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O que estudar na ciência política

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Muitos leitores alimentam certa curiosidade sobre o que estudar para “entender a política”. O questionamento é válido à medida que os cidadãos tentam cada vez mais interpretar o mundo – e neste caso, o mundo da polis – sob um olhar mais científico, sempre tentando transformar percepções locais em imperativos racionais de alcance universal, por meio de regularidades e mudanças do poder. 

Neste artigo, destaco os principais modelos teóricos da Ciência Política contemporânea, tendo em vista promover e incentivar estudos sobre a temática.

Desde já, podemos identificar quatro importantes teorias da Ciência Política que são bastante usadas por cientistas políticos para a investigação e interpretação dos fenômenos políticos.

Primeiramente, a teoria da escolha racional talvez seja a abordagem mais avançada e mais utilizada na formulação dos estudos em Ciência Política nos dias de hoje.

As teorias da escolha racional podem ser subdivididas em duas correntes. De um lado, a teoria da ação coletiva, cujos principais teóricos são Mancur Olson Jr. (A lógica da ação coletiva) e Anthony Downs (Uma teoria econômica da democracia); e, do outro lado, a teoria dos jogos, de fundamentação econômica-matemática, que é discutida tantos nos estudos militar-estratégicos, quanto no campo da lógica da engenharia política.

Mas, voltando à teoria da escolha racional propriamente dita, podemos dizer que a mesma tem um princípio bem claro: desenvolver uma abordagem teórico-metodológica que analise as possibilidades das escolhas dos agentes políticos na sua interação com o conjunto da coletividade, isto é, a correlação de forças entre as estruturas, as instituições, os sujeitos e mesmo os países numa dada situação de conflito e disputa de interesses direcionados à conquista do poder político.

O Institucionalismo político é também conhecido como neo-institucionalismo (a fim de se diferenciar da escola institucionalista da Economia), e se propõe a abordar o fenômeno político a partir da sua variável institucional, ou seja, não interessa do ponto de vista do neo-institucionalismo, os sujeitos atomizados, suas ideias, suas ideologias etc., mas sim a forma como as instituições são capazes de canalizar tais manifestações e torná-las efetivas no jogo político.

Daí o interesse de tal corrente em analisar o processo político à luz da institucionalização (partidos políticos, parlamento, MP, poder judiciário, sindicatos etc.).

Análise schumpeteriana do procedimento político tem cada vez mais conquistado credibilidade nas análises políticas na América Latina dos anos 1970 para cá.

Ao contrário da dogmática grega de democracia (“governo do povo, para o povo…”), Joseph Schumpeter, em sua obra-prima Capitalismo, Socialismo e Democracia propõe uma democracia cheia de incertezas, de confrontação, de altos e baixos, uma vez que a democracia, e, por sua vez, todo o sistema político que a constrói, não é nada mais nada menos que o governo dos políticos.

No momento em que os políticos são tolhidos de sua representatividade, aí está a nascer um regime antidemocrático. Por esta razão, toda ditadura que se preze deve, como primeira medida, fechar o parlamento e cassar os direitos políticos.

E finalmente, a Teoria da cultura política que é na verdade uma aproximação da Ciência Política com suas primas distantes, a Sociologia e a Antropologia.

O propósito básico é à luz da Ciência Política (refiro-me ao método estritamente) abordar assuntos que não são da Ciência Política Clássica (Estado, partidos, eleições, movimentos sociais, sindicatos, clientelismo, patrimonialismo…), ou seja, pretende-se introduzir novas temáticas como, por exemplo, feminismo, movimentos ambientalistas, étnicos, migratórios, agrário-urbano etc. A cultura política acaba, em outros termos, mesclando as três grandes áreas das Ciências Sociais num só discurso – na Ciência Política.

O estudo sério e dedicado dos modelos teóricos ajuda na compreensão dos fenômenos políticos propriamente ditos e dá a cada cidadão as ferramentas analíticas e práticas para melhor fazer valer as suas preferências e o seu voto.

*Breno Rodrigo é cientista político

Breno Rodrigo

É cientista político e professor de política internacional do diplô MANAUS. E-mail: [email protected]
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