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Pesquisadores da UEA criam sistema para medir a qualidade do ar que respiramos

Selva é o inédito Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental desenvolvido por pesquisadores da Escola Superior de Tecnologia da UEA capaz de monitorar por um baixo custo a qualidade do ar que respiramos, além da ocorrência de queimadas. O Sistema é construído com sensores de qualidade do ar, montados pelos próprios pesquisadores da UEA, conectados a satélites ambientais e de estimativas de modelos numéricos de qualidade do ar. Os coordenadores do projeto são os professores Igor Oliveira Ribeiro e Rodrigo Augusto Souza, que deu maiores detalhes do Selva ao Jornal do Commercio.

Jornal do Commercio: O Selva é uma invenção inédita ou foi idealizado a partir de algo que já existe?

Rodrigo Augusto: O ineditismo está na forma simples de entregar a informação sobre a qualidade do ar, utilizando como referência os limiares sugeridos na Resolução vigente do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), de 2018, sobre padrões de qualidade do ar. Ao abrir a plataforma Selva o cidadão observa o mapa sobre qualidade do ar com valores da concentração de material particulado fino na atmosfera em tons de cores (do verde para o vermelho, passando pelo amarelo, onde o verde indica boa qualidade do ar e o vermelho indica um ar poluído). Esta é a primeira plataforma com foco em monitoramento de qualidade do ar na nossa região, pública e acessível. Estamos em fase de desenvolvimento da versão 2.0 e nossa intenção é trazer ainda mais funcionalidades, dashboards exclusivos para alguns nichos da sociedade (indústria, escolas, secretarias de governo, entre outros setores).

JC: Quais os lugares indicados para se instalar o aparelho?

RA: Pelo fato de o projeto ter um viés para o ensino de ciências da natureza, escolhemos cinco escolas de Manaus para iniciarmos o monitoramento da qualidade do ar. Mas o Selva pode ser instalado em qualquer local. Hoje a sociedade não tem dados para entender como estamos expostos à poluição do ar. Desta forma, podemos ter um mapeamento das áreas onde há necessidade de maior atenção para a melhoria da qualidade do ar e damos a capacidade aos cidadãos de se tornarem cientistas que coletam dados de qualidade do ar e os compartilham com toda a população.

JC: Explique como o Selva funciona?

RA: A plataforma Selva e os sensores de baixo custo vêm para tornar o invisível, visível. Nem sempre pensamos no fato de que respiramos cerca de 20 kg de ar todos os dias. Nesta primeira fase do projeto, o Selva monitora a ocorrência de focos de calor, descargas elétricas, tempestades e concentração de material particulado fino com base em sensores de qualidade do ar de baixo custo, dados de satélites ambientais e estimativas de modelos numéricos de qualidade do ar. Essas informações ficam disponíveis na plataforma, de forma pública. Estamos em desenvolvimento de novas funcionalidades, uma delas é que a plataforma seja capaz de enviar alertas para os usuários cadastrados.

JC: Como essas informações são disponibilizadas?

RA: Atualmente, as informações são processadas em nuvem e disponibilizadas em mapas interativos, gráficos, entre outras informações, no endereço eletrônico do Selva (www.appselva.com.br). Estamos em busca de novos investimentos para fazer a versão de aplicativo mobile para celulares, ampliando também algumas funcionalidades.

JC: Vocês recebem dados de satélites e estimativas de modelos numéricos de qualidade do ar de quem?

 Igor Oliveira e Rodrigo Augusto precisam de investidores para popularizar seu invento

RA: O sistema foi montado para consultar e processar em tempo quase real as bases de dados de satélites ambientais da Nasa, para queimadas, tempestades e descargas elétricas, e do Centro Europeu de Previsão de Tempo para a modelagem da qualidade do ar. Ao mesmo tempo, temos os sensores de baixo custo produzidos pela nossa equipe de pesquisa, instalados em superfície para monitorar a qualidade do ar local e transmitirem os dados direto para a plataforma Selva via internet.

JC: O Selva, instalado numa via movimentada, por exemplo, vai medir a qualidade do ar. Se essa qualidade estiver ruim, o poder público será acionado?

RA: Exato. Se instalarmos um sensor em uma via movimentada, a plataforma Selva será capaz de informar as condições de poluição atmosférica nesta via. Além disso, a própria comunidade, empresas e indústrias terão as informações para tomarem ações de precaução. Por exemplo, se você faz corrida na avenida das Torres, saberá se o horário que está indo tem a melhor qualidade do ar, ou se este está poluído. Não há dúvida de que a plataforma poderá ser uma ferramenta de apoio importante para auxiliar na definição de diferentes ações, para melhorar a qualidade do ar em cada região e ambiente onde estiver instalado.

JC: Como está a atual situação do Selva? É apenas um protótipo? Já foi testado e aprovado? Vocês precisam de patrocinadores?

RA: É uma versão 1.0 estável, mas ainda em desenvolvimento. Estamos em fase de testes, cujos resultados são animadores. O limitante hoje para ampliar a rede de monitoramento com os sensores e a plataforma Selva é a falta de recursos financeiros. E todos são bem-vindos para apoiar esta iniciativa. A perspectiva é que o Selva se torne cada vez mais uma ferramenta ativa, de forma a interagir com os seus usuários.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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