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PIB do Amazonas apresenta recuperação em setembro

PIB do Amazonas apresenta recuperação em setembro

A prévia do PIB de setembro reposicionou o Amazonas com números superiores aos da média brasileira. O Estado avançou 3,68% ante agosto, em marcha mais acelerada do que a do mês anterior (+2,26%). Subiu com mais força (+3,97%) na comparação com o mesmo mês de 2019 – revertendo a queda de agosto (-1,19%). A performance não foi forte o suficiente para reverter as perdas da pandemia e tirar o acumulado do vermelho (-4,43%). Os respectivos números nacionais foram +1,29%; -0,77% e -4,93%.  

O mesmo se deu no comparativo trimestral. Marcado pela reabertura das lojas e pelo retorno das atividades do PIM, o terceiro trimestre registrou uma escalada de 26,72% em relação ao segundo trimestre de 2020 – período de pico da pandemia e de medidas de isolamento social para conter o contágio pela covid-19. O desempenho também seguiu 1,48% acima do apresentado no terceiro trimestre de 2019 – uma base de comparação não tão fraca. Os desempenhos da média brasileira foram +9,47% e -3%, respectivamente. 

Os dados são do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central). Visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB, o indicador é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica e ajuda a autoridade monetária a decidir sobre a taxa básica de juros, além de ajudar investidores e empresas a adotarem medidas de curto prazo. A metodologia é diferente da empregada pelo IBGE, que calcula o PIB brasileiro.

Desde abril, quando atingiu seu nível mais baixo, o IBC-Br do Amazonas segue positivo, sendo que setembro assinalou a quinta alta consecutiva do indicador. Embora incorpore dados sobre os setores da indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos, o cálculo do BC não informa o desempenho de cada um. Dados do IBGE, por outro lado, já haviam apontado a continuidade do processo de recuperação da economia amazonense, em setembro, com reflexos positivos também na arrecadação estadual, segundo a Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda).

Setores e arrecadação

A indústria amazonense aumentou a marcha, e avançou 5,8%, na passagem de agosto para setembro de 2020. A atividade também fechou novamente no azul na comparação com o mesmo mês de 2019 (+14,2%), com performance foi muito superior à da pesquisa anterior (+0,3%). Os acumulados do ano (-10,6%) e dos últimos 12 meses (-5,7%), por sua vez, seguem devendo.

Em paralelo, o varejo do Amazonas escalou 13,4% no volume de vendas, em relação a setembro do ano passado. Mas, perdeu força na variação mensal, retrocedendo 2,5% ante agosto de 2020, revertendo a modesta alta do mês anterior (+0,7%). Pela terceira vez, desde a eclosão da crise da covid-19 no Estado, o setor fechou o acumulado do ano no azul (+5,7%), além de se manter ascendente no aglutinado dos 12 últimos meses (+7%). 

Já o volume de serviços subiu 5,4% frente a agosto de 2020, o dobro da sondagem antecedente (+2,7%). No confronto com setembro de 2019, a trajetória entrou em terreno positivo, com elevação de 8,4%, amortizando o recuo de 0,3% de 30 dias antes. Faltou pouco para tirar o acumulado do ano (-0,6%) do vermelho, ao passo que o aglutinado de 12 meses cresceu 1,2%. 

Dados da Sefaz, por outro lado, indicam que a receita tributária estadual alcançou o maior incremento mensal do ano em setembro, superando os níveis pré-pandemia. A soma de impostos, taxas e contribuições totalizou R$ 1,18 bilhão, com 5,88% a mais do que em agosto de 2020 (R$ 1,02 bilhão) e alta de 20,21% sobre setembro de 2019 (R$ 981,62 milhões). O Amazonas voltou a se segurar no azul (+6,67%) no acumulado, com R$ 8,61 bilhões (2020) contra R$ 8,07 bilhões (2019).

Pico e aperto

O presidente do Sindicato dos Economistas do Amazonas, Marcus Evangelista, diz que os números já eram esperados, uma vez que setembro marca o início do “pico de produção” das fábricas do PIM para atender à demanda dos grandes atacadistas por bens de consumo voltados para as festas de fim de ano. O economista lembra que a maioria das fábricas teve incremento de produção e avalia que há expectativa de que esse movimento seja “perene” em 2021, embora isso dependa de um refluxo da pandemia. 

“Quando temos esses indicadores no Polo, isso é reflexo dos outros setores da economia. No momento em que o comércio começa a vender, passa a disparar pedidos para as fabricas, que contratam e geram renda. Uma coisa puxa a outra. Mas, o que vai definir realmente a continuidade desse processo é a vacina, que pode trazer confiança para a sociedade voltar a seu ritmo normal, assim como a economia”, mensurou.

Indagado sobre a contagem regressiva para os estímulos federais anticíclicos e seus efeitos na retomada, Evangelista pondera que o governo federal deve passar “um aperto” para manter o fomento emergencial. “Deve haver substituição por outra linha, com uma operação de microcrédito de R$ 1.000 a R$ 5.000. Não sabemos ainda como vai funcionar, já que grande parte das pessoas se encontra negativada. Se os bancos exigirem Serasa limpo, automaticamente milhares ficarão sem o benefício”, alertou.  

“Recuperação sustentada”

O titular da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jório Veiga, observa que o desempenho da economia amazonense é muito ligado ao funcionamento do comércio no resto do país. O secretário estadual lembra ainda que, com a estabilidade e redução dos casos de covid-19 “à vista”, mais atividades foram sendo retomadas, sendo que os preparativos para o Black Friday também ajudaram a coroar a demanda.

“Com mais vendas na indústria do Amazonas, os demais setores são beneficiados, como comércio e serviços. Nossa expectativa para o fim do ano é de uma recuperação sustentada, mas ainda abaixo do PIB do ano anterior. Não vamos ter a queda de 6% ou 7% anteriormente esperada, mas algo em torno de 3% a 4% negativos”, ponderou. 

Sobre 2021, Jório Veiga ressalta que o panorama ainda não está bem definido, dadas as indefinições em torno das reformas Administrativa e Tributária e da vacina para a covid-19. “Não vai dar para resolver tudo, mas começa a haver mais confiança no futuro. Por outro lado, tem a diminuição do auxílio emergencial, que deixa de existir, e entra outro programa. Mas, imagino um crescimento de mais de 2% no ano. É pouco, mas melhor que uma retração”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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