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Os monstros que surgiram com a pandemia

Divulgação

Hoje, 22, é o Dia do Abraço, data que teria surgido a partir da iniciativa do australiano Juan Mann que, em 2004, criou a Free Hugs Campaign (Campanha do Abraço Livre), cujo objetivo era fazer com que as pessoas se abraçassem nas ruas de Sidney. Há praticamente dois meses, em Manaus, as pessoas estão sequer podendo chegar a menos de um metro umas das outras, se abraçar, nem pensar, e esse distanciamento pode trazer prejuízos para o comportamento de muita gente.

“Pesquisas comprovam que é medicinal a importância do abraço e do riso. O abraço é extremamente efetivo para ajudar na cura de doenças como pressão arterial, solidão, depressão, ansiedade e ajuda na nossa memória. Nesse período de pandemia, o que podemos fazer sem moderação é conversar e usar palavras positivas, que também tem o mesmo poder”, explicou o psicólogo Thiago Filgueiras de Freitas.

O ser humano nasceu para ser livre, e quando se vê retirado dessa condição, pode desenvolver uma série de comportamentos fora do padrão normal de convivência começando com uma simples tristeza e podendo passar para a ansiedade, a insônia, o transtorno do pânico, a depressão.

Dados da, meio desacreditada, OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que o Brasil é o país mais ansioso do mundo com 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) desenvolvendo uma série de transtornos como fobia, TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), estresse pós-traumático, transtorno do pânico, nervosismo, medo, apreensão e preocupação.

Outra pesquisa realizada pelo Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos) mostrou que entre março e abril deste ano as vendas do ansiolítico Rivotril (ou Clonazepam), de tarja preta, aumentaram 22% em relação aos mesmos meses do ano passado, um salto de um milhão de caixas a mais. O Rivotril é receitado para pacientes com ansiedade, insônia, transtorno do pânico e depressão.

Pensamentos negativos    

Thiago acrescentou que os sintomas psicológicos estão relacionados com as fases da pandemia.

“A primeira reação é a do medo de ser contaminado pelo vírus invisível que se aproxima no dia a dia. Muitas pessoas desenvolveram o estresse por conta do isolamento que ninguém estava preparado, resultando desse isolamento o surgimento do transtorno do pânico, a ansiedade e a depressão”, disse.

Existem vários motivos para os pensamentos negativos ‘brotarem’ em nossa mente. Muitas vezes eles aparecem dependendo da fase de vida pela qual a pessoa está passando. O desemprego, por exemplo, pode desencadear pensamentos negativos sobre a vida futura do indivíduo e sobre sua autoestima. Pensamentos como ‘não sou capaz de fazer nada’, ou ‘nunca conseguirei um emprego’, podem ser comuns na mente de quem está passando por esta situação.

“O pensamento negativo pode estar vinculado ainda com a motivação que cada um tem para buscar melhores alternativas para sua qualidade de vida. É muito comum os pensamentos negativos surgirem em um momento de estagnação da vida”, alertou.

Outro fator que também pode ser um facilitador de pensamentos negativos é a intolerância às frustrações. Decepções com os colegas, com os vizinhos, com o trabalho e outros fatores da vida acontecem, mas cada um tem o seu jeito de lidar com isso.

“Algumas pessoas têm baixa tolerância a estas frustrações e quando se sentem decepcionadas tendem a generalizar os pensamentos negativos achando que tudo está ruim”, revelou.

Nada de mente vazia

Existem pessoas, agora, com a pandemia, que potencializaram o ‘não aguentar’ os familiares, principalmente cônjuges. Para Thiago, “realmente existem pessoas que desenvolveram um nível de estresse/irritabilidade muito grande por conta do isolamento social. Imagina só um pai de família que dependia da rua, ‘autônomo’, para trazer o sustento para sua família? A preocupação e o estresse tomam conta da cabeça desse indivíduo a ponto de muita das vezes ele querer ficar só ou ter comportamentos explosivos”, contou.

Mas ele aconselhou o que qualquer um deve fazer para fugir dessa situação angustiante.

“Como aquele velho ditado diz, ‘mente vazia é oficina do diabo’. Para que ninguém venha a ser tomado por pensamentos negativos constantemente é necessário pré-estabelecer uma rotina nesse período de isolamento social como: descanso, lazer, estudos, cuidados do lar e aprender coisas novas”, listou.

Thiago lembrou que a pandemia irá passar, mas o medo de ser contaminado ainda vai existir até que seja encontrada uma vacina ou um método que faça todos se sentirem seguros.

“Enquanto isso, quem desenvolver algum transtorno psicológico, precisará buscar ajuda profissional porque, sem tratamento, esse sintoma irá continuar”, alertou.

Thiago está trabalhando na pesquisa ‘Impactos Psicológicos da Quarentena’, para mensurar essa situação em Manaus.

“Nossa meta mínima é chegar a mil pessoas para termos uma ideia real desse impacto. A pesquisa foi iniciada na primeira quinzena de fevereiro e pretendemos concluí-la até o fim deste mês”, concluiu.

Fonte: Evaldo Ferreira

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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