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Patrícia Albuquerque: “ideia é criar um curativo transdérmico”

Evaldo Ferreira

iNSTA: @evaldo.am  Twitter: @JCommercio

Um estudo, coordenado pela doutora em Química, Patrícia Melchionna Albuquerque, da UEA (Universidade do Estado do Amazonas), e da doutora em Engenharia Química, Mariana Agostini, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), investiga o uso de amido extraído da mandioca aliado a fungos amazônicos no tratamento anticancerígeno e da cicatrização do câncer de pele. Os dispositivos, ora sendo desenvolvidos, a partir de materiais oriundos da biodiversidade amazônica, possuem potencial de substituição de filmes e patches transdérmicos, que utilizam materiais sintéticos em sua composição.

O estudo tem o apoio da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas) e conta ainda como integrantes da equipe os docentes do Departamento de Engenharia Química da Univesp, Priscilla Carvalho Veggi e Juliane Viganó; da Ufam, Pedro Henrique Campelo Felix e Marne Carvalho de Vasconcellos; e da bolsista de apoio técnico, Anne Terezinha Fernandes de Souza, graduanda em ciências biológicas da UEA. O projeto representa a integração das áreas do conhecimento de biologia, biotecnologia, química e engenharia. Essa integração multidisciplinar entre os pesquisadores dos dois Estados possibilita a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico de ambas as regiões.

Em entrevista ao Jornal do Commercio, a Dra. Patrícia detalhou melhor o trabalho que está desenvolvendo.

Jornal do Commercio: Como a sra. concluiu que o amido da mandioca aliado a fungos amazônicos poderia tratar o câncer de pele? 

Patrícia Albuquerque: O amido da mandioca não tem atividade contra o câncer. Ele serve de matriz para a incorporação dos metabólitos produzidos pelo fungo amazônico. O amido é extraído da mandioca e dele é feito um filme. Neste filme incorporamos o extrato fúngico. Para obtenção do extrato fúngico, o microrganismo é cultivado em meio líquido contendo os nutrientes necessários para seu crescimento, onde ele vai produzir substâncias que apresentam atividade citotóxica contra células tumorais. Ainda não concluímos que o extrato fúngico quando incorporado no filme de amido de mandioca pode ser usado no tratamento de câncer de pele, pois outros ensaios ainda precisam ser realizados. Até o momento consegui incorporar o extrato fúngico, que tem atividade citotóxica, no filme de amido de mandioca e esse filme tem o potencial para ser utilizado no tratamento de lesões ocasionadas pelo câncer de pele.

JC: O que é exatamente o amido da mandioca? 

PA: Amidos são polissacarídeos, formados por unidades de glicose, sintetizados por plantas e amplamente encontrados em diversas espécies alimentícias, como cereais, raízes, tubérculos, frutas e legumes. A raiz da mandioca possui cerca de 80% de amido e por ser um alimento muito consumido na região norte, foi escolhido para este projeto.

JC: Além do amido, a sra. também utiliza fungos amazônicos. Que fungos são esses? De onde são extraídos? 

PA: Os fungos utilizados no projeto foram isolados do interior de folhas de plantas amazônicas. São fungos endofíticos (que vivem dentro das plantas) e que estão depositados na Central de Coleções Microbiológicas da UEA. Estamos trabalhando com fungos do gênero Aspergillus isolados de folha de Myrcia guianensis, conhecida como vassourinha, e de Piper hispidum, conhecida como pimenta de macaco.

JC: Explique como será o tratamento: através de emplastos, pomada, creme? Como funciona? 

PA: A ideia é criar um curativo transdérmico. Os curativos transdérmicos podem auxiliar no tratamento de lesões ocasionadas pelo câncer de pele, uma vez que a liberação controlada de fármacos utilizando esse tipo de dispositivo garante que o princípio ativo passará para a pele de forma lenta e contínua. Então seria um curativo para liberação controlada do princípio ativo produzido pelo fungo. 

JC: Já estão sendo realizados testes em pessoas? 

PA: Não. O teste em pessoas não faz parte do objetivo do projeto que tem duração de apenas 24 meses (encerra em agosto/23). Seria necessário realizar muitos outros testes antes de avaliar o uso do produto em seres humanos.

JC: Esse tratamento, por ser cicatrizante, servirá apenas para câncer de pele ou poderá ser feito em qualquer outro tipo de lesão cutânea? 

PA: Caso o filme contendo as substâncias ativas demonstre atividade cicatrizante (ainda não testamos), poderia ser usado no tratamento de outras lesões, sim.

