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O suplente João Pedro

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O senador João Pedro, do PT, é um legítimo representante dessa classe de políticos que o Amazonas consegue produzir com prodigalidade: o suplente, o que por si só já é uma vergonha. Apesar de tudo, nosso Estado nunca esteve tão bem representado no Senado Federal quanto agora. Em pesquisa recente, realizada com jornalistas de Brasília, que cobrem o Congresso, a respeito dos senadores que melhor honram seus mandatos, Jefferson Peres, do PDT, ficou em terceiro lugar. Artur Neto, do PSDB, em sexto. João Pedro, o suplente, com poucos meses exercendo um mandato sem voto, é apenas o que é, uma excrescência.
João Pedro não está à altura do cargo e nem da missão que assumiu sem respaldo popular. Escolhido para ser relator do segundo processo contra o senador Renan Calheiros, presidente do Senado, a respeito da acusação de ter favorecido uma cervejaria que devia vultosas somas ao INSS, e recebido favores pecuniários, logicamente, o senador suplente do Amazonas se acovardou e já avisou que vai pedir o arquivamento do processo. João Pedro não vai convocar nenhum dos envolvidos no episódio e norteará seu relatório em cima do que foi publicado na revista Veja e na defesa de Renan, feita da tribuna do Senado. Não faça isso senador! Porque assim o senhor estará envergonhando o povo amazonense, que não o elegeu.
Tivesse o senador suplente o compromisso com a história e a obrigação de honrar um único e mísero voto que não obteve nas urnas, seu comportamento poderia ser mais digno e corajoso. A carreira política de João Pedro começou em 1982, quando foi eleito deputado estadual. Como não se reelegeu, em 1989 concorreu a uma vaga de vereador e ganhou uma cadeira na Câmara Municipal, quando ainda militava no PCdoB. Como vereador, rompeu com os comunistas e ingressou no PT. Seu perfil no site do Senado diz que sempre foi militante político e que lutou contra a ditadura, mas esta biografia qualquer um pode escrever.
A outra biografia, que está sendo escrita agora e é a que importa neste momento, ganha cores menos brilhantes, porque o senador suplente está perdendo o bonde da História ao se deixar manipular por manobras de bastidores, no qual o interesse do povo, que ele tanto diz ter defendido, deu lugar aos conchavos, às mesquinharias e à pequenez política. João Pedro! O senhor melhor faria se se rebelasse contra os ditames que estão lhe impondo. Se o presidente Lula mandou o senhor inocentar Renan, então, condene-o. Bata no peito, bata na mesa, bata em mim, mas faça um relatório honesto, ouça as testemunhas, investigue as denúncias e peça a cassação de Renan, mesmo que seja somente para vê-lo absolvido outra vez no plenário do Senado, em sessão secreta.

Este seu ato não seria uma mera encenação para a platéia, mas uma resposta à altura do momento histórico que o senhor vive, mesmo com um mandato de suplente, mesmo que esse mandato tenha sido maculado pela pecha da ilegitimidade por causa das acusações, contra o titular, hoje ministro Alfredo Nascimento, de ter usado dois CNPJs para a campanha e abusado do poder econômico para se eleger. Isto tudo agora é passado, porque o TRE já o inocentou, embora jamais colocará sobre o mandato o carimbo da lisura. A opinião pública brasileira clama pela cassação de Renan, não porque queira a cabeça do presidente do Senado para aplacar seu sadismo, mas porque está cansada da impunidade dos poderosos, das artimanhas políticas, da corrupção deslavada. João Pedro! O povo brasileiro está cansado de ver sua vontade ser desrespeita pelos conchavos dos políticos.
Senador suplente João Pedro, o senhor ainda pode se ombrear ao lado de seus conterrâneos e fazer de seu mandato um orgulho para si mesmo. Enriqueça sua biografia, porque não lhe é dignificante dizer que lutou contra a Ditadura, porque somente aqueles que morreram, e foram tão poucos, tem o direito de fazê-lo. Mostre ao Brasil que em suas veias corre o sangue mura dos parintinenses e apresente um relatório que lhe há de engrandecer no

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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