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Parintins em Cores aguarda o Festival

 7º Salão de Artes Parintins em Cores, pela primeira vez com apoio financeiro, preparado para o Festival Folclórico

Em reunião realizada no sábado (26), o Coletivo de Artistas Parintins em Cores definiu a realização do 7º Salão de Artes Parintins em Cores, que acontecerá de sábado (11 de junho) a sábado (2 de julho), no salão paroquial da catedral. Desde a primeira edição, em 2016, o Salão nunca deixou de acontecer, mesmo durante a pandemia, quando foi apresentado no formato online. E os artistas plásticos de todo o Brasil podem apresentar seus trabalhos no Salão, que este ano, pela primeira vez, está tendo apoio financeiro, pois o projeto da exposição foi contemplado no edital Prêmio Amazonas Criativo 2021.

“Antes o Coletivo alugava um espaço e as despesas eram ‘rachadas’ com todos os participantes”, falou o artista plástico e professor Josinaldo Matos, idealizador do Salão.

“Durante o Festival Folclórico acontece uma feira de artesanatos, que já é famosa aqui em Parintins, mas lá os artistas plásticos não tinham espaço. Em 2015 juntei com outros artistas plásticos e expusemos ‘na marra’ nossos trabalhos. Foi então que decidi que deveríamos ter um espaço só nosso, na época do Festival”, completou.

Depois do irmão Miguel, talvez Josinaldo tenha sido a pessoa que mais formou artistas plásticos na ilha Tupinambarana.

“Sou artista visual há mais de 30 anos e professor de artes há mais de 20. Há oito anos sou professor no Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro, aqui de Parintins. Atualmente tenho mais de 200 alunos”, informou.

E como a maioria dos artistas plásticos adultos de Parintins, Josinaldo também foi aluno do irmão Miguel de Pascale, o religioso italiano que de 1976, quando chegou à cidade, e por mais de 30 anos, ensinou desenho, pintura e escultura às crianças da ilha.

Rua dos Artistas

“Mas eu só fiquei lá umas três semanas. Eu não era da religião católica e todas as vezes, antes de começar as aulas, tínhamos que rezar e como eu não sabia as orações, ficava com medo que o irmão Miguel brigasse comigo”, riu.

Mas o interesse de Josinaldo pelos traços começou um pouco antes, quando tinha por volta de oito anos.

“Eu assistia ao programa do Daniel Azulay, desenhista e artista plástico, na TV, e copiava tudo o que ele fazia, os círculos, os traços, e assim fui desenvolvendo minhas habilidades. Adolescente, comecei a comprar livros sobre desenho e fazia cursos que me eram enviados pelo Correio”, lembrou.

Para completar, Josinaldo conta que a rua Nhamundá, onde nasceu, era repleta de outros meninos que também gostavam de desenhar e pintar.

“Eu a chamo de rua dos Artistas. Muitos daqueles meninos cresceram e se tornaram artistas dos bumbás, e outros de escolas de samba de Manaus, Rio e São Paulo”, revelou.

Seguindo o caminho de quase todos os adolescentes de Parintins, Josinaldo foi trabalhar no galpão do bumbá Caprichoso, mas o material utilizado na confecção das alegorias, cola e tinta, acabou por intoxica-lo e ele ficou com os pés bastante inchados.

“Resolvi que não queria aquilo. Iria pintar quadros e vendê-los. Foi quando meu amigo Glaucivan Silva pediu que eu o substituísse como professor na Escola de Artes Irmão Miguel de Pascale, do Caprichoso. O substitui um, dois anos, até que no terceiro ele, que estava cheio de trabalhos no boi e em escolas de samba, pediu que eu ficasse de vez. Nesse mesmo ano, 2000, fiz a faculdade de artes visuais”, contou.

Aberto a todos

No tempo livre, Josinaldo promovia cursos e ainda realizava pinturas em espaços comerciais. Chegou a ter uma banca de revistas, que vendeu e investiu numa escolinha, hoje administrada pelo seu filho mais velho. Há oito anos fez o concurso para ser professor no Cláudio Santoro, passou e desde então dá aulas no Liceu. Além das telas, o parintinense também faz esculturas, painéis em cimento, mosaico e agora é grafiteiro.

“Ensino para meus alunos que eles não devem ficar só querendo ser artistas do boi, como os adolescentes da minha época. Devem procurar outras profissões, porque hoje os bois têm muitos artistas e é difícil conseguir um lugar em qualquer um dos dois. Agora, com a pandemia, os artistas passaram por grandes dificuldades financeiras porque não sabiam fazer outra coisa”, declarou.    

Com o Salão de Artes Parintins em Cores, Josinaldo pretende que os artistas se projetem nacional e até internacionalmente.

“Atualmente o Coletivo reúne 54 artistas plásticos, uns pertencem aos quadros dos bois, outros vivem de suas telas e esculturas. E o Salão está aberto para qualquer artista. Ano passado um rapaz da ilha do Marajó mandou sua tela e esse ano ele disse que vem pessoalmente trazendo um trabalho. Uma artista de São Paulo quer participar desse 7º Salão. Estamos abertos a todos os artistas para que possamos conhecer e compartilhar novas tendências, bem como abrir espaços fora de Parintins”, finalizou.

Quem desejar conhecer, e adquirir, obras dos parintinenses antes do Salão, pode acessar o Instagram @amazoniaarts. 17 deles estão com obras publicadas lá. Outras informações: 9 9104-2847. Face: Josinaldo Matos.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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