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Opiniões sobre impeachment dividem e inflamam país

Estar a favor ou contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a nomeação de Lula ou a divulgação de áudios é causa de discussões infinitas nas redes sociais e nos lares brasileiros. Mas segundo brasilianistas e cientistas políticos, alguns pontos devem ser esclarecidos para que haja um debate coerente. O debate instaurado ocasiona comentários e posições já determinadas como as vistas em embates na TV e jornais e revistas internacionais, como a The Economist que estampou em sua capa de fim de semana (26 de março) a manchete “Time to go” (“Hora de ir” em português) encimando uma foto da presidente.

Para o cientista político Breno Rodrigo Messias, muitas vezes o posicionamento da população é ditado pelas informações vindas das redes sociais. “Diferente de outros momentos históricos da vida nacional brasileira, a população encontra-se indignada com as revelações dos casos de corrupção assolam o país. Nunca os casos de corrupção foram tão escancarados e explícitos como agora, onde a publicação dos dados das investigações é acompanhada em tempo real por meio de um conjunto de mídias, incluindo aí as redes sociais”, afirma.

Esclarecer os ritos do processo de impeachment tem sido uma constante para o cientista e professor, que espera com isso debates mais coerentes entre as várias correntes de pensamento. “O STF já definiu o rito do impeachment. Ao contrário das regras que asseguraram o afastamento de Collor em 1992, onde o processo fora conduzido pela Câmara dos Deputados (seguindo a lógica estritamente unicameral para o julgamento do processo de impeachment, em conformidade à Carta Magna de 1988), agora o julgamento obedecerá à regra do bicameralismo, envolvendo tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal”, disse Breno.

Ainda de acordo como cientista político, a polarização é uma realidade, mesmo que haja alguns pontos convergentes, como a rejeição quase total por toda classe política. “Tem enorme impacto o crescimento das formas de protesto contra o status quo governamental, bem como a toda classe política. Esta oposição social animou a oposição parlamentar que tem dado alguns passos, depois de anos de letargia política”, conclui.

Sobre a possibilidade de impeachment, preocupa ao cientista a visão que é passada do Brasil no exterior, o que impacta nas relações diplomáticas e comerciais: “O cenário do impeachment tem se tornado cada vez mais certo, tanto na dimensão doméstica, quanto nas relações internacionais do Brasil. O cerco ao ex-presidente Lula, orquestrado pelo juiz Moro funciona como um instrumento de desmonte do ‘mito Lula’. Na esfera internacional, o governo não produz mais os efeitos positivos da diplomacia presidencial, como na época de Lula e FHC, o que provoca o afastamento e a diversificação das parcerias politicas e comerciais de países que já foram parceiros”, observa o professor.

Opiniões diversas

Entre entidades de classe e movimentos sociais, a polarização também se evidencia, como se vê no caso da AGU (Advocacia Geral da união) e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que se encontram em lados opostos, pelo menos em alguns pontos. Das 27 bancadas estaduais da OAB, somente a do Pará votou contra o apoio ao processo de impeachment e a Ordem já agendou para esta segunda-feira (28), a entrega do protocolo. Já a AGU, recorreu ao Supremo para suspender a decisão do juiz federal Sérgio Moro em divulgar conversas telefônicas entre o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma Rousseff. Segundo o órgão, falta competência para Moro analisar a prova.

O posicionamento declarado da OAB encerra uma conversa iniciada em janeiro com o Jornal do Commercio quando da posse do presidente da OAB-AM (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas) para o triênio 2016-2018, Marco Aurélio Choy. Na época ao ser perguntado sobre o tema, Choy disse: “É necessário analisar com muita responsabilidade, de forma técnica, para que não haja paixões ou partidarismo influenciando na decisão. Aguardamos a análise do Conselho Federal da OAB para fechar posição com relação ao tema”, fecha.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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