JC: Quando as pessoas começarão a poder fazer uso desse tratamento fitoterápico?

PA: Ainda não temos previsão de quando será avaliado o uso em pessoas. Estamos focando no desenvolvimento do produto e na validação da atividade citotóxica e cicatrizante.

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Spotify anuncia podcasts em vídeo no Brasil

Foto: 1207_A7b

Crédito: Divulgação

Legenda: Será permitida publicação de podcasts em formato de vídeo

O Spotify Brasil anunciou nesta segunda-feira (11) a função de publicação de podcasts em formato de vídeo. A funcionalidade, que já estava disponível para EUA, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Canadá, será liberada no país a partir desta terça (12). Outros países como Alemanha, França, Itália, Espanha e México também entram para a lista.

Para subir os vídeos no serviço de streaming, a empresa disponibiliza o Anchor, plataforma de edição e distribuição do Spotify. A empresa foi adquirida pela Spotify em 2019 junto com a Gimlet Media, um dos maiores grupos americanos criadores de podcasts.

Entre os podcasts originais do Spotify que terão versão em vídeo estão o Podpah, Ticaracaticast, Flow, Vacacast entre outros. Já o programa Bocas Ordinárias será o primeiro podcast Original Spotify com vídeo e estreia no dia 19 de julho.

Segundo o Spotify, a nova funcionalidade também terá caixas de perguntas e enquetes para aumentar a interação com os ouvintes. Hoje, a única forma de contato entre podcasters e público é a classificação de episódios com estrelas e se um episódio está bem compartilhado.

A funcionalidade estará disponível em todos os formatos de visualização, seja webplayer ou aplicativo. A nova atualização permite assistir ao podcast em primeiro ou segundo segundo plano.

BRASILEIRO ESCUTA CADA VEZ MAIS PODCASTS

O brasileiro registrou um aumento considerável no consumo e na frequência que escuta podcasts durante a pandemia. Segundo uma pesquisa do IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau), associação que reúne empresas de publicidade digital, em 2021, 76% dos entrevistados disseram ouvir podcast, ante 40% em 2019. Já 35% dos brasileiros que têm acesso à internet escutaram três ou mais vezes por semana.

Segundo a última pesquisa do Painel TIC Covid-19, feito pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), em 2021, 89% dos usuários de internet no Brasil afirmam ter ouvido música em serviços online e 62% acompanharam transmissões de áudio ou vídeo em tempo real.

Em junho, a empresa anunciou a criação de um conselho de segurança para difundir informações sobre discurso de ódio, desinformação, extremismo e abuso online.

A medida é uma das estratégias adotadas pela empresa após o caso Joe Rogan, comentarista de UFC, humorista e podcaster acusado de apresentar dados falsos sobre vacinas contra a Covid-19 em seu programa “The Joe Rogan Experience”.

No início do ano, artistas como Neil Young e Joni Mitchell pediram a remoção de suas músicas do serviço em ato de repúdio à permanência do conteúdo de Rogan na plataforma.

SPOTIFY EM NÚMEROS

O Spotify fechou 2021 com um prejuízo de 39 milhões de euros, mas registrou um lucro líquido de 131 milhões de euros no primeiro trimestre de 2022, ante 23 milhões em relação ao período anterior.

Desde o início da Guerra da Ucrânia, a empresa perdeu 1,5 milhão de assinantes devido ao encerramento das atividades na Rússia. Mesmo com a saída, o desfalque foi compensado pelo ganho de cerca de 3,5 milhões novos usuários pagos em outras regiões, especialmente na América Latina e na Europa, segundo a companhia.

A plataforma conseguiu segurar o impacto do conflito, registrando 182 milhões assinantes, ante 180 milhões no trimestre anterior.

O resultado positivo do serviço também se manteve pela alta na receita em anúncios. A arrecadação com propagandas no primeiro trimestre foi de 282 milhões de euros, um aumento de 31% comparado ao mesmo período de 2021. Ao todo, são 422 milhões de usuários ativos.

O consumo de podcasts via plataforma foi um dos principais fatores que seguraram o crescimento no trimestre. A alta faz jus ao investimento robusto do Spotify no segmento, que tem apostado na aquisição de podcasts exclusivos em uma tentativa de atrair usuários.

Em junho, o Spotify espera atingir receita de US$ 100 bilhões nos próximos dez anos, com alta margem de retorno para expansão em podcasts e audiolivros.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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