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Obras um pouco mais caras

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori   Insta: @jcommercio

O custo da construção civil do Amazonas subiu 1,05%, em junho. O preço do metro quadrado passou de R$ 1.545,58 para R$ 1.561,80, em alta ligeiramente menos intensa do que a do registro anterior (+1,14%). Assim como ocorrido no mês passado, o reajuste estadual ficou aquém da escalada do nacional (+1,61%). Em ambos os casos, o passivo médio da atividade voltou a deixar para trás o índice de inflação oficial (+0,67%) para o período. Os dados são da pesquisa do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), divulgada nesta sexta (8), pelo IBGE.

Os aumentos voltaram a se dar tanto no custo dos materiais, quanto no c. O valor médio dos dispêndios das construtoras amazonenses com insumos, no entanto, retomou a primazia nas pressões sobre o indicador e avançou 1,33%, pontuando R$ 975,75 (junho) contra R$ 962,98 (maio). Pela primeira vez, o valor superou o da média nacional. O custo do trabalho, por sua vez, emendou um quinto mês seguido de reajustes e ficou 0,59% mais salgado, ao saltar de R$ 582,60 para R$ 586,05, na mesma comparação. 

O índice de alta do Sinapi do Amazonas superou novamente a inflação oficial, conforme o mesmo IBGE. Pressionado pelos preços de alimentos e bebidas, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 0,67%, em junho, acelerando diante de maio (+0,47%). A mesma dinâmica se deu no acumulado do ano, com o IPCA (+5,49%) perdendo para os indicadores local (+7,15%) e nacional (+7,52%) do custo da construção civil. Na análise dos últimos 12 meses, os papéis se mantêm, com a correção dos dispêndios do setor (+15,76% e +14,53%, na ordem) também superando a alta da inflação oficial (+11,89%).

Com reajuste novamente abaixo da média brasileira (+1,61%), o índice de aumento de custo do metro quadrado alcançado pelo Estado (+1,05%) recuou do 15º para o 17º lugar do ranking nacional de maiores aumentos percentuais do mês. Pernambuco (+5,78%), Ceará (+4,54%) e Rio Grande do Norte (+2,52%) dividiram o pódio. Em contrapartida, Paraná, (+0,22%), Alagoas (+0,28%) e Goiás (+0,59%) figuraram nas últimas posições de um rol sem deflações. No acumulado do ano, o Estado ficou na 15ª colocação, empatado com o Piauí, em uma lista liderada por Rio Grande do Norte (+12,33%) e encerrada pelo Paraná (+3,85%).

Abaixo da média

O custo por metro quadrado no Amazonas (R$ 1.561,80) segue abaixo da média nacional (R$ 1.628,25) e permaneceu na 17ª posição entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.784,32) continua na liderança entre os dispêndios médios mais elevados do país, sendo seguida por Rio de Janeiro (R$ 1.780,10) e Acre (R$ 1.764,31). Na outra ponta, os valores mais baixos ficaram em Sergipe (R$ 1.420,81), Alagoas (R$ 1.447,85) e Rio Grande do Norte (R$ 1.481,92).

Em termos de custo de materiais (R$ 975,75), o valor acima da média nacional fez o Estado subir da 15ª para a 12ª posição. Acre (R$ 1.136,29), Tocantins (R$ 1.069,80) e Distrito Federal (R$ 1.058,35) seguiram no topo, enquanto Sergipe (R$ 903,13), Alagoas (R$ 910,68) e Rio Grande do Norte (R$ 915,51) ficaram na base. A despeito do novo reajuste na mão de obra (R$ 586,05), o Amazonas caiu da 19ª para 20ª em uma lista com os extremos em Santa Catarina (R$ 808,63) e Sergipe (R$ 517,68). As respectivas médias nacionais foram R$ 974,47 e R$ 653,78. 

“A sequência de altas de preços na atividade continua. Embora em um ritmo menor, tanto os insumos, quanto a mão-de-obra, tiveram reajustes em junho. Com isso, o acumulado em 2022 está bem acima da inflação. Para as próximas divulgações, a tendência é que os aumentos perdurarem. Mesmo assim, o custo da construção amazonense ainda é um dos mais baixos do país”, ponderou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, em resposta à reportagem do Jornal do Commercio.

Convenção e combustíveis

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Amazonas), Frank Souza, considera que a mão de obra segue relativamente “estável” e que o novo aumento pode estar relacionado à fase de obras em que se encontram os empreendimentos locais. Estágios mais avançados demandariam serviços – e também materiais – mais caros. O dirigente alertou, no entanto, que o custo do trabalho incorporado ao preço do metro quadrado deve ser vitaminado no próximo mês, em virtude do reajuste promovido na convenção coletiva da categoria. 

Frank Souza concorda, por outro lado, que os preços do cimento e do aço, entre outros materiais, continuam pressionando o indicador. Mas, avalia que as correções progressivas para os dispêndios dos insumos ainda se dão mais pela via indireta, em razão dos choques de oferta de commodities promovidos pela guerra na Ucrânia – especialmente no caso do petróleo e seus derivados. E reforçou que, apesar da nova alta nos custos dos materiais, a tendência ainda é de estabilização nos preços, ainda neste ano.

“Quando falo que não há ambiente para reajustes de materiais para a construção civil, digo que aquela demanda consta parou, diante do avanço da inflação e dos juros. O grande vilão dos aumentos continua sendo a escalada dos preços dos combustíveis. O governo não consegue controlar essa questão. Ainda considero que há uma tendência de estabilização desses índices e, do quarto trimestre em diante, devemos ter até uma redução”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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