Pesquisar
Close this search box.

Pão que corre nas veias

Pão que corre nas veias

Quem na manhã de hoje, não acordou e tomou aquele delicioso café da manhã acompanhado de um pão quentinho? Pois é. Hoje é o Dia Mundial do Pão, data criada em 2000, pela União Internacional de Padeiros para celebrar esse alimento consumido em todo o planeta.

Em Manaus temos padarias e pães para todos os gostos, do popular pão francês àqueles sofisticados preparados com os melhores ingredientes e por abnegados empreendedores, donos de padarias.

Em 1982 José Roberto tinha um emprego garantido mas, a pedido de um amigo, nas horas vagas, começou a entregar pães. Nem demorou para José perceber que realizando aquele trabalho, muito puxado, certamente, ganhava bem mais do que no seu emprego, e nem pensou duas vezes para pedir as contas e se dedicar somente a entregar pães.

“Cobríamos vários bairros de Manaus. Começávamos à 1h da manhã e acabávamos às 7h. Depois voltávamos ao meio-dia e encerrávamos às 18h. Íamos numa Kombi velha, que às vezes pregava no caminho, cheia de pães”, lembrou Zeina Russo, esposa de José Roberto que, junto com o filho Wellington, então com oito anos, acompanhava o marido nas viagens.

Foram três anos nessa luta até que, finalmente, o casal conseguiu alugar sua própria padaria, em Petrópolis.

“Mas continuamos na correria das entregas. O que mudou é que passamos a produzir os pães que vendíamos”, contou.

Pão sempre quentinho

Mais dois anos e José Roberto e Zeina alugaram uma padaria melhor ainda, no Alvorada. No ano seguinte conseguiram comprar a casa própria, no conjunto Ajuricaba.

“Enquanto estávamos na padaria, no Alvorada, transformávamos a casa do Ajuricaba numa padaria. Quando finalmente já estávamos com todo o maquinário pronto pra funcionar, mudamos pra cá e a padaria ganhou um nome, Panificadora e Confeitaria JR, funcionando inicialmente na garagem. Nosso diferencial é que o pão estava sempre quentinho. De 15 em 15 minutos fazíamos uma fornada nova. Fazia fila aqui na frente pra comprar nosso pão”, recordou.

“Meu marido dizia que não sabia por que, uma padaria, uma fábrica de pães, não servia pão quentinho. Fomos a primeira padaria de Manaus a ter o dia inteiro, pão quente, pois as fornadas não paravam”, falou.

Nessa época o empreendimento do casal já ia tão bem que eles nem se preocupavam mais em fazer as rotas. Os clientes vinham até a loja.

“Outro diferencial adotado por José Roberto foi manter permanentemente a limpeza e a higiene da loja. Ele contratou um funcionário somente para fazer a limpeza da padaria durante o tempo que ela estivesse aberta”, disse.

Uma característica do casal foi manter o filho Wellington permanentemente junto com eles observando como o empreendimento funcionava. Nas primeiras rotas, o menino já acompanhava os pais.

“Varávamos a madrugada correndo pelas ruas de Manaus, para dar tempo de entregar todos os pedidos. O pai parava a Kombi na frente da taberna, eu saía com o pedido, entregava para o responsável, ele me passava o pagamento e a gente já seguia pra taberna seguinte, tudo isso feito em minutos”, relembrou Wellington.

Uma padaria de presente

Wellington, fiel escudeiro dos pais, não recebia salário pelos trabalhos que fazia, mas o casal não deixava que lhe faltasse nada. Em 1992, quando completou 18 anos, o rapaz ganhou de presente, nada mais nada menos, do que uma padaria, construída pelos pais especialmente para ele, a Brioche, no conjunto Santos Dumont.

Em 2000 a Panificadora e Confeitaria JR mudou de nome. José Roberto e Zeina se separaram e ela ficou com a padaria que passou a se chamar Requinte Pães e Tortas.

“Meu pai até que tentou outros trabalhos, porque dizia estar cansado da correria de uma padaria, mas dois anos depois ele largou esses outros trabalhos e abriu a Pão Dourado, no Ouro Verde. Os pães estão nas nossas veias. Não tem pra onde correr. Ainda tem um tio meu, que também tem uma padaria, e uma irmã de criação também tem. Estou aguardando ver o que meus três filhos decidem”, avaliou Wellington.

Durante o isolamento social, como as demais padarias da cidade, a Requinte, a Brioche, e a Pão Dourado não fecharam suas portas. Nem poderiam. Como deixar de fornecer o alimento básico da população?

“Mas reforçamos as medidas de segurança e o delivery. O delivery se mostrou tão promissor, que eu pretendia abrir mais uma loja este ano, mas voltei atrás depois que vi os resultados expressivos que tivemos com as entregas durante o isolamento social. O delivery é muito mais negócio”, avisou.

Além da padaria, os três empreendedores investem em outros segmentos gastronômicos, como o buffet para empresas e o item que tem feito mais sucesso no delivery: as cestas de café da manhã e chá da tarde.

“Antes estas cestas eram enviadas somente em datas específicas como Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais, mas hoje as pessoas perceberam que elas são um excelente presente em qualquer momento”, revelou Wellington.

E o produto que, com certeza, mais faz sucesso nas cestas é o pão, com variados tipos e modelos.    

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar