Pesquisar
Close this search box.

Paisagens de Navarro aguardam visita dos manauaras

Evaldo Ferreira: @evaldo.am

Fotos: Divulgação

Os amantes da natureza devem agendar no dia 12, sexta-feira, no Centro Cultural Palácio da Justiça, a abertura da exposição ‘Formas da paisagem’ de ninguém menos que o mestre das imagens, o venezuelano/brasileiro Carlos Alberto Navarro Infante. A exposição, que tem o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, ficará aberta à visitação pública gratuita de terça-feira a sábado, das 9h às 17h.

“As formas estão em todas as manifestações da natureza. O fotógrafo Carlos Navarro realizou intensa pesquisa em suas viagens pelo interior do Estado captando imagens relacionadas com formas humanas, animais, objetos e atos naturais, além de composições com o rio, a terra e a floresta em chamas, devastada, ou em contemplação respeitosa”, escreveu o curador Sérgio Cardoso, na apresentação da exposição.

“Eu produzi essas fotos nos últimos cinco, seis anos, em viagens principalmente para Presidente Figueiredo onde cliquei suas principais cachoeiras, mas também direcionei minha máquina para a natureza, a água, rios, igarapés, o lago de Balbina, árvores. São mais de mil imagens dentre as quais foram selecionadas estas para a exposição”, falou Navarro.

A coleção de ‘Formas da paisagem’ reúne 58 fotos coloridas e em preto e branco nas quais é mostrada a destruição da floresta, a beleza objetual de pedras e troncos, os galhos que emergem dos rios nas vazantes e o bucolismo da paisagem formando o conjunto visual de mais uma entre as dezenas de exposições já realizadas por Navarro, o mais longevo dos fotógrafos amazonenses, imortalizando imagens há 56 anos.

Legado para os manauaras

Outra exposição de Navarro que pode ser vista no Icbeu (av. Joaquim Nabuco, 1286 – Centro) desde o dia 14 de junho é ‘Registro’, com 52 fotos. Entre as obras, também coloridas e em preto e branco, Navarro retrata a arquitetura e a memória cultural de Manaus em registros no entorno do Teatro Amazonas, às margens do rio Negro e no cotidiano dos manauaras.

“A obra de Navarro resulta do seu olhar estrangeiro que se adequou nos últimos 49 anos na cidade que o acolheu para passar apenas um tempo e ficou por toda a sua vida, constituindo família, adquirindo conceito profissional e trilhando uma trajetória de ‘caminhador’ espontâneo, buscador dos fatos e consequentes fotos”, disse Sérgio Cardoso, que também é curador da exposição ‘Registro’.

“Essa exposição no Icbeu vai além de uma exposição de fotos. Ela será enriquecida com palestras informativas sobre a arte da fotografia. Na quinta-feira, 11, acontece naquele espaço do Instituto uma palestra de Beto Moura ensinando a como montar uma exposição fotográfica. No olhar do leigo, parece simples. É só colocar uma imagem ao lado da outra e pronto, mas o Beto vai mostrar que não é bem assim. Precisa haver uma combinação, uma harmonia, do que está sendo apresentado para o público”, explicou Navarro.

O fotógrafo adiantou que, a partir da próxima semana acontecerão diversas palestras, estas com profissionais das imagens, todas gratuitas.

“Em outubro retomo os meus cursos para iniciantes, a partir dos 16 anos. Eles serão realizados no Misam (Museu da Imagem e do Som do Amazonas), localizado nas dependências do Palacete Provincial. Esse é o legado que pretendo deixar para os manauaras, profissionais na arte de fotografar”, declarou.

Entrou para a história

Navarro nasceu em Caracas e, com 17 anos, chegou a ser guerrilheiro, lutando contra o governo de seu país, embrenhado na floresta amazônica. Preso pelo Exército, depois foi solto seguindo, exilado, para Barcelona, na Espanha. Na capital espanhola concluiu que era mais negócio ter uma máquina fotográfica como arma. Em 1966, se formou em fotografia, indo se especializar na Suíça e na Alemanha na área de processamento de cores.

Em 1973 Navarro chegou a Manaus com vasto conhecimento técnico na área, e foi aí que entrou para a história baré ao trazer para a capital amazonense o processo de impressão de fotos coloridas. Contratado pela empresa Sonora, do empresário Nuno Caplan, o venezuelano montou um laboratório onde esse serviço era realizado, fazendo com que Manaus se tornasse a primeira cidade no Norte a possuir um estúdio de revelação de fotos coloridas, uma maravilha para a época.

Carlos Navarro veio a Manaus apenas montar o laboratório, sem pretensões de permanecer aqui, mas ele foi ficando, ficando, casou, teve filhos, e se tornou um manauara apaixonado pela cidade e pela Amazônia. Já formou vários profissionais através dos cursos que ministra, e pretende continuar assim fazendo.

“Fotografar, para mim, é uma arte e como tal, exige do fotógrafo a apurada percepção de momentos singulares, que podem eternizar uma imagem. Além de fotógrafo, me considero um documentarista”, concluiu.

Quer conhecer mais sobre as imagens de Navarro? Face: Carlos Alberto Navarro Infante.

***

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar