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Perdas afetam 80% das MPEs no Amazonas, aponta Sebrae

Perdas afetam 80% das MPEs no Amazonas, aponta Sebrae

Diante da crise aberta pela covid-19, 60% dos micro e pequenos negócios do Amazonas tiveram que enfrentar mudanças operacionais para não fechar as portas. Ao mesmo tempo, a maioria das empresas amazonenses (49%) que segue em operação trabalha com ferramentas digitais, como sites, redes sociais e aplicativos, para conseguir vender. A estratégia, contudo, não impediu prejuízos, já que 80,8% relataram perdas de até 53% no faturamento, no período.

Os dados estão na quinta edição da pesquisa “Impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios”, conduzida pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa). Realizado entre 25 e 30 de junho, o levantamento ouviu representantes de 6.470 micro e pequenas empresas em todo o país, assim como microempreendedores individuais – sendo que 68 deles são do Amazonas e atuam em comércio ou serviços.

Os canais preferidos por quem já optou pelas plataformas digitais são WhatsApp (82,5%), Instagram (59,2%), Facebook (56,3%), OLX (24,8%) e até site próprio (17,2%) e aplicativos de entrega, como Ifood, Uber Eats, Rappi e outros (1,5%). Mais da metade (52%) dos entrevistados, contudo, informaram que já trabalhavam com meios digitais antes mesmo da pandemia. A crise foi o motivo para adoção de novos métodos para apenas 18% deles, mas 12% disseram que gostariam de adotar a novidade.  

Em contrapartida, uma fatia idêntica de 12% alegou não saber “como isso se aplica ao meu negócio” e outros 7% disseram não ver necessidade de mudança. Entre os negócios ainda em operação e que não adotaram ferramentas digitais, 16% dizem que não fizeram isso porque não dispõem dos recursos para tanto e uma parcela igual relata que conseguiu tocar os negócios “de outras formas” não informadas.

Adaptação e sobrevivência

A sondagem revela, contudo, que a situação é pior para uma parcela significativa dos empreendedores do Amazonas: 26% não conseguiram se adaptar aos novos tempos e tiveram de parar momentaneamente e outros 3% simplesmente se viram forçados a fechar as portas de vez. Pelo menos 19% das empresas que estão fora do mercado alegaram incapacidade de trabalhar de outra maneira que não a presencial. 

Em contraste, 11% do pequeno empresariado amazonense garantiram que estão conseguindo trabalhar da mesma forma que faziam no período pré-pandemia. Em sintonia, 5,6% dizem que conseguiram passar incólumes pela crise da covid-19 e outros 7,2% garantem que até cresceram. Os motivos da expansão foram a mudança no mix de produtos e serviços, ou porque a empresa trabalhava com algo que foi considerado essencial ou favorecido pela pandemia em si (todas as opções foram apontadas em 50% dos casos).  

Empregos em xeque

As micro e pequenas empresas do Amazonas ouvidas pelo Sebrae contam com quatro colaboradores, em média, superando por pouco o número nacional nesse quesito (3). Os quadros incluem familiares, empregados fixos e temporários, formais ou informais. Mas, a maioria esmagadora de 79% relatou não contar com nenhum funcionário celetista.

Entre os 21% de pequenos negócios locais que contam com um contingente mínimo de trabalhadores com carteira assinada, 17% conseguiram evitar desligamentos. As principais ferramentas utilizadas para manter empregos foram suspensão de contratos de trabalho (48%), redução de jornada e salários (34%), férias coletivas (22%). Dentro da parcela de 4% de empresas que optaram por demitir, a média de funcionários desligados foi de 14 – e bem superior à média nacional (3).

Otimismo na incerteza

A gerente da unidade de Gestão e Estratégia do Sebrae-AM, (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa – Seção Amazonas), Socorro Correa, destaca que, embora ainda mostre um retrato de junho, a pesquisa revela a dinâmica das empresas para sobreviver. Aponta que mais empresas estão vendendo pelas redes sociais e mudando sua linha de produtos e serviços para focar nas necessidades de mercado e no que é mais fácil de vender online. Mas, não deixa de ressaltar a mudança de cenário capturada na sondagem.

“Em junho, várias empresas voltaram atender presencialmente, dada a flexibilização estabelecida pelo governo e isso mostrou baixo nível de desemprego nos pequenos negócios pesquisados. A injeção do auxílio emergencial em junho também foi um fator positivo, pois os beneficiários são em geral consumidores de pequenos negócios”, salientou.

Socorro Correa lembra que a pesquisa do próprio Sebrae revela que o empreendedor amazonense é mais otimista ao prever um prazo menor para o fim da crise (9 meses), quando comparado à média nacional (13 meses). A executiva, contudo, considera que é cedo demais para falar de fim da crise, em face das incertezas em torno da pandemia e das ações governamentais de combate a ela.

“As medidas de combate e tratamento da covid-19, assim como o apoio à economia, elevaram gastos públicos e essa conta terá de ser paga pelo governo – com corte de investimento e custeio – ou pelos contribuintes – com aumento de tributos. Além disso, a doença não está controlada e ainda temos cenários incertos. Vejo que as empresas locais estão lutando e usando todas as estratégias possíveis para se manterem vivas”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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