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O segredo está no Repertório

O segredo está no Repertório

Segundo o levantamento ‘Education at Glance’, elaborado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ano passado, apenas 21% dos jovens brasileiros, entre 25 e 34 anos, concluíram o Ensino Superior. O estudo aponta que essa é a média mais baixa entre os países analisados na América Latina: Argentina (40%), Chile (34%), Colômbia (29%) e Costa Rica (28%). De acordo com o Sebrae, 46% dos empreendedores possuem grau maior de escolaridade, sendo que 30% tem ensino médio completo ou incompleto e 16% ensino superior incompleto ou mais. A entidade revela ainda que quanto maior a escolaridade dos empreendedores, maior é a chance de sobrevivência dos negócios. Os empreendedores de alta escolaridade tendem a iniciar sua empresa mais por oportunidade do que por necessidade, tendem a planejar mais o seu negócio e conhecem melhor os instrumentos de gestão.

Bom, não quero falar sobre o sucateamento do ensino do Brasil e nem encontrar soluções para tal problema, apenas incentivar uma reflexão: o baixo número de jovens que concluem uma graduação, conforme podemos ver acima, aponta que universidade não está disponível para todos. Então, por que algumas pessoas têm a oportunidade de fazer parte desta etapa e o faz colando, faltando, pagando pelos trabalhos e monografias e outras artimanhas que a gente sabe que acontece?

Acredito que esse fast food de notícias nas redes sociais e as micro informações estão destruindo alguns potenciais de inovação, criação, personalidade e autoconhecimento de quem quer se destacar e criar uma carreira empreendedora de sucesso. Elas dão ao leitor a sensação de que têm conhecimento, quando na verdade, na maioria das vezes eles têm apenas opiniões vazias ou superficiais. Sem falar nas fake news. Na minha opinião, essa falsa sensação de “saber” está gerando grande escassez, quando o assunto é profissional de qualidade.

Muitas vezes, jovens empreendedores enfrentam a escolha de qual caminho seguir. Por um lado, existe a rota mais conservadora de ingressar na faculdade e obter um diploma. Por outro lado, muitos têm negócios prósperos e estão ganhando mais dinheiro do que um diploma jamais seria capaz de conseguir.

Fazer faculdade é algo muitas vezes imposto não apenas por nossos pais, mas pela sociedade. É esse o caminho certo que você tem que seguir para ser bem sucedido, eles dizem. E até na hora de se candidatar a um cargo em alguma empresa, o diploma é solicitado. Mas aqui entra o nosso tema de hoje. Nós temos duas linhas de pensamentos a seguir e independente da linha que você escolher, o segredo está no quanto você se dedica e explora o universo que você pretende atuar. Inclusive eu li um desabafo no Facebook que dizia que saber cozinhar também é inteligência, botar piso também é inteligência, costurar também é inteligência. Saber jardinagem, limpar a casa, consertar carro, tocar instrumento, se comunicar, falar Guarani, desenhar. Tudo isso é inteligência. Conhecimento não mora só em diploma da faculdade.

Alguns dizem que: “A faculdade só é útil se você estiver obtendo algo disso ou seus negócios necessitam da escolaridade, como um grande escritório jurídico ou uma grande empresa de engenharia” e outros são pressionados pela família. Muitos pais dizem para você concluir os estudos, não importando muito o que te faz querer largar tudo: “Coloque a escola como prioridade – sempre haverá tempo para os negócios e será bom ter um backup seguro“. Ambas as respostas têm seus méritos, mas qual delas está certa?

Ao contrário do que dizem sobre os caras mais bem sucedidos do mundo terem largado a faculdade (Mark Zuckerberg, Steve Jobs, Bill Gates e alguns outros), não acho que fazer faculdade seja algo inteiramente negativo, pra ser bem honesta, não consigo pensar em nenhum aspecto negativo disso. Muitas pessoas descobrem oportunidades para empreender depois de já ter cursado uma graduação. Tenho vários amigos que abandonaram seus empregos, suas profissões e embarcaram em áreas totalmente diferentes das que se formaram, assim como tenho amigos que encontraram no nicho da profissão, uma forma de empreender. Não acho que a faculdade seja a responsável por dificultar empreendedores de alcançar seu sucesso, por criar um modelo de comportamento submisso a alguém ou até um mindset “operário” que impede as pessoas de se desenvolverem a frente de seu próprio negócio. Acho que tudo tem ligação com o perfil da pessoa e da configuração do mindset.

No livro Mindset – A nova psicologia do Sucesso, da Carol S Dweck, uma das maiores especialistas do mundo em personalidade, psicologia social e psicologia do desenvolvimento, explica bem a diferença que os dois exemplos de mentalidade causam na vida de um empreendedor. “O sucesso em diferentes áreas da vida não se deve somente a um talento ou habilidade especial. Mas sim, e principalmente, ele é resultado da maneira como encaramos a vida, que é o que se chama de mindset, a atitude ou configuração mental”. Ou seja, se você entrar na faculdade e sair dessa faculdade quatro anos depois, em uma espécie de linha de produção de pensamentos medíocres, a culpa pode não ser apenas da faculdade. Em grande parte, senão toda, a falha pode ser sua.

Carol S Dweck é professora de Psicologia na Universidade de Stanford

Mas falando do que eu acredito, esses dias estava assistindo a um vídeo do Thiago Nigro, o Primo Rico, e ele fez uma analogia muito sensata dizendo que a vida é uma escada rolante ao contrário. Se você anda devagar volta, e se você ficar parado você volta pra trás também. É preciso aproveitar todo e qualquer recurso que esteja ao seu alcance. O senso comum diz que você deve terminar os estudos e consequentemente a faculdade, o empreendedorismo diz que você precisa estar sempre aprendendo. Seja por livros, e-books, cursos presenciais ou digitais, masterclass, webinars, workshop, congressos. Você precisa estar sempre estudando, sempre se aperfeiçoando. A verdade é que seja qual for a área que você escolher, de Padaria à Tecnologia, você precisa estar antenado com o que está acontecendo nesse mercado e assistir as mudanças que o futuro/presente está criando para o seu nicho.

O conhecimento é fundamental para qualquer coisa que você queira fazer, qualquer trabalho que você deseja executar ou negócio que você pretende abrir, mas ele não precisa ser adquirido unicamente pelo ensino superior. Escrevi esse conteúdo com intuito de alertar que, seja aproveitando o melhor da sua faculdade ou utilizando a internet para se aprofundar em informações, é possível criar seu próprio repertório e imprimir a qualidade do seu trabalho em qualquer área que você atue. Pense nisso!

Raquel Omena

é especialista em negócios digitais, editora da coluna Mais Empresárias
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