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Pandemia eleva custos da construção civil em quase 40%

Pandemia eleva custos da construção civil em quase 40%

A pandemia elevou o custo dos insumos da construção civil no Amazonas, como aço, cimento e tijolo, entre 24% a 37%, em média. No caso de componentes específicos, como tabuas de madeira, o acréscimo chegou a 130%. Os aumentos foram detectados por levantamento interno do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas) e sinalizam ser mais elevados que a média nacional.  

Sondagem realizada pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) junto a 462 empresas localizadas em 25 unidades federativas de todo o país – cinco delas, no Amazonas – confirma isso. Embora o Amazonas não esteja entre os nove Estados onde os aumentos foram mais abrangentes e se estenderam a 80% dos insumos empregados pelo setor, o incremento médio em cada um deles não passou muito da marca dos 10% ou 15%.

No estudo da CBIC, o item onde há maior relato proporcional de aumentos é o cimento (95%), mas o acréscimo não passou de 10% para a maioria das empresas sondadas (59%). Cabos elétricos (90%) e aço (87%) também estão na lista onde o aumento de preço foi mais percebido pelas construtoras, mas  nível de acréscimo ficou no mesmo nível. 

No Amazonas, a sondagem do Sinduscon-AM apontou aumentos de 27,91% a 37,50% para o valor cobrado pela saca de 42,5 quilos de cimento, sendo que o preço variou de R$ 27,50 a R$ 33, em três revendedores listados. O milheiro do tijolo sofreu expansões de 21,57% a 25% nos valores cobrados no balcão, no mesmo período. Estes variaram de R$ 600 a R$ 620. Na pesquisa da CBIC, as cinco empresas ouvida relataram ter pagado entre R$ 690 a R$ 1.000 pela mesma medida, mas a maioria (40%) cravou em R$ 900.

Carta aos fornecedores

Por conta disso, o Sinduscon-AM anexou as informações a uma carta endereçada a seus fornecedores e parceiros. No documento, a entidade busca renegociar contratos para evitar que o prejuízo das construtoras se estenda até um ponto em que a conclusão de suas obras possa ser comprometida pela redução de caixa empresas.

No documento, a entidade aponta “o abusivo aumento” dos preços de insumos básicos utilizados em suas obras, constatado em compras recentes e através de pesquisa de mercado realizada pelo sindicato com as principais empresas do setor. No mesmo ato, externa sua preocupação com o “desequilíbrio” nos contratos já firmados anteriormente e os preços praticados hoje, “cujos índices de aumento não são suportáveis em suas planilhas”.

“Trabalhamos de forma árdua para tornar possível e viável esse equilíbrio entre empresas associadas e o mercado da cadeia da construção civil. Temos nos posicionado perante fornecedores de materiais e entidades de proteção ao consumidor de forma firme, para que tenhamos equilíbrio de preços baseado na inflação vigente e se tenha uma previsibilidade de entrega do volume de insumos mínimo que atendam os projetos em construção no momento”, reforçou a carta. 

Descompasso e logística

No entendimento do presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, há um descompasso entre as regiões brasileiras onde os fabricantes de insumos estão instalados, que não poderiam produzir pelo recrudescimento da pandemia em nível local, dificultando também o envio outras localidades do país em que a situação está mais amena e o setor voltou a trabalhar com mais intensidade, a exemplo do Amazonas.

“Nossos aumentos são superiores ao restante do país em produtos básicos, como areia, cimento, tijolo, aço, concreto. Eles estão tendo dificuldades de mandar para cá e já temos uma logística complicada que faz com que esse translado leve uns 30 dias pelo menos. Todos os materiais de construção subiram. Na carta falamos de desequilíbrio de contratos, porque há preços contratados que eram R$ 10 e agora passaram para R$ 15, por exemplo”, desabafou.

Frank Souza diz que a entidade tem mandado cartas relatando a dificuldade endereçadas também aos Procons e entidades e órgãos de proteção ao consumidor e argumenta que os preços para o setor estão fora da curva da involução dos valores da inflação oficial e da taxa de juros básica, em meio à pandemia e às mudanças de hábitos do consumidor em quarentena.

“Com esse nível de preços que está aí, não tem como você achar que vai subir. Como é que você vai ter uma inflação de 3%, uma taxa Selic de 2% e vai ter que encarar aumentos de 15%, 20% e 25%? O grande problema é que estamos em um momento muito bom de vendas para a construção civil, mas nos deparamos com esse outro problema. Todo mundo quer investir em moradia, porque deixou de viajar e ter outros gastos supérfluos. Mas, esses aumentos atrapalham, além do fator mais grave de que está faltando insumo para a atividade. É uma equação ruim de resolver”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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