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Pesquisa Fecomercio-AM mostra que empresários não vislumbram mudanças

A mais recente Pesquisa Conjuntural de Desempenho do Comércio Varejista de Manaus, conduzida pelo Ifpeam (Instituto Fecomercio de Pesquisas Empresariais do Amazonas), e divulgada nesta segunda (23), mostra que o crescimento do Dia dos Pais veio menor e mais concentrado do que o esperado. A mesma sondagem aponta ainda que a maior parte dos lojistas não veem mudanças significativas no cenário econômico e nas contratações, quando comparado a 2019 – ano que não foi dos melhores para o setor. O dado negativo é que pelo menos 10% das empresas enfrentou problemas de segurança, neste mês.

No texto da pesquisa, o órgão vinculado à Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas) assinala que o levantamento preliminar de intenção de compras do consumidor já havia apontado um “resultado surpreendente” para a data comemorativa, ao apontar otimismo do consumidor em relação à retomada da economia, após “muitos meses” de uma “aguda paralisação” do setor, em virtude das “medidas restritivas” que vieram a reboque da pandemia.  

Acrescenta ainda que, para validar o primeiro estudo, a Fecomercio-AM realizou “uma contraprova” com os comerciantes do Centro (33%), “alguns bairros” (27%) e shoppings (28%) de Manaus, entre 1º a 8 de agosto de 2021, comparando ao mesmo período de 2019 – já que 2020 foi considerado “um ano atípico” para muitos segmentos. “Os indicadores desta pesquisa corroboram o otimismo da sondagem realizada com os consumidores, mas também revelam alguns dados preocupantes, como o alto índice de assalto nos comércios do Centro da cidade”, ponderou o Ifpeam.

A sondagem mostra que todos os segmentos apresentaram incremento de vendas no Dia dos Pais, mas de forma significativamente desigual. O melhor número veio de vestuário (+28%), seguido por calçados/cinto (+20%), jantar/almoço (+12%), eletroeletrônicos, informática, e perfumaria e cosméticos (os três com +8%). Outros subsetores, contudo, colheram resultados significativamente abaixo da projeção para a média do setor (acima dos +5%), a exemplo de joias/relógios, eletrodomésticos, moveis e utensílios, turismo e lazer (todos com 3%), além de artigos desportivos e jogos de ferramenta (ambos com +2%). 

De uma forma geral, apenas 34% das empresas ouvidas pelo Ifpeam conseguiu ultrapassar a margem de crescimento aguardada pela Fecomercio-AM para o Dia dos Pais (mais de 5%), sendo que 12% conseguiram incremento superior a 15% no volume comercializado no período, quando comparado a 2019. A maioria (42%) obteve altas não superiores a 5%, enquanto uma parcela significativa de 24% dos lojistas acabou obtendo resultados abaixo dos registrados dois anos atrás. 

Indagados pelo Ifpeam sobre sua avaliação qualitativa a respeito do movimento da clientela ao longo dos horários e dias na semana do Dia dos Pais dentro de seus respectivos estabelecimentos, 63% dos empresários do varejo da capital amazonense consideraram que o desempenho foi “bom”, 20,1% disseram que foi “regular”, 13,9% cravaram que foi “ótimo” e 3% garantiram que foi “ruim”.

Crédito e internet

Ao contrário do aguardado, o levantamento com os empresários mostrou que a modalidade de pagamento mais utilizada na compra dos presentes para o Dia dos Pais foi o crédito (70%), seguido de muito longe pelo dinheiro ou débito automático (15%), crediário próprio (8%) e transferência por PIX (7%). O resultado contrastou com o cenário desenhado pela pesquisa com os consumidores, que apontava uma primazia dos pagamentos em espécie e de forma eletrônica à vista (56%), em detrimento das compras a prazo (41%). 

A despeito da imposição das políticas de distanciamento social e das quarentenas impostas pela pandemia, nada menos do que 50% dos comerciantes ouvidos pelo Ifpeam disse que ainda não trabalha com vendas online. Na outra metade, em torno de 27% da amostragem revelou que teve incremento de 5% pelos meios remotos, enquanto 3% mantiveram a alta entre 10,01% e 15% pelos meios eletrônicos, e outros 2% registraram movimento de 5,01% a 10% mais alto pela nova modalidade. Os 18% restantes, entretanto, amargaram decréscimo de vendas nas vendas pela internet.

Contratações e perspectivas

Apesar do otimismo geral, e da precedência do Dia das Mães e do Dia dos Namorados em relação ao Dia dos Pais, a situação precária no caixa e nos estoques das empresas, contribuiu para um ritmo menor de geração de empregos. A maioria dos comerciantes sondados pelo Ifpeam (54%) informa que não promoveu contratação de nenhum novo funcionário para dar reforço nas vendas, em maio, junho e julho, enquanto pouco menos da metade (46%) arriscou aumentar os quadros.

O cenário de curto prazo segue parecido, já que 63% dos lojistas consideram que não houve mudanças significativas nas condições para contratar funcionários, quando comparado a 2019. Pelo menos 22% percebem que a situação ficou “um pouco mais difícil” e outros 3% garantem que está “muito mais difícil”. Em contrapartida, os otimistas nesse quesito não passam de 12%, que apontam que o quadro está “um pouco mais fácil” (10%) ou “muito mais fácil” (2%).

Para 53% dos lojistas sondados pelo órgão de pesquisas da Fecomercio-AM, o cenário econômico atual está “um pouco melhor” do que o de 2019, ao passo que 22% não veem diferença entre as condições apresentadas pelos dois períodos, 20% enxergaram uma leve piora, 3% garantiram que está “muito pior” e os 2% restantes consideraram que houve uma melhora significativa, a despeito do rescaldo da crise da covid-19. A segurança também foi levada em consideração na percepção do empresariado do setor: pelo menos 10% dos comerciantes relatou que sofreu assaltos, no decorrer da semana pesquisada. 

Sem otimismo

O presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota, reforça que a pesquisa do Ifpeam buscou utilizar o balanço do Dia dos Pais como uma “abertura” para capturar também as expectativas dos comerciantes para os próximos meses – em um trabalho de coleta de informações que não deixou de apresentar dificuldades. O dirigente salienta que, enquanto alguns dados gerais mostram o que já era esperado para a data, com a primazia dos segmentos de vestuário e calçados, além de uma preferência pelas compras no Centro, os números de vendas mostram um desempenho aquém do projetado.

“Na há clima de otimismo em relação ao Dia dos Pais. A grande maioria cresceu abaixo de 5%. Não houve contratação e o movimento não foi tão expressivo quanto a gente esperava. Tudo isso mostra uma expectativa muito séria. Alguns setores, como o de serviços, cresceram muito fortemente, porque estavam debaixo de muitas restrições. O comércio abriu antes, com flexibilizações a partir de março. Quando os serviços puderam funcionar com normalidade, houve um crescimento expressivo, em cima de um movimento represado”, arrematou.   

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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