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PIB nacional encolhe 0,1% no 2º trimestre

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O PIB nacional encolheu 0,1% na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano, totalizando R$ 2,1 trilhões, em valores correntes, conforme divulgado pelo IBGE, nesta quarta (1º). O órgão considerou que o resultado indicou “estabilidade”, ao interromper uma sequencia de três trimestres seguidos de crescimento. O desempenho foi impactado do dado negativo da agropecuária (-2,8%) e da indústria (-0,2%), em contraste com a alta relativa dos serviços (+0,7%) – que é majoritário na composição do indicador. Os investimentos foram maiores, mas o consumo das famílias mergulhou.

A economia brasileira cresceu 12,4% em relação ao mesmo período de 2020, avançou 6,4% no primeiro semestre e acumula alta de 1,8% em quatro trimestres. A perda de fôlego no segundo trimestre de 2021 não foi suficiente para tirar o PIB do patamar pré-pandemia. Mas, a soma de produtos e serviços produzidos pelo país ainda está 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica – alcançado no primeiro trimestre de 2014.

Os números vieram abaixo do esperado pelo mercado, que já está precificando o resultado em avaliações mais tímidas para o PIB do fim de ano. Ainda não foram divulgados os dados dos Estados, mas lideranças classistas ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio demonstram otimismo para o período, assim como para o segundo semestre, apesar dos obstáculos conferidos pelo desabastecimento de insumos, câmbio, inflação, juros e crise energética.

Segundo o IBGE, o consumo das famílias ficou estagnado (0,0%) entre o primeiro e o segundo trimestres. O desempenho também foi negativo no PIB anualizado (-0,4%). Mas, em relação ao mesmo trimestre de 2020, o dado foi positivo em 10,8%, dado o “efeito base”, além dos programas de apoio ao aumento do crédito a pessoas físicas, apesar da alta dos juros e da inflação, que teriam limitando a influência positiva da melhora relativa no mercado de trabalho – e depreciando a massa salarial. 

O consumo do governo (+0,7%), por outro lado, foi na direção contrária na variação trimestral. O mesmo se deu em relação a igual intervalo de 2020 (+4,2%), mas não no PIB anualizado (-2,6%). Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) recuaram 3,6% em relação ao primeiro trimestre, mas cresceram 32,9% na variação anual, em razão de resultados positivos da produção interna e importação de bens de capital, além da construção. Em 12 meses, o incremento foi de 12,8%.

Inflação e empregos

Nos serviços, que contribuem com mais de 70% do PIB, os resultados positivos vieram dos subsetores de informação e comunicação (+5,6%), “outras atividades de serviços” (+2,1%), comércio (+0,5%), atividades imobiliárias (+0,4%), atividades financeiras, seguros e serviços relacionados (+0,3%) e transporte, armazenagem e correio (+0,1%), mas o grupo que reúne administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social estagnou. O setor expandiu 10,8% na variação anual, mas ainda está abaixo do patamar pré-pandemia.

O presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, salienta que o setor de serviços vem ganhando força nos últimos meses, em virtude de ter sido o último a ter suas restrições de isolamento social flexibilizadas pelo governo estadual. O dirigente ressalva que vários obstáculos prejudicaram uma retomada mais plena, como desabastecimento nas cadeias produtivas da indústria e falta de navios, entre outros.

“Mas, o certo é que esses fatores estão começando a se acomodar, embora a gente ainda tenha os atropelos dos aumentos da inflação pela energia elétrica e combustíveis. Mas, a expectativa é que vamos ter um crescimento mais estável e menos conturbado, neste segundo semestre. Nossa perspectiva é positiva, porque há crescimento no número de postos de trabalho e, apesar de todas as dificuldades, a arrecadação de ICMS demonstra que o comércio está vivo e está começando a se recuperar, traduzido em compras para abastecimento, especialmente para as festas de fim de ano”, amenizou. 

Inverno e cheias

Na agropecuária, o recuo trimestral foi puxado pelas taxas negativas do café (-21%), do algodão (-16,7%) e do milho (-11,3%), em detrimento das altas na soja (+9,8%) e no arroz (+4,1%). Segundo o IBGE, a agropecuária ficou negativa justamente porque a safra do café entrou no cálculo, já que esta encontra-se em período de entressafra. Em relação ao segundo trimestre de 2020, houve aumento de 1,3% e, no primeiro semestre, a alta chegou a 3,3% – mas, o órgão de pesquisa destaca que a base de comparação é baixa.

Para o presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, o desempenho negativo do setor se deve principalmente ao efeito do “inverno rigoroso” em regiões produtoras de “algumas culturas agrícolas”. De acordo com o dirigente, a expectativa é que, passados os eventos climáticos adversos, a produção deve retomar sua normalidade.

Lourenço lembra que o Amazonas apresenta um cesto de produtos e condições climáticas diferenciadas, o que pode contribuir para um resultado diferente para o PIB local. “Nossa expectativa é que esse desempenho negativo não se reproduza em nosso Estado, por não termos sido atingidos pelo inverno forte. Mas, isso pode ser dito em relação às culturas de terra firme, porque tivemos a maior cheia de nossa historia, no período, e esta atingiu as áreas de várzea”, ponderou.

Falta de insumos

Na indústria (-0,2%), a retração foi puxada principalmente pelas indústrias de transformação (-2,2%) e das atividades de eletricidade e gás, água, esgoto, e gestão de resíduos (-0,9%). Indústrias extrativas (+5,3%) e construção (+2,7%) foram na direção contrária. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o setor escalou 17,8% e, no semestre, subiu 10%. Na análise do IBGE, a indústria de transformação foi impactada pela falta de insumos nas cadeias produtivas. Na atividade de energia elétrica, o vilão teria sido o aumento no custo de produção, por conta da crise hídrica.

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, assinalou que, embora o PIM siga em rota de “retomada contínua” da produção e com expectativa de um segundo semestre de “bons números”, a indústria ainda sofre com a escassez de insumos, o que pode inibir maior crescimento, apesar da retomada gradativa da atividade econômica.

“Os números podem ser explicados pelo efeito da escassez de insumos, os quais também já são sentidos pelo Polo Industrial de Manaus. Os semicondutores, e mesmo o ferro e aço, encontram-se em falta em nível mundial, e não somente nacional, o que tem impactado diretamente no fluxo produtivo. As curvas de oferta e demanda encontram-se em dissonância, em razão da pandemia. Esse é um cenário que ainda deve se arrastar ao longo do segundo semestre de 2021”, arrematou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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