular da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jório Veiga, avalia que a economia do Amazonas foi pouco afetada no primeiro trimestre, uma vez que “as coisas só começaram a parar na segunda quinzena de março”, e que o mercado vinha aquecido e em “franca recuperação” na maior parte do período, com mais confiança da população e dos empresários.

“A partir do fim de março, começou a paralização de muitos negócios, mantendo apenas os essenciais. O resto do mês foi, no caso das indústrias, para atender encomendas já comprometidas e, no comércio e serviços, já de retração. A partir de abril, e por todo o segundo trimestre, temos um grande impacto. Muitas encomendas à indústria foram canceladas, algumas empresas pararam suas produções porque não lhes chegou insumos e seus estoques esgotaram. Outras, pararam porque não tinham mais encomendas e mantinham altos estoques”, lembrou.

O secretario estadual observa que, com a aceleração do comércio eletrônico em maio e junho, as encomendas para o varejo em todo o país voltaram, embora com menores quantidades. Em paralelo, os insumos começaram a chegar também, levando a um ajuste de produção e estoque. “Por tudo isso, como aproximadamente 75 dos 90 dias do primeiro trimestre foram muito bem, o efeito sentido ainda foi pequeno”, completou.

Indagado sobre a retração acima da média para o PIB amazonense, nos trimestres da virada do ano, Jório Veiga salienta que o número ocorre muito em função da sazonalidade, que concentra a maior parte da atividade econômica no fim de ano, em detrimento do começo – marcado por arrefecimento e pagamento de contas. Crises políticas internas e fatores internacionais também teriam afetado mais o Estado, que sua economia lastreada na indústria de bens de consumo.  

“No primeiro trimestre ocorrem férias coletivas e ajustes de estoques, já que as vendas para o fim do ano são altas. Isso em uma análise mais simplista. No Brasil, as condições políticas tem se acirrado desde o ano passado e essa insegurança tem reduzido algumas atividades. Além disso, nosso comércio internacional reduziu em função das condições na China, que foram piores ao longo do primeiro trimestre. A crise da excessiva oferta do petróleo, com preços muito baixos e redução de investimentos nessa área, também cobrou seu preço”, listou.

Políticas e cadeias

O titular da Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), Petrúcio Magalhães Júnior, atribui o crescimento do PIB da agropecuária na comparação ao ano passado principalmente à produção de grãos no Sul do Amazonas, bem como ao vigor “em plena expansão” da piscicultura e da pecuária – que recentemente teve o reconhecimento de 13 municípios como áreas livres de febre aftosa sem vacinação.

“Ao meu ver, o resultado do crescimento do PIB do setor agropecuário no Amazonas é fruto das políticas públicas adotadas pelo Plano Safra 2019/2020 do governo do Estado, que tem buscado investir em novas matrizes econômicas, em cadeias produtivas regionais e na interiorização do desenvolvimento sustentável. Os produtores rurais estão confiando, se profissionalizando e investindo mais no setor”, afiançou.

Sobre a retração em relação ao trimestre anterior, Petrúcio Magalhães Júnior, ressaltou que, embora a agropecuária do Amazonas não tenha parado durante a pandemia, e tenha crescido no geral, algumas cadeias produtivas foram afetadas com o fechamento de hotéis, restaurantes e lanchonetes, entre outros segmentos que consomem frutas e verduras. “Além disso, a logística complexa em nosso Estado também pode ter afetado e causado retração”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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