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Perfil do lixo gerado no PIM vai ser identificado

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A partir de setembro de 2009 vai ser possível saber quais os tipos de resíduos gerados pelas indústrias do PIM (Polo Industrial de Manaus) e sua destinação final. Estudo neste sentido, que vai custar a cifra de US$ 2 milhões e terá duração de 18 meses, está sendo feito na Suframa por uma equipe de especialistas em gestão de resíduos industriais da Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão).
Financiado pelo governo japonês, o estudo que tem como alvo 457 fábricas, sendo que as 200 maiores serão visitadas e entrevistadas diretamente pela equipe da entidade japonesa, que já caiu em campo desde fevereiro último fazendo o levantamento fabril no Distrito Industrial de Manaus.
O representante dos consultores contratados pela Jica, Ichiro Kono, disse que foram visitadas cinco empresas –Sony, Mussachi, Nitriflex, Showa e Honda– para adequar o questionário. O especialista disse que a equipe está tendo uma boa receptividade nas empresas que estão cooperando nas respostas neste trabalho de campo. Kono observou que as grandes empresas já desenvolvem um trabalho neste sentido, principalmente as certificadas com a ISO 14000 (meio ambiente).
O estudo, que tem como objetivo revisar as condições atuais de gestão de resíduos industriais do PIM –contendo esboço de diretrizes para a melhoria do processo de gestão de resíduos industriais no parque fabril de Manaus– está sendo focado em quatro tipos de resíduos: industrial, de serviços de saúde, de construção civil, ligadas às atividades do PIM e radioativo.
O levantamento fabril vai encerrar em setembro deste ano, quando então serão conhecidos os tipos e o montante de resíduos gerados pela indústria local e como as empresas tratam, reciclam e descartam seu lixo. O objetivo final da entidade japonesa é preparar um relatório de tudo o que for levantado neste período, que será divulgado para a sociedade por meio de um workshop ou seminário para dar conhecimento desse levantamento.
A coordenadora-geral de Comércio Exterior da Suframa, Gracilene Belota, responsável pela coordenação desse projeto na autarquia –que também disponibilizou uma equipe de técnicos e administrativos para dar suporte aos consultores da Jica–, disse que há um compromisso dentro do acordo de que esse resultado será apresentado a sociedade. “A sociedade vai conhecer o perfil do lixo gerado no PIM e da proposta dos consultores para o tratamento dos resíduos em Manaus”, disse.

Projeto é ideia das entidades de classe

Denominado “Estudo para o Desenvolvimento de uma Solução Integrada da Gestão de Resíduos Industriais no Polo Industrial de Manaus”, o trabalho é resultado de um acordo de cooperação técnica internacional firmado em novembro de 2008 entre a ABC (Agência Brasileira de Cooperação), do Ministério das Relações Exteriores, Suframa e a Jica.
Segundo Gracilene Belota, o estudo foi solicitado por entidades de classe do PIM, bem como a Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) e a Câmara de Comércio e Indústria Nipo-brasileira do Amazonas. Ela explicou que desde 2005 a Suframa já vinha trabalhando um projeto nesse sentido em conjunto com todas as entidades envolvidas. No fim de 2008 foi assinado o acordo entre o Brasil e Japão.
A Suframa, como ente federado, assinou um acordo com a ABC e a Jica, visando à realização do estudo em meados de novembro de 2008. Em fevereiro deste ano iniciaram os trabalhos propriamente ditos, que contam com o apoio dos órgãos ambientais do Estado e município –Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas), Semma (Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente) e a Semulsp (Secretaria Municipal de Lim­peza e Serviços Públicos).
A coordenadora avaliou que o mais importante desse trabalho é a geração de um banco de dados, com informações levantadas e a proposta dos especialistas da Jica para o tratamento dos resíduos. “A Suframa sabe que as empresas têm resíduos industriais e que de alguma forma tratam. Mas, como está pensando no futuro, vamos levantar o que existe deslumbrando um cenário futuro do tratamento desses materiais”, disse.
Por ocasião do acordo, a superintendente Flávia Grosso, disse que o estudo é de extrema relevância e demonstra a ­preocupação da Suframa em aliar desenvolvimento a preservação ambiental.

