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PIB do Amazonas em março aponta para recuperação

Depois de retomar o fôlego no mês anterior, a prévia do PIB do Amazonas avançou em 4,15% entre fevereiro e março, na série com ajuste sazonal. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a alta foi de 7,91%, registrados quando a crise da segunda onda cedia espaço à flexibilização das normas dos decretos para o isolamento social, os números foram melhores do que os do mês anterior (+2,39% e -2,69%). Mas, ainda foram insuficientes para repor as perdas de janeiro, mantendo o trimestre no vermelho (-0,56%). Os respectivos números brasileiros foram no acumulado (-1,59%, +6,26% e +2,27%). 

Os dados são do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central). Visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB, o indicador do Banco Central é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica e ajuda a autoridade monetária a decidir sobre a taxa básica de juros, além de ajudar investidores e empresas a adotarem medidas de curto prazo. A metodologia é diferente da empregada pelo IBGE, que calcula o PIB brasileiro – e cuja divulgação nacional está prevista para o dia 1º de junho.

O índice registrou 168,26 pontos do Amazonas, conforme a série histórica do BC. Foi o melhor dado desde outubro (169,05 pontos) e setembro (168,76 pontos) de 2020, período anterior à segunda onda, e de aquecimento da indústria e do comércio para as vendas de fim de ano. Na média móvel trimestral, a prévia do PIB amazonense encolheu 5,25%, na comparação do aglutinado de janeiro a março de 2021 com os três meses finais de 2020. No acumulado de 12 meses, a retração foi de 1,11%. Em contraste, a média nacional cresceu 2,3%, no primeiro caso, e encolheu 3,37%, no segundo.

O indicador oficial do IBGE informa que o PIB brasileiro diminuiu 4,1% ao final de 2020, totalizando R$ 7,4 trilhões. Foi a maior queda anual da série do órgão federal de pesquisa, iniciada em 1996 e que interrompeu o crescimento de três anos seguidos, de 2017 a 2019, quando o PIB acumulou alta de 4,6%.

PIB brasileiro diminuiu 4,1% ao final de 2020
Foto: Divulgação

Setores e arrecadação

Embora incorpore dados sobre indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos, o cálculo do BC não informa o desempenho de cada um. Números do IBGE referentes ao período, no entanto, já haviam apontado um ensaio de retomada na maior parte das atividades econômicas amazonenses. Ao mesmo tempo, as oscilações começavam a ceder espaço para o crescimento nas arrecadações tributárias da Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda) e da Receita Federal.

A produção industrial do Estado voltou ao campo positivo em praticamente todas as comparações, no terceiro mês de 2021. A atividade avançou 7,8%, na passagem de fevereiro para março deste ano, e ficou 22,5% acima do patamar de março de 2020 – contra -0,7% e -9,9%, no levantamento anterior. Com isso, a indústria amazonense conseguiu voltar ao azul no desempenho do primeiro trimestre (+0,3%), mas ainda ficou devendo no acumulado dos últimos 12 meses (-5,2%). 

O comércio varejista amazonense avançou 14,9%, na passagem de fevereiro para março de 2021, em um movimento pouco abaixo do acréscimo do mês anterior (+15,6%). Em relação ao resultado de março do ano passado, o volume de vendas do setor subiu com mais força e chegou aos 22%. O acumulado do ano ainda ficou negativo (-7,7%), o que não ocorreu com o aglutinado dos últimos 12 meses (+4,2%). 

O volume de serviços no Estado subiu 0,8% entre fevereiro e março de 2021, em desempenho abaixo do capturado no levantamento anterior (+1,5%). No confronto com o mesmo mês do ano passado, a alta de dois dígitos apresentada 30 dias antes (+10,7%) deu lugar para um incremento de 6,7%. O desempenho do terceiro mês do ano permitiu a atividade reforçar a expansão no trimestre (+6,3%) e repor o acumulado dos 12 meses (+0,8%) no campo positivo. 

Os dados da Sefaz, por sua vez, indicam que a receita tributária estadual retomou força em março. O volume de impostos, taxas e contribuições somou R$ 1,073 bilhão e foi 6,45% superior a fevereiro de 2021 (R$ 1,008 bilhão). O confronto com março de 2020 (R$ 936,36 milhões), por sua vez, apontou para uma elevação nominal de 14,60%. A indústria (R$ 456,57 milhões) respondeu pela maior parte do bolo arrecadado pelo fisco estadual, enquanto o comércio (R$ 407,01 milhões) caiu para a segunda posição, ante as dificuldades criadas pela segunda onda. Os serviços (R$ 83,30 milhões) vieram na sequência. 

Já o volume de impostos e contribuições federais geridas localmente subiu 4,96% nominais, entre fevereiro (R$ 1,41 bilhão) e março (R$ 1,48 bilhão), além de ficar 23,83% acima do patamar de 12 meses atrás (R$ 1,19 bilhão). O recolhimento ainda sustentou elevação de 8,97% no trimestre, de R$ 4,22 bilhões (2020) para R$ 4,60 bilhões (2021). Descontada a inflação do IPCA, as variações anual (+16,71%) e acumulada (+3,54%) também ficaram positivas. Apenas dois dos 11 tributos administrados pela Receita no Amazonas recuaram, na variação anual.  

“Picos sazonais”

Indagado a respeito dos números, o presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas), Marcus Evangelista, avalia que as incertezas nos campos sanitário, econômico e político dão pouca margem para projeções de curto prazo. O economista reforça a avaliação, a despeito do retorno tardio dos estímulos econômicos anticíclicos e, especialmente, diante do atual ambiente de oscilações no processo de vacinação. 

“Ainda estamos em um momento de ajuste, em que a possibilidade de uma terceira onda acaba comprometendo qualquer projeção futura. A confiança do consumidor só deve avançar, de fato, após a imunização em massa. Enquanto isso, teremos picos de consumo sazonais, impulsionados pelas datas comemorativas, causando grande oscilação nos indicadores de desempenho. Ficamos no meio desse redemoinho econômico e político, em que as empresas saem perdendo, pois o acesso ao crédito se torna mais difícil a cada dia que passa”, encerrou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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