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Pães para mil e um dias

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Acredita-se que o primeiro pão tenha sido produzido há seis mil anos, mas até hoje ele pode surgir como novidade, como no caso do pão árabe, encontrado na Panificadora Oriente, a primeira em Manaus a produzir o saboroso alimento trazido das distantes terras árabes por Musa Abdeuqader Imwas e Nedal Ali, proprietários da casa.
“Sempre que a comunidade árabe manauara queria consumir o pão árabe tinha que comprar em supermercados o produto vindo de São Paulo por um preço acima do normal, então tive a ideia de fabricá-lo aqui mesmo (R$ 12, o quilo), mas foi preciso trazer primeiro um forno específico para fazê-lo. Dá pra fazer também o pão folha (R$ 13, o quilo) e o pão com gergelim (R$ 14,99 o quilo)”, contou Mussa, que inaugurou a panificadora em outubro do ano passado.
Apesar de a comunidade árabe existir há mais de um século em Manaus, somente agora seus integrantes poderão se deliciar diariamente com algumas iguarias de sua região no Oriente Médio produzidas por uma panificadora. “E trata-se de um alimento saudável, light, com poucas calorias e quase sem massa. Além do trigo, leva pouco sal, pouco açúcar e pouco fermento, e o mais importante, não colocamos produtos químicos”, acrescentou.
Mussa ensina, inclusive, aos iniciantes a forma árabe tradicional de se comer o pão. “Pega-se um pedaço dele e mela-se numa pasta preparada com produtos naturais”, explicou. Na Oriente são servidas três variedades de pastas com temperos variados: a de humus, feita à base de grão de bico; a lebane, ou coalhada seca (nas arábias se usa o leite de cabra, mas em Manaus o leite é de vaca, o que não altera muito o sabor da coalhada, disse Mussa); e a babaranud, à base de beringela assada. Como detalhe decorativo, pitadas de sumag (condimento feito com uma planta nativa) e azeite. “Os pães, tanto o árabe quanto o folha e o com gergelim, mais as pastas são servidos no café da manhã em nossa terra, acompanhados por chá preto com folhas de hortelã, café ou leite de cabra, bebidas encontradas na Panificadora Oriente (menos o leite de cabra)”, falou.

Kibes e esfihas também no cardápio
Mas nem só de pães vive a Oriente. Outras delícias podem satisfazer a sheiks e califas. O falafel tradicional, para nós brasileiros, mais parece um tira-gosto, mas em países muçulmanos, onde a bebida alcoólica é proibida, o pequeno bolinho feito à base de grão de bico recheado com salsa, cebola e outros condimentos tanto pode ser comido por unidade (R$ 0,50) quanto como recheio de sanduíche. “O pão árabe pode ser aberto e em seu interior se coloca quantos falafels se quiser. Isso é muito comum na minha cidade (Hebron, na Palestina)”, recordou. Ainda existe o falafel recheado, em tamanho maior, consumido como salgado (R$ 1,00).
Falando em salgados, duas dessas iguarias bem consumidas nas lanchonetes brasileiras são os kibes e as esfihas, que todos sabem serem árabes. “Aqui na panificadora o kibe (R$ 3) é exatamente como o feito na minha terra, com carne de primeira, hortelã, castanha, cebola, limão e outros condimentos e não tem variações, diferente das esfihas. Temos 15 variedades diferentes delas, com verdura, de frango, com queijo, e as mais solicitadas, a com espinafre e a zatar, com gergelim e azeite (abertas: R$ 2,50 e fechadas: R$ 3)”, revelou o proprietário.
Ainda podem ser encontrados o pão doce com gergelim, o pão mini, muito consumido pelas crianças e a chawerna (comum em São Paulo e uma quase novidade em Manaus), o churrasco grego, preparado com carne de primeira, vários temperos e molho tartur para recheio dos sanduíches (R$ 10,).
“Nosso objetivo é fazer com que o povo árabe, que vive tão bem em Manaus, nunca esqueça de nossa terra, mas que os manauaras também passem a conhecer e admirar nossa gastronomia”, concluiu Musa.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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