Pesquisar
Close this search box.

Numismatas buscam e estudam moedas, medalhas e cédulas

Parabéns numismatas, colecionadores de moedas, medalhas e cédulas

Hoje é o Dia do Numismata. Ontem, coincidentemente, o Museu de Numismática de Manaus completou 120 anos. Numismata é o colecionador e estudioso de moedas e medalhas, e por extensão de cédulas. O 1º de dezembro foi escolhido pela Sociedade Numismática Brasileira porque a Igreja Católica comemora nessa data o nascimento de Santo Elói, ourives, em 659, considerado o padroeiro dos numismatas.

museu
Museu de Numismática de Manaus completou 120 anos

Manaus possui alguns poucos numismatas, que preferem permanecer no anonimato, já que em suas coleções reúnem peças raras e bem valiosas. Quem circula entre estes colecionadores já há algumas décadas, é o comerciante Robervan Melo.

Robervan se tornou comerciante de moedas e cédulas por acaso. Um dia, em 1987, desempregado, de posse de algumas moedas, o rapaz resolveu vendê-las para fazer algum dinheiro. Montou uma banquinha na rua mesmo, numa das laterais do Hotel Amazonas, próximo à entrada da antiga Selvatur agência de turismo.

“Aí as moedas começaram a vender, não para os manauaras, mas para os turistas, que naquela época enchiam as ruas do Centro atrás dos produtos importados da Zona Franca. Notava que eram pessoas do Sul. O pessoal de Manaus, como até hoje, não tinha o hábito de colecionar moedas e cédulas e muita gente ia até minha banquinha para vender moedas que tinha guardadas em casa, e peças valiosas. Até agora existe somente um grupo seleto de colecionadores”, contou.

Como naquela época Robervan já mantinha contato com integrantes da Sociedade Numismática Brasileira, em São Paulo, começou a adquirir outras moedas para revender e viu que aquele comércio poderia ser interessante, sem falar de dois grandes colecionadores que o ajudaram bastante adquirindo suas peças: Ulisses Oyarzábal e Junot Frederico, este, diretor do Museu de Numismática.

Movimento das coleções

Com o tempo, os numismatas manauaras foram aparecendo e Robervan deu início a uma carteira de clientes, poucos, mas bons compradores.

“Quando eu comecei a vender moedas, já possuía uma pequena coleção de moedas e cédulas. Eu sempre gostei de colecionar essas peças, mas existe um dilema entre o colecionador e o comerciante. Geralmente o comerciante fala mais alto. Às vezes consigo peças que quero manter na minha coleção, até aparecer um colecionador que oferece um valor acima do mercado, aí não tem jeito. Vendo, na esperança de um dia conseguir peça similar”, riu.

Uma forma comum na movimentação das grandes coleções e peças raras no mundo, e agita colecionadores, é quando o dono dessas coleções e peças, morre. Em Manaus não é diferente. Nesses 33 anos circulando entre os colecionadores locais, Robervan já soube da morte de vários deles e foi o responsável por passar adiante o acervo que acumularam durante anos e até décadas.

“É a própria família que entra em contato comigo, pois conheço todos os numismatas de Manaus pelo fato de estar sempre apresentando novidades para eles, então, quando morrem, a família já me conhece e me procura para transformar em dinheiro aquela coleção. E compradores não faltam, até de fora de Manaus. Muitas vezes eles vêm imediatamente até aqui, para não perderem o material”, contou.

E quanto mais raras e valiosas, menor a possibilidade de as peças ficarem em Manaus.

“O material mais caro que já vendi pertencia a um grande colecionador. Eram 60 moedas de ouro do Brasil Império e libras esterlinas. Depois esse segundo comprador também morreu e eu tornei a vender as peças, agora para compradores que vieram de fora. Hoje essas peças não estão mais em Manaus. A circulação de coleções funciona assim. Uma hora estão aqui, depois já estão em outro lugar”, informou.

Réplicas falsas da China

Atualmente Robervan trabalha na venda de duas coleções, de dois colecionadores falecidos recentemente.

“Uma coleção tem mais de cinco mil cédulas e a outra possui entre 500 e 700 cédulas, porém, esta vale muito mais do que a anterior devido à raridade de suas peças. Uma venda pode ser rápida, ou demorada, depende muito do valor, da negociação, da proposta, da contra-proposta, mas sempre acontece”, afirmou.

O colecionador/comerciante diz que hoje existem bem mais colecionadores em Manaus do que quando ele começou, há mais de três décadas, mas prefere não dizer quantos ou quem são. Também diz que existem outros comerciantes.

“Há uma diferença entre o ‘ajuntador’ de moedas e o numismata. O numismata procura conhecer a história, a simbologia, a epigrafia, a heráldica, a geografia, a economia, e noções dos processos de metalurgia, e da evolução nas artes, entre outros, de cada peça”, ensinou.

E fez um alerta, principalmente para quem está começando nesse tipo de colecionismo.

“Hoje tem comerciante vendendo réplicas de moedas brasileiras fabricadas na China, com uma perfeição tal que só quem entende descobre a falsificação. A principal característica para se descobrir a diferença da moeda verdadeira pra falsa é o peso. A falsificada jamais vai ter o mesmo peso da verdadeira de ouro, ainda assim, indico às pessoas começarem com suas coleções, com moedas simples e baratas. O tempo vai refinar seu gosto e seu conhecimento, aí esse colecionador pode se transformar num numismata”, concluiu.      

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar