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Pedir fim do álcool do Brasil é irresponsável, diz relator da ONU

O novo relator espe-cial da ONU para o Direito ao Alimento, Olivier De Schutter, disse à BBC Brasil que pedir o fim do programa de álcool no Brasil seria “socialmente irresponsável”.
“O setor oferece empregos para pequenos produtores e para trabalhadores rurais, então eu acho que seria socialmente irresponsável pedir que esse programa seja terminado”, disse Schutter.
O relator, porém, se diz preocupado com as condições de trabalho nas plantações de cana e diz que houve superestimação dos benefícios ecológicos do que prefere chamar de “agrocombustíveis”. Schutter também se distanciou de declarações e propostas de seu antecessor, Jean Ziegler, que deixou o cargo em abril e era considerado um dos principais opositores dos biocumbustíves dentro da ONU. Ziegler chegou a propôr uma moratória na produção de biocombustíveis, que classificou de “um crime contra a humanidade”. “Eu não concordo nem com a declaração, nem com a proposta”, disse Schutter. Na próxima semana, Schutter participará da Conferência da FAO (agência da ONU para agricultura e alimentos) em Roma, que terá presença de vários chefes de Estado, entre eles o presidente Lula.

Preço dos alimentos

Em relação à reação da comunidade internacional para a crise do preço dos alimentos, Olivier de Schutter acha que há sinais encorajadores e também fontes de preocupação. Os sinais encorajadores são o fato de que as agências da ONU estão coordenando os seus esforços e aliando os seus esforços com os do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio.
Existem, no entanto, diversas fontes de preocupação. Um problema é que a dimensão dos direitos humanos desta crise está sendo negligenciada.
Minha preocupação é também que determinados temas são uma espécie de tabu ou subestimados. Um deles é o papel da especulação na crise atual. O fato de que muitos fundos de investimento estão se mudando em massa dos mercados de ações para não só mercados de petróleo desde 2002 e 2003, e agora para o mercado de commodities primárias e de comida.
Esse papel perverso da especulação financeira na crise, que muitos analistas acreditam que responde por um terço do atual aumento de preços em um ano, é algo que no momento simplesmente não está sendo administrado.

O papel das
coorporações
Finalmente o que também não está sendo administrado é o papel das corporações nos sistemas de produção e distribuição de alimentos. As corporações nas duas pontas da cadeia -as que produzem e as que processam alimentos- e também as empresas varejistas que vendem os alimentos para os consumidores estão conseguindo lucros muito importantes, não apesar do atual aumento dos preços, mas justamente graças a esse aumento.
E é uma fonte específica de preocupação que esses aumentos de preços não estão beneficiando pequenos produtores por causa da falta de poder de mercado deles para negociar seus preços com as corporações maiores.
Esse é outro tema que eu acho que a comunidade internacional precisa administrar de forma muito mais decisiva.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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