Plano diretor deve propor melhorias

Na segunda etapa do projeto será elaborado um plano diretor, com duração de cinco anos –2011 a 2015– contendo propostas de melhoria do processo de gestão de resíduos industriais no parque fabril de Manaus.
“Trata-se de um plano de gestão de resíduos de cinco anos, com base no atual manejo de resíduos do PIM e como deve ser tratado”, disse Gracilene, ressaltando que, com esses dados levantados, serão feitas propostas. “A intenção é encorajar empresas que atuam com a gestão de resíduos a virem para Manaus atuar com reciclagem”, completou.
Gracilene Belota explicou que a Jica está trazendo a experiência japonesa de tratamento de resíduos para o mercado local. Ela disse que o Japão tem um grande know-how nesta área e inclusive já desenvolveram este tipo de estudo para muitos países, a exemplo da Tailândia. “É um projeto-piloto no Brasil na área de resíduos industriais e que pode ser um modelo para outros Estados da região”, afirmou, lembrando que “estamos saindo na frente de uma questão ambiental na área industrial”.

Contrapartida brasileira

O projeto será todo financiado pelo governo japonês, um total de US$ 2 milhões. A contrapartida do governo brasileiro, via Suframa, é gerenciar o estudo, oferecer a infraestutura para a equipe trabalhar como material, apoio técnico e logístico e o espaço utilizado, nas dependências da Suframa.
Ichiro Kono explicou que a entidade é um organismo que tem recursos para disponibilizar projetos para a preservação do meio ambiente. No Brasil, contou, existe uma série de projetos desenvolvidos com recursos financiados pelo governo japonês com o apoio da Jica, que atua no mundo inteiro. “A Jica não é uma instituição com fins lucrativos; esse dinheiro vem do governo japonês, que patrocina uma gama de projetos dessa natureza”, disse.
Ele disse que o projeto é bem-vindo para Manaus porque a região amazônica é muito conhecida e também pelo fato de o PIM congregar inúmeras empresas japonesas. “Havendo um plano de gestão de resíduos vai gerar benefícios às fabricantes japonesas assim como para as outras empresas”, disse, ressaltando que, como o estudo vai gerar um plano diretor, alguém vai investir. “Podem ser empresas japonesas ou de outra parte do mundo”, assinalou, lembrando que com o estudo ganha todo mundo: o governo, o município, até mesmo a experiência das competências de cada envolvido em utilizar o estudo para ser desenvolvido. “O projeto vai demandar recursos que poderão vir de bancos japoneses”, completou.
A Jica desenvolve outros projetos na região, a exemplo do monitoramento florestal por imagem de satélite no Estado do Amazonas.

Indústria limpa

Segundo Gracilene Belota, a característica da indústria do PIM é limpa, porque não atua com chaminé. Por exigência dos projetos de implantação aprovados pelo CAS (Conselho de Administração da Suframa) ela disse que as empresas são obrigadas a destinar parte de sua área externa para o tratamento do lixo gerado. Porém, a competência para fiscalizar é do Ipaam e dos órgãos municipais. “As grandes empresas já adotaram esse procedimento, a exemplo da Moto Honda, que faz tratamento de resíduos industriais, porém, outras não estão tendo o mesmo procedimento, daí o motivo do estudo”, disse.
Como não é competência da Suframa fiscalizar esse tipo de ação, atualmente a autarquia trabalha com os dados obtidos junto aos órgãos ambientais que dão conta de que hoje 65 empresas fazem tratamento de resíduos no PIM, das mais de 500 empresas. “A Suframa exige das empresas a licença ambiental”, disse a coordenadora.
Para a realização do projeto, a Jica contratou uma empresa de consultoria, especializada no assunto, que está atuando em conjunto com os consultores. Integram o subcomitê técnico-consultivo o Ipaam, a Semulsp, a Semma e a UGPI (Unidade de Gestão do Programa Igarapé).

Empresas cumprem legislação

O coordenador de análise de projetos de engenharia e arquitetura da Suframa, Flávio Brandão Simões, garantiu que as empresas têm cumprido a legislação ambiental, fazendo o transporte dos resíduos gerados na fabricação de seus produtos. Ele contou que as grandes fabricantes pagam outras empresas credenciadas pelos órgãos ambientais para fazer a coleta, o transporte e a destinação final desse tipo de lixo.
Simões explicou que alguns tipos de resíduos, no caso dos perigosos, tem uma parte mandada para fora do Estado porque em Manaus não existe empresa especializada na destinação final. “A qualificação e quantificação desses resíduos –o objeto do estudo– possibilitará a atração de empresas que atuem nessa área para atenderem a demanda do PIM”, disse, ­ressaltando que vai possibilitar ainda a resolução de remessas de lixos perigosos para fora do Estado, que hoje são mandados por balsa para Belém.
Na opinião do coordenador, a tendência é de que o estudo feito pela Jica gere interesse de empresas que atuam com resíduos industriais para se instalar no PIM. Ele também aposta que mais empresas vão se certificar na ISO 14000. “É uma tendência mercadológica”, garantiu. Levantamento da Suframa aponta que 67 indústrias do PIM estão certificadas em meio ambiente e oito estão em processo de certificação.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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