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Pagar dívidas mudando de hábitos

Se você passa em um farol vermelho e leva uma multa, pagará por sua infração e não terá mais dívidas com a sociedade. Pode até sentir-se tranqüilo para cometer outras infrações, sabendo que poderá pagar seus débitos e continuar sua vida normalmente. Mas e se, ao passar no farol vermelho, atropelar uma pessoa, ou pior, uma criança? Imagino que o sentimento de culpa será enorme. “Uma criança inocen te, com uma vida inteira pela frente. Poderia ser meu filho.” É engraçado como nos sentimos responsáveis por nossa família.
Parece um pouco exa gerado, mas esse exemplo pode encontrar um paralelo nas discussões relativas ao meio ambiente. E talvez a maior delas, hoje, seja a preocupação com o aquecimento global. O fenômeno, percebido claramente em todo o mundo, tem mobilizado gover nos, empresas e cidadãos. Quem estiver atento à sua responsabilidade sobre o futuro do planeta já deve ter parado para pensar o que poderia fazer para minimizar o impacto de suas ações no meio ambiente e na sociedade como um todo.
Com isso, também tem crescido cada vez mais a procura por sistemas que neutralizem a emissão de carbono na atmosfera. A prática mais comum é a plantação de um número determinado de árvores que “consumiriam” o carbono produzi do pela atividade humana em questão. É como se estivéssemos pagando nossa dívida com a floresta, para poder continuar com nossas atividades normalmente.
Os benefícios dessas ações são claros e palpáveis. É inegável que, dessa forma, está-se, no mínimo, buscando um equilíbrio desejável. Assim, cada pessoa envolvida nesse processo pode deitar a cabeça tranqüilamente em seu travesseiro, pois está fazendo a sua parte. – Pode mesmo?
Deixando de lado também a exatidão dos cálculos utilizados, está por traz dessa situação uma questão delicada relacionada ao consumo. E, antes de mais nada, o consumo está ligado a hábitos. E hábitos fazem parte da cultura e são, portanto, atitudes enraizadas e de difícil mudança.
Será que ao mantermos nossos padrões de consumo, mas plantarmos árvores suficientes para neutralizar toda a nossa emissão de carbono, conseguiremos reverter o aquecimento global? E como ficam os processos de produção? E a extração de bens não renováveis? E a poluição dos rios e mares? E a desigualdade social? E a responsabilidade que estamos – ou não – transferindo para nossos filhos?
Apóio todas as ações que procuram minimizar nosso impacto no planeta, mas acredito que a principal atitude para realmente começar a reverter esse quadro ainda está em estado embrionário. Acredito na mudança de hábitos para a real transformação necessária. Aposto em iniciativas que promovam a conscientização com relação ao consumo e às práticas diárias de sustentabilidade.
Para começar, precisamos rever nosso consumo de água, energia e alimentos, além do meio de transporte que utilizamos. Minimizar o desperdício e encontrar formas de reutilização de material, como é o caso da reciclagem, são as primeiras atitudes a se tomar. Além disso, existem muitos projetos e iniciativas que pretendem descobrir novas maneiras de consumir em menor escala os recursos do mundo em que vivemos.

Ana Lúcia Berndt é jornalista e diretora de Novos Projetos da Soma e professora de Comunicação Organizacional.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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