A produtividade do trabalho na indústria brasileira cresceu 6,1% em 2004, 2,1% em 2005, 2,5% no ano seguinte, com 3,5% de evolução média nesses três anos. No primeiro semestre de 2007, segundo uma pesquisa que o Iedi acaba de concluir e que é o tema da Carta que o instituto divulgou ontem, a evolução da produtividade chegou a 3,7%. Não é qualquer setor industrial de um país que consegue uma seqüência e um desempenho médio como esse.
Uma análise setorial dos resultados deixa claro que o aumento de produtividade tem relação com o crescimento da produção. Assim, o setor de maior progresso de produtividade, máquinas e equipamentos, cuja evolução foi de 13%, teve acréscimo de produção de 17,4%. Notar que esse setor no ano passado também teve expressiva expansão de produtividade, 9,6%, numa indicação de que está em uma fase importante de modernização e atualização de seu padrão de competitividade.
Produção ampliada
Fabricação de meios de transporte é outro exemplo, com crescimento da produtividade de 4,9%, e da produção de 9,5%. Metalurgia básica, com acréscimo de produtividade de 3,8%, e indústrias extrativas, com variação de 3,7%, são outros casos em que houve ampliação da produção, respectivamente 8,2% e 5,7%.
Crescimento econômico é, em suma, um dos segredos dos ganhos de produtividade. Outros são políticas e estratégias empresariais para ampliar a absorção de progresso técnico, maior incentivo à inovação e maior inserção exportadora e produtiva das nossas empresas na economia mundial.
Previsão positiva
Suponhamos que o crescimento da produtividade do trabalho na indústria brasileira no primeiro semestre de 2007, de 3,7%, se mantenha para o resto do ano e que o crescimento nesse ano alcance algo como 3,5%. Caso isso se confirme, a carta do Iedi diz que a indústria brasileira completará quatro anos de crescimento ininterrupto, com média de 3,6%.
Analistas pedem para ampliar produção
Alguns analistas, sem conhecer os limites do possível, pedem ao setor industrial brasileiro que amplie sua produtividade a uma taxa muito maior para compensar a valorização do real frente ao dólar, que só nesse ano chega perto de 10%.
Mas isso é muito difícil de ser obtido para não dizer impossível. Ou seja, o crescimento da produtividade industrial no Brasil não é baixo; pelo contrário, é bastante expressivo para padrões internacionais.
Uma análise mais pormenorizada dos resultados coloca em evidência alguns pontos relevantes. No primeiro semestre, das 18 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE, a produtividade aumentou ou foi mantida em 16 delas. Os dois únicos setores com taxas negativas, alimentos e bebidas (-0,6%) e coque, refino de petróleo e álcool (-9,3%), podem e devem brevemente passar a apresentar aumentos de produtividade.
Do total dos setores que lograram ampliar a produtividade, 12 deles combinaram aumento de produtividade e aumento da produção. E um total de 10 segmentos, que respondem por 53% do valor da transformação industrial brasileira, expandiu conjuntamente a produtividade, a produção e as horas pagas.
Aumentar a produtividade é positivo porque amplia a competitividade e permite aumentos nos rendimentos de salário sem pressão inflacionária. Segundo o Iedi, é melhor ainda quando vem acompanhada de aumento de emprego porque dessa maneira evita a oposição entre modernização industrial e ampliação das oportunidades de trabalho.
Crescimento produtivo
Dentro desse último grupo é importante verificar em quais setores mais cresceu a produtividade. Ficará claro que o aumento de produtividade tem relação com o crescimento da produção. Não é desconhecido da literatura esse fato que relaciona crescimento e aumento de produtividade, mas muitos analistas têm preferido no caso brasileiro atribuir os ganhos de produtividade à valorização cambial.
Assim, o setor de maior crescimento da produtividade, máquinas e equipamentos, cuja evolução foi de 13%, teve acrésci