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Obesidade é principal fator de risco em óbitos de jovens por Covid-19

A obesidade foi o principal fator de risco de morte dos jovens durante a segunda onda de Covid-19 no Amazonas. É o que diz um estudo da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas), divulgado nessa quinta-feira (25).

De janeiro a 18 de março deste ano, os pacientes que desenvolveram quadros mais graves da doença e evoluíram para óbitos foram os com sobrepeso na faixa etária de 20 a 39 anos, uma peculiaridade não observada durante o primeiro pico do novo coronavírus em março do ano passado.

Ainda segundo o levantamento da FVS-AM, a obesidade respondeu por 18,4% das mortes registradas durante a nova fase de contágio, atingindo doentes com idade entre 20 a 29 anos.

Já as cardiopatias apareceram em 8% dos casos que evoluíram para óbitos, seguidos de diabetes (6,9%), nos três primeiros meses de 2021, apontam os dados da FVS-AM.

O diretor-presidente da FMT-HVD (Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado), o infectologista Marcus Guerra, explica como a obesidade impacta no organismo de pessoas acometidas pela Covid-19.

“Pacientes com obesidade possuem um tecido adiposo mais acentuado, e esse tecido é receptivo à infecção e à multiplicação do vírus. Então, essas pessoas têm uma maior multiplicação e um tempo maior de permanência do vírus no organismo”, diz ele. De acordo com o médico, o sobrepeso também contribui para ocorrências de quadros inflamatórios crônicos. “Portanto, a carga viral nesses pacientes é muito maior em relação a outros que não apresentam essa comorbidade, evoluindo para um agravamento da doença”, acrescenta o médico. A ação do novo coronavírus se concentra mais na área pulmonar, apontada hoje como a principal causa de mortes de doentes. Médicos optam pela intubação de pacientes quando a queda na saturação de oxigênio no organismo cai muito, prejudicando a dinâmica respiratória. Nesses quadros, o impacto é maior nas pessoas obesas, segundo o infectologista Marcus Guerra.

“Ele não tem tanta expansibilidade torácica nem diafragmática, então já tem um certo grau de dificuldade respiratória, mesmo sem a infecção. Com o processo infeccioso nas vias respiratórias, isso se acentua ainda mais”, afirma.  “Há uma dificuldade, também, no manejo do paciente. O decúbito que é vantajoso para o doente é mais difícil de ser executado em obesos, e o benefício da ventilação é bem menor”, salienta Guerra.

O presidente da FVS-AM, Cristiano Fernandes, disse que a estação chuvosa responde por 90% das doenças respiratórias registradas nesta época do ano, um fator que também contribui para a disseminação da Covid-19.

“A sazonalidade no clima do Amazonas é diferente de outras regiões do País, contribuindo para a disseminação do coronavírus. São contextos extremamente complexos que precisamos entender ainda no cenário da pandemia sobre as questões dos impactos epidemiológicos e o que virá ainda”, enfatizou ele.

Outras idades

Embora não seja o principal fator de risco, a obesidade também aparece com alto índice nas mortes por Covid-19 ocorridas na faixa etária de 40 a 49 anos, em 14,5% dos casos. É a terceira comorbidade dessa faixa etária, atrás do diabetes (18,5%) e das cardiopatias (17,6%).

A obesidade aparece, ainda, em quarto lugar quando observados os óbitos por Covid-19 na faixa etária de 50 a 59 anos, figurando em 9,2% dos casos. As três comorbidades mais recorrentes nessa faixa etária são diabetes (30%), cardiopatias (26%) e hipertensão (15,3%).

“Nós temos visto trabalhos que têm mostrado que pacientes obesos são mais hospitalizados, vão mais para as UTIs, precisam de ventilação mecânica, e um percentual expressivo dos óbitos tem sido visto em pacientes com obesidade. Obeso desenvolve hipertensão mais do que os não obesos, e insuficiência vascular e cardiovascular também”, afirma Marcus Guerra. Ele orienta a população sobre a importância de hábitos alimentares saudáveis e também a prática rotineira de exercícios físicos.

FOTO/DESTAQUE: Lucas Silva/Secom

Marcelo Peres

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