Dois anos e meio depois de deflagrada a Operação Lince, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região confirmou mais três condenações contra o delegado federal Wilson Alfredo Perpétuo, ex-delegado adjunto da Polícia Federal em Ribeirão Preto. As penas aplicadas a Perpétuo somam quase 74 anos de prisão.
Além de Perpétuo, outros quatro delegados federais foram investigados e três deles –José Bocamino (ex-chefe da Polícia Federal em Ribeirão), César Valdemar dos Santos Dias e Abmaílson dos Santos Oliveira– receberam penas superiores a dez anos de prisão e perderam os cargos públicos.
Seis agentes federais também já foram condenados a prisão e cinco deles também perderam o cargo: Antonio Francisco Pedro Rolo, Carlos Alberto Guimarães Júnior, Antonio Sergio Cravo, Emerson Yukio Ide e Edison Damião.
O balanço da Operação Lince foi divulgado ontem pelo Ministério Público Federal, pela Procuradoria da República no Estado de São Paulo e pela Procuradoria da República no Município de Ribeirão Preto.
Todos os 21 processos que competiam à Justiça Federal de Ribeirão Preto já foram julgados em primeira instância e a maior parte das condenações já foi confirmada pelo TRF-3. Dois processos tramitam fora de Ribeirão Preto: o ex-delegado, Bocamino, é réu num processo de garimpo ilegal na área da reserva Roosevelt, em Rondônia, e responde por crime financeiro na 2ª Vara Federal (especializada) de São Paulo. Ainda não houve condenações nestes dois casos.
A Operação Lince foi deflagrada no dia 23 de junho de 2004, mas as investigações começaram em 2002, quando delegados da PF procuraram o Ministério Público Federal para fazer denúncias envolvendo a própria polícia.
Segundo a denúncia, os delegados relataram achaques, doações ilícitas e a atribuída propriedade de empresas de segurança por Bocamino e outros delegados e agentes federais, o que é proibido.
O MPF requisitou informações formalmente a Bocamino, que pediu mais prazo para enviar as informações e, segundo o MPF, ameaçou, veladamente, dois procuradores, citando o caso do delegado correicional da PF, Alcioni Serafim de Santana, morto a mando do delegado Carlos Leonel da Silva Cruz, justamente por investigar o colega.