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Otimismo renovado no varejo com Dia das Mães

Diferente do ocorrido na Páscoa, as vendas do Dia das Mães apresentaram crescimento acima do esperado pelo varejo local. De acordo com a CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus), a alta foi de 4,2% sobre os resultados obtidos na mesma data comemorativa de 2021 –período em que o setor ainda estava em processo de retorno gradual das atividades, por conta da segunda onda de Covid-19. Com isso, a receita bruta superou os R$ 153 milhões. A expectativa da entidade, mostrada em pesquisa divulgada à imprensa, era avançar 4% e faturar R$ 3 milhões a menos.

O ticket médio também não decepcionou. O levantamento mostrava o predomínio das faixas de compras de R$ 101 a R$ 200 (37,40%), entre R$ 51 e R$ 100 (33%) e até R$ 50 (18,10%). ⁰   A corrosão inflacionária nos orçamentos domésticos contribuiu para a preferência por itens de menor valor agregado, no lugar dos tradicionais eletrodomésticos das linhas branca e marrom.

Diferente do previsto, vestuário e calçados –que haviam pontuado 34,40% e 24,60% das intenções de compra na capital, respectivamente –saíram na frente em termos de volumes de vendas, superando o favoritismo de perfumaria e cosméticos, que aparecia com 41,50% das escolhas. Almoço/jantar vieram na sequência, assim como bolsas e acessórios, joias/relógios, cama, mesa e banho, eletrodomésticos e flores. Celulares, eletroeletrônicos e viagens ficaram no rodapé, assim como produtos esportivos.

O consumidor de Manaus confirmou que os locais de compras preferenciais continuam sendo os shopping centers, que já apareciam respondendo por 37,40% das escolhas. O Centro (31,80%) e os comércios de bairros (6,70%) vieram nas posições seguintes. A realidade contradisse as projeções nas formas de pagamento. A expectativa era que as compras à vista –dinheiro (41%) e cartão de débito (27,20%) –somassem maioria. Mas o cartão de crédito parcelado, que aparecia com 37,40% dos votos dos entrevistados, voltou a predominar, sendo seguido pelo cartão de crédito à vista (8,20%) e pelo Pix (22,60%).

Pandemia e chuva

O presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag, reforçou que o diferencial do Dia das Mães deste ano, quando comparado ao de 2021 é o impacto positivo do arrefecimento da pandemia no funcionamento e capacidade de venda dos estabelecimentos, e também na confiança dos consumidores. De acordo com o dirigente, os resultados só não foram melhores por causa das chuvas, o que ajudou a reforçar a primazia dos centros de compras da capital, como opção dos retardatários que deixaram para adquirir o presente na reta final da data comemorativa. 

“O motivo do crescimento é a maior segurança quanto ao emprego e o aumento de ofertas de vagas no mercado de trabalho. E há também a vontade de fazer confraternizações, já que no ano passado tudo foi muito mais difícil, e havia muito mais restrições. Tanto é que os restaurantes estavam lotados. Mas, choveu na tarde da sexta (6) que antecedeu o Dia das Mães, e isso atrapalhou as vendas do comércio do Centro e dos bairros”, frisou, acrescentando que as chuvas podem gerar retrações de até 50% no fluxo das lojas de rua. 

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o dirigente destacou o pagamento do 13º do funcionalismo público do Estado e dos aposentados e pensionistas do INSS como fatores adicionais de aquecimento. Assayag explicou que, em virtude da proximidade do Dia das Mães com a Páscoa, a maior parte do comércio resolveu aproveitar o contingente de 300 novos funcionários anteriormente admitidos em abril. Mas, lembrou que não houve uma única contratação para ambas as datas comemorativas, em 2021.

Questionado sobre a possibilidade de o resultado do Dia das Mães ser um termômetro para os próximos meses, o presidente da CDL-Manaus preferiu não responder. Em conversa anterior com a reportagem, Assayag já havia apontado que o panorama segue volátil demais para projeções. “Tudo pode acontecer. Acabou de subir o valor do diesel e vai aumentar muito o nosso frete, atingindo violentamente o bolso de todo mundo. E ainda tem a situação do IPI, que não se sabe onde vai chegar. O impacto é muito forte e tem muito ataque na economia, em uma situação que muda da noite para o dia. Prefiro ficar atento, tentando trabalhar o dia a dia, até o fim de cada mês”, desabafou. 

“Compras comedidas”

Antes do Dia das Mães, e confrontado com os dados das pesquisas preliminares para as compras, o presidente da assembleia geral da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Ataliba David Antonio Filho, já havia cravado que 2022 seria um ano de “consumo moderado”. O dirigente avalia que o balanço confirma que o consumidor está contendo o ímpeto nas aquisições no comércio, para conseguir continuar comprando nos próximos meses. E acrescenta que o mix de produtos escolhidos neste ano levou em conta não apenas fatores econômicos, mas também mudanças culturais.

“Creio que a própria inflação contribuiu para compras mais comedidas e para evitar o endividamento. Mas, o resultado ainda ficou dentro das expectativas. Os setores de vestuário e calçados estavam dentro das previsões. Perfumaria e maquiagem surpreenderam, ao ficarem à margem. E o dia das mães já não prioriza linha branca, até porque o que se quer é presentear individualmente a homenageada da vez, até para que ela se sinta mais querida”, ponderou. 

“Abaixo da inflação”

Lojas que atuam com produtos mais caros apostaram menos neste Dia das Mães. Uma delas é a Foto Nascimento, empresa que já conta com 65 anos de atuação e 12 lojas, situadas em ruas e shoppings de Manaus. Em entrevista concedida antes da data comemorativa, o sócio diretor do grupo, Antonio Kizem Rodrigues, informou que a alta aguardada para o faturamento era de 10%, um patamar “abaixo da inflação”. O dirigente conta que não abriu contratações para a data, dado que o subsetor em que atua não trabalha dessa forma na sazonalidade. Mas, lembra que a abertura da 12ª loja, em novembro de 2021, gerou mais dez empregos no grupo.

Indagado sobre promoções, Kizem ressaltou que a empresa sempre procura oportunidades de preços com fornecedores e trabalha “de forma transparente com os clientes”. O empresário lembrou que o consumidor costuma deixar para a última hora e disse aguardar surpresas no fim de semana, por conta do pagamento do 13º. Mas, não deixou de lembrar que a piora na conjuntura econômica trouxe dificuldades para as lojas de eletrônicos.

“Nestes dois últimos anos, os clientes investiram em celulares e notebooks para o trabalho em casa. Com a inflação e juros nas alturas, estão adiando essas compras. Além disso, começaram a gastar dinheiro em shows e voltaram a restaurantes, que é um movimento normal. Há também o alto índice de inadimplência”, listou. “Tivemos um janeiro fraco, um fevereiro muito bom, e março e abril mornos. Mas, mesmo assim, conseguimos resultados positivos a duras penas”, concluiu. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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