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O segredo está na ponte entre você do passado e você de agora

O segredo está na ponte entre você do passado e você de agora

Em 1995, Steve Jobs falou a Wired Magazine: “Criatividade é uma questão de conectar as coisas. Quando você pergunta às pessoas criativas como foi que elas fizeram alguma coisa, elas se sentem um pouco culpadas porque nada fizeram de fato, apenas enxergaram algo que parecia óbvio para elas após um certo tempo. Isso porque elas conseguiram conectar experiências que tiveram e sintetizar coisas novas. E o motivo pelo qual conseguiram, foi porque tiveram mais experiências ou pensaram mais sobre suas experiências do que as outras pessoas”. Na mesma entrevista, ele continua: “A Internet me lembra dos estágios iniciais da indústria de computadores. Ninguém sabia muita coisa. Não havia especialistas. Todos os especialistas estavam errados. Existia uma tremenda possibilidade aberta para tudo. E não foi confinada, ou definida de modo definitivo. Isso é maravilhoso. Existe uma frase no budismo que diz: “Mente de iniciante. É maravilhoso ter uma mente de iniciante.” 

Agora sem dúvida, uma das falas mais emocionantes de Jobs que tive a oportunidade de ler a respeito, foi o discurso da formatura de Stanford, na turma de 2005. Steve disse: “Você não pode conectar os pontos olhando para a frente; você só pode conectar os pontos olhando para trás. Assim, você precisa acreditar que os pontos irão se conectar de alguma maneira no futuro. Você precisa acreditar em alguma coisa – na sua coragem, no seu destino, na sua vida, no karma, em qualquer coisa. Este pensamento nunca me deixou na mão, e fez toda a diferença na minha vida.” 

Steve Jobs acreditava que é preciso, primeiramente, encontrar o que você ama e para ilustrar essa opinião, ainda em seu icônico discurso de Stanford, o fundador da Apple conta que quando decidiu largar a faculdade e tirar aquela pressão dos ombros, ele teve a possibilidade de não frequentar às aulas chatas e assistir apenas as que o interessavam. “Na época, o Reed College talvez tivesse o melhor curso de caligrafia do país. Todos os cartazes e etiquetas do campus eram escritos em letra belíssima. Porque eu não tinha de assistir às aulas normais, decidi aprender caligrafia. Aprendi sobre tipos com e sem serifa, sobre as variações no espaço entre diferentes combinações de letras, sobre as características que definem a qualidade de uma tipografia. Era belo, histórico e sutilmente artístico de uma maneira inacessível à ciência. Fiquei fascinado. Mas não havia nem esperança de aplicar aquilo em minha vida”, disse Jobs. “No entanto, dez anos mais tarde, quando estávamos projetando o primeiro Macintosh, me lembrei de tudo aquilo. E o projeto do Mac incluía esse aprendizado. Foi o primeiro computador com uma bela tipografia. Sem aquele curso, o Mac não teria múltiplas fontes. E, porque o Windows era só uma cópia do Mac, talvez nenhum computador viesse a oferecê-las. É claro que conectar os pontos era impossível, na minha era de faculdade. Mas em retrospecto, dez anos mais tarde, tudo fica bem claro”. 

Você já parou para olhar para o seu passado e analisar em que momento tudo que você viveu te levou para o lugar que você está hoje? 

Digamos que você nunca parou para pensar sobre isso e na verdade, nem sabe como fazer essa análise. Vou tentar resumir em um exemplo para facilitar a ideia de conexão olhando para trás. Quando eu tinha 9 anos de idade, minha vó me obrigava a ir as aulas de piano, e naquele momento eu não era muito ligada em fazer música. Tive influências musicais desde cedo. New Order, Pet Shop Boys, Bee Gees, Bon Jovi, A-ha, Guns And Roses, Aerosmith, Little Richards, foram meus companheiros por osmose. Quando eu tinha 12 anos, meu irmão pediu um violão de Natal do meu pai, que ficava parado, sem uso e por isso comecei aos poucos a comprar revistinhas de violão para aprender. Certa vez, estava na casa da minha vó e o então namorado da minha tia, que havia morado muito tempo no Canadá me viu com o violão nas costas e disse: – E aí, Alanis Morissette? Não lembro se conhecia a Alanis, mas acho que não, porque depois que tomei conhecimento, a cantora canadense compositora de hits como “You Learn”, “You Oughta Know”, “Head Over Feet” nunca mais saiu das minhas playlists

Com o violão, veio a frustração, eu não conseguia cantar, não tinha uma voz afinada e não sabia tirar músicas de ouvido e consequentemente isso dificultava minha parte compositora. Minha saída foi aprender bateria porque “era mais fácil”. Aos 14 anos eu já era baterista, o que na época não era comum. Uma  baterista mulher era diferente, isso me gerava diversos convites para tocar em bandas. Um desses convites, acabei aceitando e a partir dessa experiência eu tive a oportunidade de experimentar a música, os shows, os ensaios, a composição, programas de tv, matérias em jornais, rádios, gravação de discos e até aquela experiência vintage de enviar cds em envelopes para gravadoras. Enfim, através da música, em 2002, eu tive a oportunidade de conhecer duas grandes amigas, uma me trouxe e me traz incontáveis conexões de trabalhos, além de me permitir ser “profissional” na parte de criação, não apenas de conteúdos, mas de composições musicais e a outra virou minha sócia em 2017, em um Estúdio de Gravação e Ensaio de bandas. Considero até hoje que trabalhar com música é uma das coisas mais maravilhosas do mundo e nada disso, talvez tivesse acontecido sem a obrigação de ir as aulas de piano acompanhada da minha vó.  A fala de Jobs, me faz entender que lá, nos 9 anos de idade, eu nunca seria capaz de fazer essa análise ou gerar essa conexão olhando para frente. Deu para entender como funciona?

Hoje, não me imagino desconectada de som, melodia, bandas, inclusive estou trabalhado atualmente em um novo projeto voltado para música. Quando se trata de criação musical parece que minha mente trabalha em alta velocidade, os pensamentos se encaixam, as ideias fluem, o papo rola solto, a imaginação sai louca gritando ideias. Como diz o mestre Jobs “Você, primeiramente, precisa encontrar o que ama”. Talvez, é isso que esteja faltando para você trabalhar de forma plena na sua empresa, a primeira etapa precisa ser concluída para iniciar todo o processo de conexão que vai fazer sentido na sua busca. Quando você coloca a mão na massa, fazendo o que ama, começa a enxergar, a produzir, a definir a estrada invisível de um futuro ainda desconhecido, porém quase pré-destinado. É preciso interligar o que você sente, o que você sabe e deixar fluir.  Como o próprio Jobs fez questão de ressaltar em seu discurso, “Repito: Os pontos só se conectam em retrospecto. Por isso, é preciso confiar que eles estarão conectados no futuro. É preciso confiar em algo – seu instinto, o destino, o karma. Não importa”. Pense nisso!

Raquel Omena

é especialista em negócios digitais, editora da coluna Mais Empresárias
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