Os comerciantes de Manaus avaliam que as duas semanas do primeiro ciclo de reabertura para as lojas do setor que atuam com bens e serviços não essenciais deixou um saldo positivo para o setor e foi um primeiro passo positivo rumo à “nova normalidade” permitida pela pandemia. Há muita expectativa também em relação ao segundo ciclo que começa nesta segunda (15), com o acréscimo de mais setores ao leque de empresas que voltou a atender presencialmente.
Em termos de vendas, a avaliação é que o movimento correspondeu às expectativas – que eram tímidas, em função dos limites da reabertura e da perda de renda e de confiança que vieram no rastro da crise da covid-19. A avaliação dos lojistas é que, caso parte dos segmentos que voltam à operação apenas nesta segunda fase já estivessem abertos, o Dia dos Namorados – que depende de um mix de serviços – poderia ser menos amargo neste ano.
Fazem parte deste segundo ciclo, por exemplo estabelecimentos que vendem produtos típicos para a data, como bens de informática e telefonia, assim como eletroeletrônicos, instrumentos musicais, cosméticos, perfumaria, bijuterias e semi-joias. Também fazem parte da lista as livrarias, além dos restaurantes, cafés, padarias e lanchonetes fast-food, que passam a ser autorizadas a comercializar seus produtos para consumo no local.
Os comerciantes torcem também para que os números de internações e mortes por covid-19 sigam estáveis e com viés de declínio na capital amazonense, evitando riscos de repique e garantindo que o calendário de ciclos de retomada prossiga como o planejado, sem riscos de interrupções e retrocessos.
De acordo com o boletim epidemiológico da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde), foram confirmados mais 29 mortes pela doença, sendo 12 ocorridos nas últimas 24 horas e 17 que estavam em investigação –, elevando o total para 2.429 registros. Há 365 pacientes internados, sendo 221 em leitos clínicos e 144 em UTI, além de outros 298 internados e que aguardam a confirmação do diagnóstico. Segundo a Susam (Secretaria de Estado de Saúde), nesta quinta (11), a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid era de 54% e a de UTI não-Covid era de 69%. No mesmo dia, a cidade registrou 50 sepultamentos, sete óbitos domiciliares e duas cremações, conforme dados da Prefeitura de Manaus.
Espera nas calçadas
O presidente da CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus), Ralph Assayag, destaca que, de positivo mesmo, há o simples fato de as lojas serem autorizadas a receber clientes e vender em suas dependências. O dirigente lembra que os 70 dias de portas fechadas custaram 30 mil dos 390 empregos do comércio local e o encerramento definitivo das atividades de 1.500 de suas 36 mil lojas. E não deixa de ressaltar que os dias adicionais para os demais segmentos que ainda se encontram inoperantes ainda está impactando o varejo.
“Ainda estamos com apenas 45% dos estabelecimentos atendendo e devemos chegar aos 75%, a partir desta segunda. Por esse mesmo motivo, não dá para comemorar tanto o volume de vendas, mas podemos dizer que já é um grande negócio poder estar com as lojas abertas. Esperemos que os números de internações e mortes por covid-19 se mantenham estáveis até domingo [14], para entrarmos na próxima fase”, asseverou.
Ralph Assayag estima que as lojas que voltaram a abrir contabilizaram o equivalente a 75% das vendas registradas no mesmo período do ano passado. O dirigente salienta que, diferente do que as imagens do Centro lotado poderiam levar a crer, tinha mais gente circulando nas ruas do que efetivamente comprando dentro dos estabelecimentos.
“Não tivemos as vendas que poderíamos ter porque temos que controlar o fluxo dentro dos estabelecimentos, garantindo o distanciamento social estabelecido nos protocolos. O movimento era tão grande, que muita gente ficava esperando na porta da loja e nas calçadas. Quando caia uma chuva era um terror e muitos acabavam desistindo. Estamos aprendendo a trabalhar desta forma, mas não é fácil. Mas é a única maneira de continuarmos atendendo”, lamentou.
“Produtos cobiçados”
Em sintonia, o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, diz que o balanço das duas semanas do ciclo inicial de retomado do varejo apresentou um “movimento normal” e positivo. O resultado, conforme o dirigente, veio ao encontro do leque ainda limitado de lojas com as portas abertas, com foco em calçados e confecções, que apresentam produtos “mais cobiçados” no Dia dos Namorados.
“As poucas empresas que abriram estão tendo uma renda dentro do razoável e pouco abaixo da apresentada no ano passado. Mas, como abriram praticamente esses segmentos, isso ocorre muito pelo fato de as lojas âncoras não estarem abertas. Diminuiu muito a oferta e as pessoas não tem as concorrentes destas. Isso fez, por exemplo, com que as vendas dos shoppings também estivessem dentro de uma normalidade”, ponderou, preferindo não falar das expectativas para o segundo ciclo do calendário de reabertura.
Entusiasmo contagiante
Na mesma linha, embora mais otimista, o presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Amazonas), Aderson Frota, garante que o entusiasmo pela reabertura foi contagiante entre os empresários e consumidores e ressalta que o simples fato de abrir e “tirar o setor o zero” fez as vendas levarem um impulso de 60%.
“Muitos lojistas, que estavam reprimidos pela ausência de vendas do Dia das Mães, comemoraram o Dia dos Namorados, especialmente confecções e calçados. Três deles me disseram simplesmente que, agora, ‘a vida é outra’. O momento também é de alegria para o consumidor, que aproveitou para finalmente sair de casa. É claro que as vendas não correram na mesma proporção de gente na rua, mas foram suficientes para impulsionar a economia e estou muito otimista para a próxima fase. A tendência é de crescimento”, concluiu.
Segmentos que reabrem no Segundo Ciclo
• Lojas de informática, comunicação, telefonia e materiais e equipamentos fotográficos
• Lojas de brinquedos
• Livrarias e Papelarias
• Lojas de departamentos e magazines
• Restaurantes, cafés, padarias e fast-food, para consumo no local
• Comércio de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal
• Lojas de eletrodomésticos, áudio e vídeo
• Comércio de animais vivos
• Comércio de bijuterias e semi-joias
• Comércio especializado de instrumentos musicais e acessórios
• Comércio de equipamentos de escritório
• Escritórios Contábeis
• Escritórios de Imobiliárias
• Assistência Técnica de eletrônicos, eletrodomésticos e demais itens
• Bancas de jornais e revistas em espaços internos