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“Panc” podem agregar valor a alimentação saudável

Num mundo cada vez mais faminto por alimentos nutritivos e saudáveis, estamos cercados por eles e nem percebemos, mas não os percebemos porque desconhecemos seu potencial. São as panc (plantas alimentícias não convencionais), palavra criada pelo biólogo e doutor em agronomia, o carioca Valdely Kinupp, que desde 2014 possui um sítio no ramal do Brasileirinho onde mantém cerca de 300 variedades de panc.

Kinupp se tornou um nome conhecido, e respeitado, nacional e internacionalmente pelo trabalho de pesquisa que desenvolve em seu Sítio Panc onde não só cultiva as plantas, como também ensina sobre seus benefícios através de visitas técnicas que realiza para qualquer grupo de interessados.

Pesquisas indicam que existem cerca de dez mil espécies de panc nativas, no Brasil, mas o que vemos no prato dos brasileiros são saladas à base de verduras e legumes vindos de muito longe: tomate (Andes), alface (leste do Mediterrâneo), pimentão (México) e pepino (Índia), depois que temos uma infinidade de plantas comestíveis em nossos jardins, quintais e sítios.

“Desde que comprei este sítio não derrubei uma única árvore, ao contrário, plantei foi uma infinidade de novas plantas, mas a primeira coisa que as pessoas fazem quando compram um sítio (aqui mesmo no ramal), é derrubar tudo e plantar grama. Depois instalam um ar-condicionado, por causa do calor, e vão comer salada de alface com tomate”, disse.

Kinupp, “dá para se criar uma infinidade de outros produtos alimentícios com as panc” – Foto: Divulgação

Agregando valor

Não só aproveitando o potencial in natura das panc, agora o biólogo está agregando valor aos alimentos, transformando-os em geleias, desidratados, conservas e picles, e polpas.

“Dá para se criar uma infinidade de outros produtos alimentícios com as panc, bastando ter um pouco de conhecimento e criatividade”, ensinou.

Só geléias são oito sabores, como a de jenipapo, fruto originário da América Central e do Sul e sobre o qual muitas pessoas conhecem apenas o suco feito da massa. A geleia produzida por Kinupp é preparada com a polpinha (placenta) do fruto, que reveste as sementes.

Quanto ao cupuaçu, fruto amazônico, quem é daqui sabe prepará-lo de diversas formas, do suco acompanhado das sementes, ao inigualável doce, e até mesmo a geleia. A geleia idealizada por Kinupp tem o caroço (semente) triturado no liquidificador junto com a massa.

Geleias com vários sabores – Foto: Divulgação

“E ainda vamos apresentar o produto final dentro da própria casca da fruta, trabalhada artesanal e artisticamente”, adiantou.

Sobre o mamão, fruto nativo do México, além da geléia, Kinupp destacou as sementes, que podem ser consumidas como vermífugo (mastigadas em uma colher de sopa tão logo retiradas do fruto, uma colherada por fruto) ou transformadas num produto picante.

“Basta deixá-las secar, depois pila-se até virarem pó, como o pó da pimenta do reino. Ficará tão picante quanto esta. As flores do mamoeiro podem ser servidas na salada”, completou.

E quem vê a beleza rosa das flores do jambeiro, nativo da Ásia, nem imagina que elas podem ser transformadas num magnífico sorbet enriquecido com outras frutas, como a banana, por exemplo. Um diferencial da flor é, como poucas, poder ser congelada durante meses sem perder suas qualidades alimentícias.

Outras geleias preparadas por Kinupp, além do próprio jambo, são as de buriti, fruto amazônico; de limão caiano, originário da Malásia; e de marmelo, também originário da Ásia.

Flores de jambo e bucha com sabor de pepino – Foto: Divulgação

“O extrato do marmelo substitui facilmente o extrato de tomate”, revelou.

Serviços disponíveis

Para saber mais sobre as panc, basta ler o livro de Kinupp, ‘Plantas alimentícias não convencionais (panc) no Brasil’, no qual ele lista centenas de plantas, seus aspectos nutricionais e receitas. Lá estão o saião, tagete, tansagem, ora-pró-nobis, peixinho, amor-perfeito, dente-de-leão, major-gomes, erva de jabuti, beldroega, e taioba, a maioria encontrada até na beira de ruas e estradas, mas, atenção. Não consuma estas, pois podem estar contaminadas pela poluição. Consiga uma forma de plantá-las na sua casa, no jardim ou mesmo em vasos.

No Sítio Panc, com três hectares de tamanho, Valdely Kinupp não só cultiva e desenvolve novos produtos idealizados a partir das panc, como presta outros serviços para os interessados no assunto.

“Oferecemos o ‘Sítio Tur’, ou visita técnica, no qual a pessoa ou grupo de pessoas vai conhecer todo o sítio e as plantas. Lá no fundo temos um pequeno lago onde criamos peixes, inclusive pirarucus. Possuímos uma hospedagem estilo hostel na qual o hóspede pode ficar o tempo que quiser e com a alimentação toda à base de panc. Para completar, disponibilizamos o serviço de Day Use”, informou.

Quer adentrar no universo da alimentação panc? Seguem algumas dicas encontradas no Sítio Panc: pecíolo da vitória régia, planta aquática amazônica, empanado e frito; picles de pepininho do Himalaia; bucha, nativa da Índia, e que substitui o pepino; e licores dos nossos açaí, cupuaçu e buriti.

Licores de frutos amazônicos

Para mais informações: 9 9585-2053.              

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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