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Pesquisa mostra força da natureza para a cura do corpo

Pesquisa mostra força da natureza para a cura do corpo

Alho, jambu, limão, mais recentemente mastruz são medicamentos naturais que a população está utilizando para combater o coronavírus. Muitos desdenham e dizem que não funcionam, outros comemoram terem se tratado com esses medicamentos naturais e ‘passado ao largo’ da covid. O certo é que antes dos medicamentos industrializados, eram as plantas, frutos e ervas que tratavam a maioria das doenças da humanidade, e ainda hoje é assim nas cidades do interior.

Aproveitando a riqueza de informações a respeito das plantas medicinais que a cercam no município de Benjamin Constant, localizado no alto Solimões, a professora Simone Pinto de Castro, licenciada em Ciências Agrárias e do Ambiente pela Ufam; especialista em Educação Ambiental pela AVM Faculdade Integrada; e mestra em Ciências e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Pará, resolveu criar uma cartilha onde lista as principais plantas utilizadas há décadas pela população do município para cuidar dos males do corpo.

“A cartilha partiu do projeto ‘Quintais medicinais: um levantamento etnobotânico no município de Benjamin Constant’, financiado pelo programa ‘Ciência na Escola’, da Fapeam, Sedecti, Seduc e Semed. A ideia veio devido ao momento de pandemia que estamos vivenciando, onde as pessoas utilizam e/ou já utilizaram alguma planta medicinal de forma terapêutica para tratar de alguma enfermidade. E uma forma de disseminar esse conhecimento adquirido foi através da elaboração de uma cartilha informativa”, explicou.

Simone Pinto resolveu criar uma cartilha listando plantas utilizadas há décadas para cuidar dos males do corpo

Compilaram 20 espécies   

Com o conhecimento empírico adquirido pela população benjaminense desde a fundação do município, em 1898, o trabalho da professora Simone não foi assim tão trabalhoso ou demorado. O período de realização do projeto ocorreu de julho a dezembro. Participaram três alunas bolsistas: Juliah Rianny da Costa Silva, Lohanny Lhais Vieira Caciano e Sophia Angulo Barros da Silva, todas com a idade de 11 anos e cursando o 5º ano na Escola Estadual Professora Rosa Cruz, onde Simone é professora, além de alunos voluntários e do professor Agmar José de Jesus Silva, doutor em Ciências da Engenharia Metalúrgica e de Materiais, e bolsista da Fapeam. 

“A pesquisa foi realizada nas residências da população benjaminense. Inicialmente fizemos entrevistas na rua das bolsistas e depois nas ruas mais próximas da casa delas e nas ruas próximas à nossa escola”, revelou.

Pesquisa in loco com conhecedores empíricos

O grupo identificou ao menos 65 espécies de plantas utilizadas pela população, e compilou 20, entre elas a alfavaca, usada para tratar gripes e resfriados; a amora, utilizada para combater inflamação na boca e garganta; e a arruda, aliada no enfrentamento à dor de cabeça e à rinite.

“Uma cartilha informativa deve ser simples, ilustrada e de fácil leitura, para um melhor entendimento do leitor, e acredito que ficaria muito extensa se colocássemos todas as 65 espécies identificadas. Por esse motivo foram selecionadas as 20 principais espécies de plantas medicinais encontradas nos quintais das residências entrevistadas”, disse.  

“Ainda temos muitas informações/dados coletados durante as entrevistas, mas ainda estamos organizando a elaboração de um artigo científico para posterior publicação”, completou.

A cartilha foi pensada para distribuição por meio de mídias digitais, isso devido às questões ambientais, uso consciente de matéria prima e também o custo para impressão. Ela pode ser acessada pelo link: https://bit.ly/2WoLxkO

“Mas estamos pensando em utilizar material reciclável para impressão de alguns exemplares para distribuição para aqueles que não têm acesso à internet. Seria muito interessante se pudéssemos fazer essa impressão e distribuir nesse tipo de papel”, informou.

Curandeiros e rezadeiras

Simone lembrou que, até hoje, existem em Benjamin Constant os curandeiros e as rezadeiras, pessoas que conhecem todas as espécies de plantas, e as utilizam em seus tratamentos e curas.  

“Essa é uma tradição que ainda existe em Benjamin. Pessoas que rezam contra diversos males (quebranto, mal olhado, peito aberto, dor de cabeça, enfim). A crença popular ainda está bem evidenciada no cotidiano da população e as plantas medicinais são uma forma terapêutica de tratar alguns males e doenças”, contou.

Empolgada com o sucesso de sua cartilha, a professora pretende continuar realizando outros projetos de pesquisa na escola Professora Rosa Cruz.

“Anualmente a Fapeam lança o edital do programa ‘Ciência na Escola’. Além das plantas medicinais, agora estou trabalhando num projeto sobre alimentação saudável e a implantação de uma horta no espaço escolar. Acho muito importante que as crianças e adultos participem de forma ativa em projetos de pesquisa. Isso auxilia tanto na formação intelectual dos alunos, quanto em suas vidas particulares, mostrando um universo diferente onde todos têm capacidade de participar”, ensinou.

A Escola Estadual Professora Rosa Cruz foi fundada em 20 de julho de 1992. Atualmente, com 44 funcionários, promove o ensino fundamental nos turnos matutino e vespertino e no noturno a Educação de Jovens e Adultos, atendendo a um total de 510 alunos.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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