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Obras do multiartista Marcos Ney serão expostas em evento

Obras do multiartista Marcos Ney serão expostas em evento

Dia 28, sexta-feira, das 16h às 22h, o professor e multiartista Marcos Ney irá realizar um evento, no Cervantes Bar, reunindo ao menos três artes: literatura, artes plásticas e cinema, e em todos ele será o personagem central.

O primeiro dos eventos será uma exposição de quadros, 14 telas, denominada ‘Sombras do Rio Negro’.

“Não são pinturas. São desenhos feitos em telas, preto sobre branco. Os desenhos representam figuras com suas imagens refletidas nas águas do rio Negro. São árvores, animais, pessoas. Sou professor de artes, na zona rural de Manaus, então, permanentemente viajava às comunidades do rio Negro para dar aulas. Agora estou trabalhando no rio Amazonas”, explicou Marcos.

Nessas viagens às comunidades, Marcos ficava semanas, ora morando em casas dos comunitários, ora em alojamentos nas escolas, e tanto ensinava quanto aprendia com seus alunos.

“Eles me ensinaram a fazer um pincel a partir do capim bigode de bode, e fica tão bom quanto um pincel industrializado. Também desenvolvemos tintas feitas com plantas, frutas e cascas de árvores. Criei até um projeto, junto com a Fapeam, para financiar a produção dos pincéis e das tintas”, adiantou.

Há uns dez anos Marcos faz seus desenhos, sempre tinta preta sobre fundo branco, apenas para ele mesmo. Agora resolveu expor sua obra.

“Nessas andanças pelo Negro descobri que, assim como olhamos as suas águas, o rio também nos olha através das imagens que reflete”, revelou.

Os ‘pés inchados’

Sindicado dos pés inchados, livro

O primeiro livro lançado por Marcos Ney foi ‘Obituário’, de poesias; depois, o romance de ficção ‘Coloquei a toalha molhada atrás da geladeira porque hoje o dia veio sem sol’. O título é esse quase parágrafo mesmo. Na sexta-feira, o professor lançará ‘Sindicato dos pés inchados’, em prosa e poesia. Além dos livros, Marcos produz fanzines, muitos fanzines, um tipo de publicação artesanal, com textos e imagens, e que tem um público consumidor ávido pelas novas edições.

“O livro mostra as pessoas que vivem pelos bares da vida a beber e contar suas histórias. Não são necessariamente moradores de rua, mas pessoas que, ou vivem sós, ou não gostam de estar nas suas casas, então vão para o bar de sua preferência encontrar com os amigos, para jogar conversa fora”, contou.

Marcos observou que os ‘pés inchados’ existem por todos os cantos da cidade. Onde tem um bar, lá estão eles, mas não são notados por ninguém, a não ser pelos próprios integrantes da irmandade.

“Onde hoje existem os Prosamims, antes havia bares, que desapareceram, mas os integrantes das irmandades não desapareceram junto. Eles apenas se espalharam para outros bares”, disse.

Marcos, que frequenta bares, mas não é um ‘pé inchado’; gosta de beber só, sem interesse de pertencer a uma irmandade, verificou que os ‘pés inchados’ do seu livro são socialistas, não por ideologia, mas por necessidade.

“Tudo eles socializam: o cigarro, a bebida, a comida. Quando algum dos integrantes está sem dinheiro, os demais pagam para ele, que por sua vez fará o mesmo quando outro integrante se encontrar na mesma situação. Numa das minhas andanças ali pelas imediações do mercadão, naqueles bares que existem por lá, contei mais de cem ‘pés inchados’, mas eles são invisíveis para a sociedade que tem algum dinheiro, porém, vivem satisfeitos no seu mundo particular”, garantiu.

Com cabeça de plástico

Completando a noite de eventos será exibido o filme ‘Como explodir caixas eletrônicos’, mas calma. Não se trata de um tutorial para assaltantes de bancos.

“O diretor Jimmy Christian leu um dos meus fanzines, homônimo do filme, ‘Como explodir caixas eletrônicos’, e se interessou em filmá-lo. Trata-se de um homem com cabeça de plástico e com pele de pano humano desbotado de tanto ser lavado que quer explodir tudo o que vê pela frente, talvez porque seja um revoltado com o mundo. O final é bem interessante, mas eu não contar aqui”, riu.

Marcos Ney interpreta o homem com cabeça de plástico. Ele é o único personagem do curta metragem, todo gravado em estúdio pelo Grupo Arte Contemporânea Pura, que reúne vários profissionais de arte visual.

“Ainda não vi o filme pronto. Vou ver na noite do evento. Posso adiantar que sou eu, o homem com cabeça de plástico, andando e declamando um poema enquanto o cenário de fundo mostra as imagens do que eu vou falando. O poema fala de um indivíduo, anestesiado, que descobre ser a dormência a nossa maior dor”, adiantou.

A noite terá ainda a declamação das poesias de Mel Kenia, proprietária do Cervantes Bar, que também é uma multiartista, desenhando, pintando, escrevendo.

Serviço

O que: Noite de eventos do artista visual Marcos Ney

Onde: Cervantes Bar, Largo de São Sebastião

Quando: Dia 28, sexta-feira, das 16h às 22h

Informações: 9 9136-4748 (Marcos Ney)

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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