Muito tempo calados diante da situação dos ‘irmãos Souza’, arrolados em investigação criminal, por associação ao tráfico de drogas, envolvimento com crime organizado e homicídios, os vereadores de Manaus quebraram o silêncio e lamentaram a morte do ex-deputado Wallace Souza, que juntamente, com os irmãos Carlos Souza (vice-prefeito da cidade) e Fausto Souza (vereador), tornaram-se, por muito tempo, campeões de votos no Estado.
No dia da chegada do corpo do ex-deputado a Manaus, os parlamentares ocuparam a tribuna para homenagear o colega político.
A vereadora Socorro Sampaio (PP), que apresenta um programa no mesmo canal onde os Irmãos Souza apresentaram por muitos anos o programa Canal Livre, lamentou o falecimento do ex-deputado Wallace Souza e se solidarizando à dor da família Souza.
“Não há palavras para descrever o sentimento de perda que a família está vivendo, somente o tempo fará com que os parentes e amigos de Wallace se acostumem com o fato”, disse, afirmando que nesse momento difícil, não só ela, mas toda a Câmara Municipal, rendia solidariedade e condolências à família Souza, na pessoa do vereador Fausto Souza, irmão do falecido.
Mirtes Salles critica quem ‘deu as costas’ a Wallace
Vice-líder do prefeito Amazonino Mendes na Câmara Municipal de Manaus,a vereadora Mirtes Salles (PP) solidarizou-se, ontem, com os familiares do ex-deputado Wallace Souza. Amiga da família, a progressista relembrou a contribuição que o parlamentar deu na Assembleia Legislativa do Amazonas, durante 14 anos. “Ele participava de todas as votações importantes daquela Casa. Fez sua parte, enquanto parlamentar. Isso ninguém pode discordar”, avaliou.
Em discurso na tribuna da CMM (Câmara Municipal de Manaus), ontem, relembrou a tortura moral e psicológica sofrida pelo político a partir da execração pública e do abandono da classe política, que o condenou antes de seu julgamento pelo Tribunal de Justiça do Amazonas.
Mirtes Salles revelou que, em conversa com Wallace Souza, após a cassação no ano passado, o ex-deputado afirmou que havia perdido a vontade de viver. Em seu discurso, a vereadora pediu uma reflexão em relação do episódio que acabou com a morte prematura do ex-parlamentar, que não teve oportunidade de provar sua inocência.
“Hoje, muitos políticos que viraram as costas, provavelmente, irão ao velório. Vou lá com tranquilidade abraçar o (vice-prefeito) Carlos Souza, o (vereador) Fausto Souza e os demais familiares e amigos. Não o condenei e nem virei minhas costas. Sempre tive a consciência de que ele era apenas acusado”, comentou
Carijó diz que condenação ajudou saúde do parlamentar a piorar
O presidente da Câmara Municipal de Manaus, vereador Luiz Alberto Carijó (PTB) também lamentou o falecimento do ex-deputado Wallace Souza, ocorrida no Hospital Bandeirantes, de São Paulo. Logo no início da sessão desta quarta-feira (28), Carijó defendeu a realização do pequeno expediente em substituição a uma audiência pública, para que os vereadores tivessem a oportunidade de se pronunciar sobre a morte do ex-parlamentar.
Carijó lembrou que, se todo o processo policial e jurídico não foi o responsável pela morte de Wallace, acelerou o agravamento de seu estado de saúde. “Porém, não cabe a nós esse julgamento, mas peço que sejam registradas em ata nossas condolências e nossa solidariedade à família de Wallace Souza nesse momento de grande dor que todos estão enfrentando”, disse. O presidente da CMM mencionou o sofrimento de Wallace por conta da longa enfermidade, agravada pelas denúncias a que respondia. “Independente de tudo, com toda a certeza cabe a nossa solidariedade”, ressaltou.
Diversos vereadores se pronunciaram sobre a morte de Wallace Souza e emprestaram solidariedade à família do ex-deputado. O vereador Joaquim Lucena (PSB) deu início ao seu pronunciamento lamentando o fato, ressaltando que, como cidadão e colega de parlamento do vereador Fausto Souza, não poderia deixar de se solidarizar com os familiares do ex-deputado.
Também os vereadores José Ricardo (PT), Ademar Bandeira (PT) e Homero de Miranda Leão (PHS) manifestaram pesar à família enlutada. Além de lamentar a morte de Wallace em circunstancias tão sofríveis, Miranda Leão comentou que agora ninguém poderá saber se o falecido era culpado ou inocente das acusações que pesavam sobre ele, porque não haverá julgamento para atribuir-lhe culpa ou inocência. “Jamais saberemos. Talvez ele tenha cumprido a sentença de pena de morte que não existe no Brasil”, disse, encerrando o consternado discurso.
