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PIB do Amazonas recua 7,9% no segundo trimestre

PIB do Amazonas recua 7,9% no segundo trimestre

Sob o impacto econômico da pandemia e do isolamento social, o PIB do Amazonas registrou queda recorde no segundo trimestre, mas caiu com menos força do que o PIB nacional. A soma dos bens e serviços produzidos no Estado totalizou R$ 23,478 bilhões no período e sofreu recuo nominal de 7,95% em relação ao mesmo período de 2019 (R$ 25,507 bilhões). Em relação ao trimestre anterior (R$ 25,615 bilhões), a queda foi de 8,34%. Descontada a inflação, as retrações foram de 9,88% e de 7,95%, respectivamente.

Em paralelo, o PIB brasileiro do segundo semestre de 2020 (R$ 1,653 trilhão) mergulhou mais fundo e ficou 9,7% abaixo da marca do trimestre anterior e 11,4% aquém do registro do mesmo período de 2019. Em ambos os casos, foi a segunda queda trimestral seguida e o menor resultado desde o início da série histórica. Os dados regionais foram compilados pela Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), a partir da base disponibilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Os números do Amazonas foram puxados para baixo por agropecuária, impostos e indústria. A primeira tombou 10,05% entre o segundo trimestre de 2019 (R$ 1,516 bilhão) e o mesmo período deste ano (R$ 1,364 bilhão) e encolheu 8,33% ante o acumulado de janeiro a março de 2020 (R$ 1,488 bilhão). A segunda (R$ 3.374 bilhões) sofreu retrações respectivas de 9,69% e de 8,34%. 

Com maior participação no bolo, a manufatura amazonense (R$ 6,529 bilhões) amargou quedas de 8,48% sobre o segundo trimestre de 2019 (R$ 7,314 bilhões) e de 8,35% ante o trimestre anterior deste ano (R$ 7,124 bilhões). Construção civil (-26,23%), serviços industriais de utilidade pública (-12,39%) e indústria de transformação (-6,62%) puxaram os números para baixo, na comparação com 2019.

Majoritário no bolo, o setor de serviços – que inclui também o comércio – sofreu decréscimo de 8,35% na comparação do segundo (R$ 12,210 bilhões) com o primeiro trimestre deste ano (R$ 13,322 bilhões). Em relação ao mesmo acumulado de abril a junho de 2019 (R$ 13,120 bilhões), o desempenho foi comparativamente menos pior (-6,93%). Os piores desempenhos na variação anual vieram de atividades profissionais (-10,12%), informação e comunicação (-9,93%), serviços domésticos (-9,13%) e alojamento e alimentação (-9,03%). O comércio, por sua vez, desabou 8,66%.

Em nível de comparação, a queda livre do PIB nacional foi puxada pelas retrações históricas em indústria (-12,3%) – especialmente a indústria de transformação (-17,5%) e a construção (-5,7%) – e de serviços (-9,7%) – com destaque para “outras atividades de serviços” (-19,8%), que engloba os serviços prestados às famílias. Ambos os setores respondem por 95% das riquezas produzidas no país. A agropecuária foi no sentido contrario e avançou 0,4%, impulsionada principalmente pela produção de soja e café. 

Agronegócio e indústria

No entendimento do titular da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jório Veiga, o resultado comparativamente melhor do que o do PIB brasileiro não implica necessariamente em uma situação mais confortável para o Estado, dada a sua excessiva dependência do setor industrial – e, consequentemente, da ZFM – para gerar receitas, renda e emprego.

“Entendo que [o PIB do Amazonas] ficou em linha com o da maioria dos Estados, especialmente aqueles em que o agronegócio não é tão relevante, que é o nosso caso. Nós dependemos muito da indústria, que vende para todo o país. No segundo trimestre foi o período de maior recolhimento é isso causou uma baixa expressiva. De toda forma, a expectativa é boa para os próximos trimestres, de recuperação e posicionamento para um 2021 bem melhor que o corrente ano”, ponderou.

“Realidade inquestionável”

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, avalia que os números apresentam uma “realidade inquestionável” da crise econômica que se agravou justamente no segundo trimestre do ano. “Por tudo que já falamos sobre as consequências da pandemia, devemos considerar que, em termos proporcionais, felizmente, a queda do PIB do Amazonas no segundo trimestre foi menor que a do país como um todo”, amenizou.

Segundo o dirigente, a perspectiva do setor para o terceiro e quarto trimestres são “bastante positivas”, fundamentada nos índices positivos das variáveis econômicas registrados em julho e agosto, e com “provável continuação” em setembro e até o final do ano. “Deveremos ter chances concretas de descontar uma grande parte das perdas acontecidas, se Deus assim permitir”, asseverou.

“Momento de repensar”

Em depoimentos anteriores ao Jornal do Commercio, o presidente em exercício da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Amazonas), Aderson Frota, reforçou que, embora ainda sofra efeitos dos meses mais duros da pandemia, pela perda de empregos e empresas, o setor vêm recuperando gradativamente as vendas, embora encontre-se em “situação atípica”, em virtude da escalada do dólar e do desabastecimento.

“Realmente, foi um momento muito tenso, porque o comércio passou mais de 100 dias fechado. Em torno de 94% das nossas lojas estavam assim. Em junho, tivemos crescimento expressivo, demonstrando que a reabertura foi positiva. Essa retomada acontece apenas em função de uma demanda reprimida e talvez seja um momento para repensar”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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