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Perfil do setor de alimentação deve passar por mudanças

Restaurantes não funcionarão apenas para almoço e jantar, abrindo por volta das 11 horas e fechando às 15 horas, reabrindo às 18 horas e encerrando as atividades às 23 horas. Nos próximos anos, mais da metade dos cidadãos brasileiros economicamente ativos vai optar por almoçar, tomar café da manhã ou lanche fora de casa. Por isso, donos de lanchonetes, bares, restaurantes, padarias, franquias em praças de alimentação de shopping centers entre outros, devem ficar atentos às mudanças do mercado consumidor nacional.
A presença cada vez maior da mulher nos estabelecimentos do setor da alimentação vai ditar um novo perfil para os negócios. Nos restaurantes, por exemplo, o ambiente deverá se tornar mais agradável, aconchegante e limpo (banheiros impecáveis). Hospitalidade será a palavra de ordem no lugar de simples cordialidade entre garçons, cozinheiros, pro­prietários e a nova clientela. O restaurante tenderá a ser a continuidade da casa.
Essas tendências foram apon­tadas por Enzo Dona, consultor de negócios da cadeia produtiva da alimentação e diretor da ECD Consultoria e Participações e da Fast Food, durante concorrida palestra no 20º Congresso Nacional da Abrasel, em Brasília, na última sexta-feira.
Enzo Dona afirmou que a inserção socioeconômica de milhões de pessoas foi viabilizada por intermédio da chegada das mulheres ao mercado de trabalho e consumo. Essa mudança de paradigma continua em marcha, transformando o mundo, a cultura, a economia e os negócios.
No setor da alimentação, o reflexo talvez seja um dos mais notáveis, segundo o concultor. Devido às funções assumidas no mercado de trabalho, a mu­lher não é mais o eixo principal para o funcionamento diário da cozinha de uma casa. A função está sendo dividida com outros membros da família ou com estabelecimentos ou fornecedores de alimentação do mercado.
Citando estatísticas da Pesquisa Euromonitor sobre o setor da alimentação no Brasil e no mundo, o palestrante mostrou gráficos que confirmam várias tendências irrefutáveis. “Elas cresceram em renda em 7,2%, enquanto a renda dos homens cresceu 2,6%, entre 2000 e 2006, no Brasil”, disse.
Cerca de 31% das mulheres no país são chefes de família. A feminização dos negócios da alimentação vai impactar diretamente os cardápios dos restaurantes. Saladas passarão a ser protagonistas e prato principal. “Salada é o futuro”, enfatizou Enzo. Carnes magras e aves com foco em grelhados também. “Grelhado está na cabeça do consumidor como alimento saudável. É fundamental oferecer opções saudáveis”, avaliou.
Durante a semana, os pratos devem ser feitos com alimentos funcionais. “De segunda a sexta-feira, as mulheres não cometem pecado”, brincou o palestrante. “O garçom deve ser atencioso, mas mantendo distância”, completou.

Mulher que cozinha está em extinção, diz consultor

A redução da família foi outro ponto enfocado por Enzo. Em 2006, havia 8,6 milhões casais sem filhos no país. Em 2012, serão 13,4 milhões, e em 2016, 16 mi­lhões. “Mulher em casa cozinhando vai ser espécie em extinção”, assinalou. Consequentemente vai haver aumento vertiginoso de serviços delivery (entrega em domicilio), do consumo de comidas prontas, crescimento das rotisseries em supermercados, restaurantes e redes fast food. O mesmo ocorrerá com o consumo de vinhos e cervejas Premium.
As comidas de bar vão se transformar em ‘gastrobar’ e farão muito sucesso. O público constituído de pessoas que moram sozinhas vai prestigiar esse tipo de refeição. Em 2006, seis milhões de brasileiros moravam sozinhos. Em 2012, serão 9,6 milhões, e em 2016, 12 milhões, informou Enzo.
A valorização da origem das matérias-primas está começando a surgir, disse ele. “Acabou aquele negócio de minha matéria-prima vem do fundo do quintal. O consumidor vai querer saber de onde vem a carne, que está comendo. Se o boi vai dormir às 7 da manhã se acorda as 6 horas, como é o pasto, entre outros”, brincou.

Inserção socioeconômica

A inserção socioeconômica de cerca de 20 milhões de pessoas da classe C no mercado de consumo, nos últimos anos, também está mudando muito o mercado da alimentação no país. “Senhores, a classe C chegou. Ela representa, hoje, 46% da população brasileira. Em 2012, será 58%”, disse. No momento, a classe C gasta cerca de 40% do que ganha com alimentação, argumentou o consultor.
A primeira consequência des­se fato será o aumento do segmento de lanches. “Primeiro esse cidadão passa no quiosque, depois sonha com a lanchonete e, em seguida, com a rede fast food”, ilustrou Enzo.
Atualmente são consumidas em torno de 55 milhões de refeições por dia no Brasil. Esse número vai aumentar para 74 milhões por dia até 2012, segundo o consultor. Em 2009, o total do faturamento do setor de alimentação fora do lar será de R$ 64,7 bilhões e, em 2012, deverá ser de R$ 90 bilhões.
No ano passado, cerca de 26% das despesas totais dos brasileiros economicamente ativos com alimentação foram com refeições fora do lar. O almoço equivale a 83% desse novo hábito nacional.
Este ano, o consumo de refeições fora do lar vai saltar para 30% segundo a pesquisa Euromonitor. “Quinze por cento dos brasileiros fazem lanche, entre 18 e 20 horas”, informou Enzo. Os estabelecimentos que investirem e capricharem nas refeições do desjejum matinal e do final do dia vão prosperar, afirmou o palestrante.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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