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Orgânicos chegaram pra ficar

Evaldo Ferreira

Em tempos de alimentos geneticamente modificados cada vez mais carregados com corantes, aromatizantes, emulsificantes, hormônios, agrotóxicos, adubos químicos, metais pesados e uma gama de outros produtos utilizados para “melhorar” a produção e a aparência dos produtos, os alimentos orgânicos vêm chegando e ocupando seu lugar como opção para quem quer ter uma alimentação e vida mais saudáveis.
Mas os alimentos orgânicos não são apenas isso. De acordo com a Legislação Brasileira de 2007, entre seus principais objetivos estão a auto-sustentação da propriedade agrícola no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais para o agricultor, a minimização da dependência de energias não renováveis na produção, a oferta de produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isentos de qualquer tipo de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor, do agricultor e do meio ambiente, o respeito à integridade cultural dos agricultores e a preservação da saúde ambiental e humana.
No Amazonas a produção de orgânicos ainda é incipiente. O produtor agrícola Marcus Venícius iniciou uma plantação de limões há dez anos, em Manacapuru, mas só há três anos, junto com outros pequenos agricultores do município, criou a Apoam (Associação de Produtores Orgânicos do Amazonas). “Fomos os pioneiros a fazer isso. Antes agíamos de acordo com o que líamos em livros e revistas especializados. A partir da criação da associação, passamos a manter contatos com outras instituições correlatas, de outros estados, e suas experiências nos tem ajudado bastante”, falou Marcus.
Quem iniciou com a plantação de limões foi o pai de Marcus Venícius, há mais de 20 anos, mas por todo o tempo em que ele esteve à frente do negócio, utilizou agrotóxicos na área plantada o que fez com que se intoxicasse, adquirisse um câncer e morresse. Traumatizado com o que vira acontecer com o pai, Marcus assumiu a fazenda e mudou totalmente a forma de tratar o agronegócio.

Aumento nas vendas
Desde então todo e qualquer tipo de agrotóxico foi banido da fazenda de Marcus e ele propagou a ideia para os outros produtores da região. “Meu pai produzia 20 toneladas de limão/mês; eu produzo duas, mas alimentos saudáveis, e hoje estou expandindo a linha de produtos. Além do limão, atualmente estou colhendo laranja lima, mamão, tomate cereja, coco, jenipapo, maracujá, milho e feijão manteiguinha numa área de quase um hectare, e agora vou expandir essa área”, adiantou.
Marcus e os demais associados da Apoam não expandiam seus hectares plantados porque até então, seus produtos não tinham como ser certificados como orgânicos. Isso mudou desde o ano passado. “Com o apoio do Sebrae, conseguimos que a Ecocert Brasil, uma empresa credenciada pelo Ministério da Agricultura, passasse a expedir esse certificado aqui no Amazonas. Com isso poderemos ter nossos produtos expostos em supermercados, numa gondola separada e com preços diferenciados. Os produtos orgânicos são mais caros porque são produzidos em menor escala, mas principalmente porque são saudáveis”, disse.
Na Apoam, os associados que antes aprendiam as técnicas de produção de forma empírica, agora recebem assessoria de técnicos que lhes ensinam como ter bons resultados sem utilizar agrotóxicos. “Adubamos com compostagem, com calda sulfocálcica ou bordaleza, utilizamos óleo de nim, um repelente de insetos, além de outras técnicas simples, como o pó da pimenta do reino para afugentar as paquinhas que comem o milho, quando ele está nascendo”, contou.
Hoje os mais de 20 associados da Apoam comemoram poder comercializar seus produtos além da feirinha que organizam todos os sábados junto ao prédio do Ministério da Agricultura. “Agora podemos colocar as frutas, hortaliças, verduras e legumes nos supermercados, e estamos abertos a também atender aos restaurantes. Basta nos ligar para o 9 9987-0144 e solicitar”, concluiu.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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