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Olarias se organizam para criar distrito industrial em Iranbuba

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Por Rafael Nobre

O Sindicato das Indústrias de Olarias do Estado do Amazonas está se articulando junto a SDS (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) para criar um distrito industrial para as empresas do segmento que atuam em Iranduba (a 34 km de Manaus) e Manacapuru (a 68 km). A expectativa da conclusão da ponte Manaus-Iranduba, em agosto de 2010, e do gasoduto Coari-Manaus, no segundo semestre do próximo ano, animam as empresas com a possibilidade de substituir carvão por gás natural na fabricação de telhas e tijolos de barro. Como se não bastasse, a ponte promete reduzir o preço do tijolo em até 10%, segundo cálculos das revendedoras de Manaus.
De acordo com a presidente do sindicato, Hyrlene Batalha, a urbanização da orla do rio Negro preocupa a entidade, pois é neste local que estão os 14 maiores empreendimentos do polo cerâmico, que possivelmente seriam realocadas com a mudança. “Sugerimos a construção de um distrito industrial para as empresas, adequado à utilização de gás natural em substituição ao carvão”, ressaltou. Ela disse que a prefeitura de Iranduba e a SDS estão estudando a possibilidade de concretizar o distrito.
A assessoria de imprensa da SDS confirmou que o órgão está em contato com o sindicato para a instalação do distrito, mas que não há previsão para obras. O prefeito de Iranduba, Raymundo Nonato, enfatizou que a área destinada ao distrito possui 800 hectares e está na rota das instalações do gasoduto. “Já temos 20 empresas cadastradas, mas dependemos do aval do governo do Estado e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que têm o domínio da propriedade. Esperamos iniciar a mudança das fábricas até o final deste ano”, assegurou Nonato.
O prefeito disse ainda, que algumas empresas mostraram disposição em produzir cerâmica fina. “A administração municipal apoiará estas, que serão as primeiras fábricas deste tipo de cerâmica na região Norte do Brasil”, disse.

Um porto para escoar a produção

Além da ponte que ligará a capital ao interior do Estado por meio de uma via seca, está prevista a construção de um porto nos moldes da Ceasa (Central de Abastecimento) de Manaus, denominado Cacau Pirêra, em Iranduba. Segundo o presidente da ADS (Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas), o porto será acoplado à ponte e garantirá o escoamento adequado da produção interiorana e o envio de mercadorias de Manaus com destino às cidades da região metropolitana.
Informações do sindicato do polo cerâmico do Estado conferem às empresas locais a responsabilidade por 92% da produção de cerâmica vermelha estadual. A maioria das empresas (33) encontra-se em Iranduba e Manacapuru, enquanto as cidades de Parintins (a 325 km da capital), Itacoatiara (a 170 km), Coari (a 368 km) e Tefé (a 525 km) detêm mais 12 olarias. A presidente do sindicato estima que o preço do tijolo deve cair com as obras, mas preferiu não falar em números. “Sabemos que boa parte do custo final de um produto é composto pela logística de transporte. Assim em uma primeira análise poderíamos crer que, sim, o preço cairá”, arriscou.
Paulo Gomes, proprietário da distribuidora de tijolos Esquina do Tijolo, compra seus produtos em Iranduba e disse que não acredita em uma possível redução de preços com a conclusão da ponte. Hoje, o transporte é feito em balsas, o que acaba encarecendo o custo final.
“Dificilmente o preço diminuirá porque ainda gastaremos com o combustível para atravessar a ponte, que terá mais de três quilômetros”, explicou. Gomes lamentou ainda o desperdício de pelo menos 10% da carga durante o transporte. “Essa quantidade quebra devido à freadas bruscas, buracos e outros problemas na carga e descarga”, explicou.

Cobrança de pedágio é descartada

Na loja Casa da Telha, o gerente Gorvete Fernandes disse acreditar que poderia diminuir o preço de telhas e tijolos em até 5% a partir da conclusão da ponte. A empresa comercializa 80 toneladas de telhas e 60 mil quilos de tijolos mensalmente. Nas lojas, o tijolo custa R$ 410 a cada mil unidades.
Todas as empresas ouvidas pela reportagem estão aguardando como certa a cobrança de pedágios ou taxas para o tráfego de veículos pesados. O gestor da SRMM (Secretaria da Região Metropolitana de Manaus), René Levy, garantiu que nunca foi cogitado tarifar a entrada ou saída de automóveis de qualquer tipo na ponte e se disse surpreso sobre a “falta de esclarecimento” por parte das empresas do polo oleiro e de transporte em relação a este assunto.
A loja tradicional Baratão do Tijolo, há 39 anos no mercado, transporta 48 mil unidades de tijolo por dia e projeta diminuição de até 10% no preço do material quando a ponte estiver operando.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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