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Os militares, o poder e as urnas

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Aproximam-se as eleições de 2018. Um novo Presidente da República Brasileira, novos Senadores, Deputados Federais e Estaduais surgirão no cenário político da Nação, trazendo em seus ombros a incalculável responsabilidade de traçar novos rumos para o país, assim espera o POVO.

A tarefa será árdua, é o que nos indicam os novos horizontes, mas, num repente, quem sabe, será bastante menos difícil, se considerarmos alguns fatos inusitados e interessantes que vêm ocorrendo nos últimos tempos.

Consideremos tão somente dois: o primeiro deles, o engajamento de grande parte da população, capitaneado por uma juventude que esgotou os limites de sua paciência física e democrática, rebelando-se pacífica, mas energicamente, contra os desmandos provocados pelos criminosos detentores do poder.

O segundo constitui situação mais inédita ainda, caso específico do posicionamento firme e decidido de militares da ativa e da reserva dentro do processo eleitoral. A consequência natural de tal postura do homem da caserna aconteceu, também democraticamente, com posicionamentos dos mais diversificados, provocando resposta popular oscilando entre o cordial aplauso, a desconfiança branda e a rejeição radical.

Não há corpos estendidos no chão ou boiando em águas pútridas, porém é mais do que patente a degradação do ensino, a falência da ética e da moral, o descaso na assistência médico-hospitalar e uma economia arruinada pelo assalto ao erário, patrocinada pela verdadeira quadrilha que se instalou no país, provocando a morte física de milhares de crianças por desnutrição e o funeral do intelecto, fundamental ao desenvolvimento da nação.

Jamais ocultei ou neguei minha condição de militar, mesmo nos tempos idos e difíceis da década de 1970, quando iniciei minha faculdade de Direito no famoso CACO da UFRJ, local extremamente politizado e, sempre que houve oportunidade, fiz clara a minha crença de que o poder político de uma Nação deve estar nas mãos do cidadão civil.

Mas… a própria Carta Magna assim o prevê, um momento específico e diferenciado pode acontecer, mudando todo o cenário. Manteremos o foco de nossa conversa de hoje na normalidade e não trataremos, a priori, dessa especificidade, mas tão somente do engajamento de militares no processo eletivo.

Argui-se a pertinência desse inusitado, chegando alguns afoitos mais radicais a declarar que LUGAR DE MILICO É NO QUARTEL. Paradoxalmente, esses mesmos sábios proclamam que militar nada faz, pois não existe guerra no Brasil.

Não. Não existe. NÃO EXISTE? Com certeza devem julgar que uma guerra se resume a canhões, metralhadoras, obuses, aeronaves lançando bombas, metralhando alvos e navios e submarinos torpedeando uns aos outros, em cenas dantescas de destroços e corpos dilacerados pelo chão, boiando nas ondas dos mares ou desconhecem o papel das Forças Armadas, assim opto por crer, para não julgar, democrático que sou, de forma mais eloquente e incisiva.

Alguns mais ou até menos radicais, nem bem sei, asseguram que não precisamos de Forças Armadas; que poderiam ser substituídas por uma Força Nacional forte o suficiente para servir ao Estado democraticamente constituído. São LINDOS esses INOCENTES.

De que forma? Da mesma forma como alguns Órgãos Públicos o fizeram nas últimas décadas? Não houvesse Forças Armadas, a serviço de quem estaria a bendita Força Nacional? Os exemplos atuais me concedem alvará para que nem mesmo responder a essa pergunta eu necessite.

Retornemos ao raciocínio anterior. O que é o processo eletivo? A que ele imperativamente se propõe? Óbvio que, verdadeiramente, eleger representantes do povo e não abjetos e nefastos seres que, lá chegando, arrotam impropérios e cinicamente afirmam não estarem ali para atender o clamor popular, quando foram eleitos exatamente para isto.

Voltemos aos militares: o que têm eles de diferente dos cidadãos que também são, a não ser o PEQUENO aditivo de, obrigatoriamente, estarem disponíveis para a Nação 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês e 12 meses por ano, totalizando 365 dias por ano, durante toda a sua vida de caserna?
Por acaso, não são os militares, em grande parte, filhos de civis? Não choram, não sofrem, não são felizes ou infelizes? Governos militares também nós não desejamos. Militar bem formado, intelectual, moral e politicamente, por que não? Fala-se muito em preconceitos.

Por acaso esta não é uma visão tipicamente preconceituosa contra os militares? Por que desejam afastá-los do direito inalienável à cidadania? Por serem, em sua humanidade, doutrinariamente honestos e fiéis aos princípios elementares de dedicação à Pátria?

Devemos aplaudir a patifaria que se propaga, quando a ela podemos democraticamente contrapor? Ou preferem o uso da força pelos homens dos botões dourados, assim os chamou um apresentador de TV, para que possamos chamá-los de ditadores? Deixemos de farsas e hipocrisias.

Ao militar não é permitido fazer política partidária nos quartéis. Aos cidadãos que são médicos, engenheiros e militares devem ser facultadas e garantidas as prerrogativas para o desempenho de sua cidadania.

Não chegarei aos limites de conhecido desportista para dizer “vocês vão ter que me engolir”, mas, pacífica e democraticamente, seguindo os passos de um grande jornalista, dramaturgo e escritor imortal em sabedoria popular, proclamar a quatro cantos:

“Que os lorpas e os pascácios ruminem sua ignorância e insensatez com os traseiros bem fincados nos meios-fios descalços das ruelas da vida, chorando volumosas lágrimas de crocodilo e aceitem, democraticamente, uma verdade que veio para ficar”.

João Suzano

é escritor
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