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Panificadora e Confeitaria N. Sra. de Fátima completa 45 anos

Os portugueses foram os primeiros estrangeiros a chegar à localidade onde hoje está Manaus, em 1669. Fundaram e protegeram a cidade de outros estrangeiros, e também foram os primeiros a movimentar a economia do incipiente vilarejo criando comércios. E tem sido assim até hoje. É o povo que mais veio morar em Manaus e aqui viveu e deixou seus descendentes. Com Artur Dias Nogueira não foi diferente. Em 1951, com apenas 17 anos, ele partiu da vila de Angeja, no litoral de Portugal, rumo a Manaus. Interessante que o último censo feito na localidade, em 2011, mostrou que viviam em Angeja 2.073 pessoas. No censo de 1950, um ano antes de Artur deixar o local, a população de Angeja era de 2.072 pessoas.

Mas Artur não veio a esmo para a capital amazonense. Aqui já viviam dois de seus tios, Emílio e Jeremias Nogueira, pioneiros na implantação da indústria de panificação na cidade, e bem sucedidos nos seus negócios.

Naquele ano, há 70 anos, no porto de Leixões, o jovem embarcou no navio inglês HMS Hilary, que fazia linha de Liverpool, na Inglaterra, até Manaus, e uma das escalas era o porto português.

O HMS Hilary era um navio de passageiros a vapor, da empresa Booth Steamship Company, construído em 1931 e desmantelado em 1959. Passou grande parte de sua carreira em um serviço regular entre Liverpool e Manaus. Foi o maior navio que a Booth já possuiu, tanto em comprimento quanto em tonelagem. Também tinha os motores mais poderosos entre os navios da empresa. Durante a Segunda Guerra foi utilizado pela Marinha Real, de 1941 a 1942, como navio oceânico, e de 1943 a 1945, como navio de desembarque, infantaria e navio-sede. Além de portugueses, trouxe muitos outros europeus para a Amazônia.

Em setembro de 1951 o HMS Hilary chegou a Manaus.

Primeiro empreendimento

Naquele ano a economia do Amazonas ainda estava combalida, fazia 40 anos, desde o fim do monopólio do comércio da borracha por Manaus e Belém, em 1911. A cidade não regredia, mas também não evoluía com os seus cerca de 150 mil habitantes, para Arthur, com certeza, uma grande cidade, com belos casarões herdados dos tempos da bonança da exportação gomífera.

Empreender com comida sempre foi um negócio lucrativo, tanto que os tios de Artur estavam muito bem na panificadora. Ele foi trabalhar na fábrica Progresso, de um dos tios, localizada no Centro e, apenas três anos depois, em 1954, se tornou sócio do primo Mário Nogueira, na padaria Santo Antônio, na Cachoeirinha.

Mas a visão de empreendedor de Artur não parou por aí. Junto com a esposa Marisa Lobato, há 45 anos, em 1976, ele fundou a Panificadora e Confeitaria N. Sra. de Fátima, na Raiz. A data de fundação foi 1º de julho daquele ano, comemorada desde então por Artur e Marisa.

Marisa e Artur, paixão na vida e nos negócios – Foto: Divulgação

“Este ano, pelo fato de ser uma data ‘redonda’, 45 anos, fizemos uma comemoração ainda maior. Gravamos mensagens de amigos nossos, clientes desde o início, brasileiros, portugueses, uns que moram aqui em Manaus, outros que vivem em Portugal, e estamos publicando em nossas redes sociais, todos brindando com um bom vinho português mais um ano de existência da Importadora N. Sra. de Fátima”, falou Joaquim Nogueira, filho de Artur e Marisa, hoje à frente da empresa. O casal sempre visita a loja observando o resultado satisfatório de seu trabalho iniciado há mais de quatro décadas.

Início da importadora  

Quando a Panificadora e Confeitaria N. Sra. de Fátima foi inaugurada em 1976, Joaquim era um menino de nove anos de idade, e todos os sábados o pai o levava para a loja. Ficou gravada na sua lembrança a fartura de produtos vendidos na panificadora e confeitaria: vinhos, manteiga, paio, doces, biscoitos e pães de Portugal.

Com 14 anos, ele começou a trabalhar na N. Sra. de Fátima e ali desenvolveu o senso do empreendedorismo, observando a atuação do pai. Com 18 anos viajou para a Europa e trouxe os primeiros produtos importados diretamente.

“Em 1992 a panificadora e confeitaria cedeu lugar à importadora. Foi quando introduzimos a importação de vinhos e alimentos gourmet para distribuição em supermercados, restaurantes e bares, não só no Amazonas, mas também em outros Estados da região”, lembrou.

Bolinhos de bacalhau norueguês banhados com azeite português são tradição na N. Sra. de Fátima – Foto: Divulgação

Joaquim observou que Manaus possuía uma deficiência de bons vinhos, então começou a trazê-los de São Paulo e Rio de Janeiro, depois passando a importá-los direto de outros países. A importadora foi sendo abastecida com o que havia de melhor na Espanha, Chile, Argentina, França, Itália, Noruega, Colômbia e, além dos vinhos, vieram espumantes, champanhes, azeites, bacalhau, biscoitos e chocolates.

“Atualmente temos mais ou menos 500 itens diferentes na loja. Só a nossa adega possui cerca de 250 rótulos de vinhos. O objetivo, para os próximos 45 anos, é aprimorar cada vez mais o nosso portfólio com produtos de qualidade para continuar agradando os clientes”, afirmou.

Adega possui cerca de 250 rótulos de vinhos – Foto: Divulgação

E se depender da descendência, o filho de Joaquim, João Victor Nogueira, 25, já ajuda o pai, sob os olhos dos avós, a dar continuidade ao legado da N. Sra. de Fátima.         

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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