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PIB brasileiro avançou no 1º tri

Diferente do esperado, o PIB brasileiro avançou no primeiro trimestre, ao somar R$ 2,249 trilhões em valores correntes, sendo puxado mais uma vez pelos serviços. O crescimento foi de 1%, em relação aos três últimos meses de 2021, sendo o terceiro dado positivo seguido nesse tipo de comparação. A economia brasileira também teve expansão de 1,7% no confronto com igual período do ano passado, além de incremento de 4,7% no acumulado de 12 meses. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, do IBGE.

A boa notícia é que o PIB superou em 1,6% o parâmetro pré-pandemia do último trimestre de 2019, embora ainda tenha ficado 1,7% aquém do pico da série histórica, registrado no primeiro trimestre de 2014. A má é que o desempenho foi impulsionado quase que exclusivamente pelo setor de serviços. Na outra ponta, a indústria estagnou e a agropecuária e a taxa de investimentos global encolheram em todas as comparações.

Em síntese, o consumo das famílias cresceu 0,7%, enquanto o do governo ficou estatisticamente estável (+0,1%). Em relação a igual intervalo de 2021, foram registradas altas respectivas de 2,2% e de 3,3%. Já a chamada “formação bruta de capital fixo”, que corresponde aos investimentos, retrocedeu 3,5% na variação trimestral, impactada pela diminuição na produção e importação de bens de capital, a despeito do crescimento da construção. O tombo anual foi de 7,2%. A taxa de investimento correspondeu a 18,7% do PIB, ficando abaixo da marca do período do ano passado (19,7%).

Comércio e serviços

Os serviços alavancaram a economia brasileira, enquanto o comércio –que aparece como um de seus subsetores –oscilou. O setor de serviços, que representa 70% do PIB do país, subiu 1% na base trimestral. A performance positiva ocorreu em sintonia com o refluxo da pandemia em todo o país –apesar do repique de curta duração da ômicron –e com o consequente retorno gradual das atividades presenciais. Os melhores números vieram de “outros serviços” (+2,2%) –que comporta muitos serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação –e de transporte, armazenagem e correio (+2,1%).

Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o avanço foi de 3,7%. Os destaques foram “outros serviços” (+12,6%), transporte, armazenagem e correio (+9,4%), informação e comunicação (+5,5%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (+2,9%) e atividades Imobiliárias (+0,3%). Os dados negativos vieram de atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-1,6%) e do comércio (-1,5%).

O presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota, destaca que a economia ainda passa por uma série de dificuldades, tanto internas quanto externas, incluindo a guerra na Ucrânia e os rescaldos da pandemia. “Apesar de termos alguns resultados positivos, eles ainda são pífios. Não obstante, o que se sente é uma estabilidade, embora o mercado de trabalho também não reaja como esperado. Os custos e juros dispararam, vitimando o consumidor. Ainda atravessamos um período de instabilidades, mas esperamos sair desse momento difícil no segundo semestre”, ponderou.

Indústria e agropecuária

Na indústria, houve estabilidade (+0,1%) ante o trimestre anterior. O maior avanço veio de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (+6,6%) e a única queda foi das indústrias extrativas (-3,4%). A Indústria da transformação –na qual se insere o PIM –teve alta (1,4%). A comparação com o primeiro trimestre de 2021, apontou diminuição de 1,5% no PIB industrial e um tombo de 4,7% para a indústria da transformação. Os segmentos de máquinas e aparelhos elétricos, produtos de metal, produtos de borracha e material plástico, indústria moveleira e farmacêutica puxaram a baixa. 

O presidente da Fieam, Antonio Silva, assinala que o resultado já era esperado e ressalva que a indústria de transformação apresentou alta trimestral, a despeito de outros resultados negativos no setor. “Os indicadores do Amazonas devem acompanhar o desempenho nacional. Mesmo diante dos problemas sistemáticos enfrentados pela indústria local, temos trabalhado dentro de um cenário de razoável estabilidade. Há que se considerar que esses indicadores podem sofrer leves inflexões nos meses subsequentes”, avaliou.

A agropecuária, por sua vez, recuou 0,9% no trimestre. Segundo o IBGE, a principal influência veio da estiagem no Sul, que reduziu a produção de soja. A variação anual foi ainda mais negativa para a atividade rural brasileira, com queda de 8%. Os impactos negativos vieram não apenas da soja, mas também do arroz.

Investimento em questão

A conselheira do Corecon-AM, ex-vice-presidente da entidade, e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, concorda que os serviços foram favorecidos pelo retorno das atividades e pela demanda reprimida, e avalia que os resultados positivos de comércio e serviços devem permanecer nos próximos meses. A economista considera ainda que a indústria já se apresenta em patamar de equilíbrio e deve permanecer assim.

“Observamos números crescentes em relação ao consumo das famílias, mesmo em cenário inflacionário e de perda aquisitiva dos salários. Porém, o investimento público ainda é insuficiente e é determinante para a retomada das atividades econômicas em todas as regiões do país. O Amazonas, por ter base econômica na industrialização, ainda sofre os efeitos da desorganização da cadeia de suprimentos ocasionada pela pandemia e pelo conflito na Ucrânia. Mas, observamos que as empresas aqui instaladas buscam alternativas para continuarem produzindo e gerando emprego”, frisou.

A economista, consultora e professora, Denise Kassama, ressalta, por outro lado, que o crescimento do primeiro trimestre pode ter posicionado o PIB em um patamar acima do período pré-pandemia, mas o resultado brasileiro ficou aquém da média da América Latina. A situação do Amazonas nos próximos meses, por outro lado, seria fonte de maiores preocupações, em razão da “luta do IPI” e dos efeitos da alta dos combustíveis nos custos logísticos, em uma região muito dependente de fretes.

“Foi muito pouco. É natural que os serviços tenham puxado, em função da redução das restrições da pandemia. Não cresce mais porque temos uma inflação muito alta. Preocupa essa situação da indústria estagnada, porque o setor já deveria estar melhor, em vista da produção para o Natal. É um sinal de que a economia está rodando de forma muito vagarosa. Faltam políticas públicas que valorizem a indústria nacional e este ano é atípico, por conta das eleições”, asseverou.

Já o consultor empresarial, professor universitário e também conselheiro do Corecon, Francisco de Assis Mourão Júnior, diz que o aumento do PIB foi “considerável” e avalia que sua sustentação pelos serviços e consumo das famílias foi favorecido também pelas liberações de recursos do FGTS, além da efetivação do Auxílio Brasil. “O que me deixa preocupado é a estagnação da indústria. Temos de ver o resultado semestral para  ver como o setor vai reagir”, concluiu. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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