Trens voadores são coisa de filmes de ficção científica, certo? Errado. Dois pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) desenvolveram um sistema de transporte denominado Maglev-Cobra, um trem que flutua sobre trilhos magnéticos. O trem voador utiliza uma tecnologia inovadora que emprega a propriedade diamagnética de supercondutores de elevada temperatura crítica. A tecnologia, em desenvolvimento desde 1998, foi testada em um protótipo de escala reduzida em trajetória fechada de 30 metros de comprimento. “Nosso objetivo agora é testá-lo em escala real, mas, para isso, precisamos de financiamento”, disse o pesquisador Richard M. Stephan, um dos idealizadores do projeto.
A tecnologia, desenvolvida em parceria com o pesquisador Eduardo G. David, do Lasup (Laboratório de Aplicações de Supercondutores) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, pode revolucionar o transporte no Brasil. Entre as várias vantagens está o fato de o trem ser silencioso porque não há atrito com os trilhos. “Ele faz curvas de pequeno raio, 30 metros, e pode subir e descer rampas com inclinação de até 15%, quando o usual é 4%”, afirma Stephan.
De acordo com o professor, há três técnicas de levitação magnética: eletrodinâmica (EDL), eletromagnética (EML) e supercondutora (SML). Essa última, utilizada no protótipo desenvolvido pela UFRJ, está em estudo em diversos locais, como China e Alemanha.
Outras vantagens do Maglev são o baixo consumo de energia e a manutenção mais simples. “É mais econômico do que um trem normal, mas a diferença para um carro e avião é enorme”, reforçou o cientista. Enquanto no Maglev o consumo médio de energia fica em 25KJ por passageiro por quilômetro, no ônibus esse número é de 1.100KJ/pkm e no avião, 4.200KJ/pkm.
O veículo ainda utiliza uma energia renovável, a elétrica. Porém, o maior trunfo do Maglev é o baixo custo de implantação. Stephan explica que, pelo trem subir e descer rampas mais inclinadas e ser silencioso, não precisa ser submerso como o metrô. “Ele pesa a metade de um VLT (veículo leve sobre trilhos) convencional”, disse o pesquisador.
A idéia é aproveitar ao máximo a infra-estrutura urbana existente, utilizando-se de vias elevadas esbeltas a serem implantadas ao longo de corredores rodoviários.
Levitação magnética
A UFRJ desenvolveu um mecanismo que permite a instalação de vias de levitação magnética sobre uma via permanente convencional, permitindo o funcionamento alternado do Maglev-Cobra e do trem tradicional. E, segundo Stephan, é da fácil implantação que vem a economia. “A infra-estrutura representa 70% do custo de implantação, por isso o Maglev é mais econômico do que os outros tipos de transporte”, afirmou o cientista.
Conforme estimativa do pesquisador, a instalação do trem voador pode custar o equivalente a um terço do valor de um metrô subterrâneo. Enquanto os metrôs custam R$ 100 milhões por quilômetro, o Maglev pode custar R$ 33 milhões por quilômetro.