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O que é o economia colaborativa?

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Quem poderia imaginar que em plena era digital, onde as pessoas trocaram a fala presencial pela conversa digital, surgiria um novo nicho de mercado: o consumo colaborativo. Muito além de fomentar a economia global através de uma releitura do escambo, a nova forma de compartilhamento resgata valores sociais, onde a confiança, a solidariedade e o desapego aos bens materiais ajudam a prevenir a depressão, em tempo de crise. Segundo especialistas, compartilhar também é uma forma de minimizar o impacto ambiental. Essa nova Era do Compartilhamento tem atraído o público acima dos 50 anos, próximo da aposentadoria, que teme a redução de renda, seja familiar ou individual.
De acordo com o cientista social, Breno Rodrigo, o consumo colaborativo por meio do compartilhamento e as redes de solidariedade já são praticados e aceitos em metrópoles mundiais como Nova Iorque, Londres, Berlim, por exemplo, no entanto são recentes no Brasil. “Trata-se de um dado sociológico novo, mas que releva o primado humano da colaboração em ambientes de crescente perda da dimensão comunitária tradicional e familiar, transitando para um tipo de colaboração aberta e societária”, explicou.
Segundo Breno, o consumo colaborativo é uma forma criativa de enfrentar a crise econômica. “Também abre uma oportunidade de negócio que se inaugura, renovando assim o potencial empreendedor no contexto de uma economia que demanda cada vez mais criatividade”, observou. Ainda segundo ele, com a popularização das redes sociais, surgiu um novo sentido de comunidade: a virtual. “Reforçando assim uma atividade nova, mas que tem expandido as suas fronteiras”, completou.

Mas o que é o consumo colaborativo?

Para a advogada e administradora Miriam Cecilia Lopes de Divitiis, consumo colaborativo é uma nova cultura, em que as pessoas são incentivadas a ganhar e economizar dinheiro utilizando coisas que elas já possuem ou compartilhar coisas de outras pessoas. “Recentemente li uma pesquisa que demonstrou: não usamos mais do que 17 minutos por ano uma furadeira. Imagine, em um edifício de apartamentos quantas pessoas têm uma furadeira. E se uma furadeira pudesse ser compartilhada por todos ou você pudesse alugá-la?”, indagou-se.
Segundo Miriam, foi pensando em dividir, otimizar e compartilhar é que surgiram diversas iniciativas, através da internet e redes sociais onde bens e serviços estão circulando. “A economia do compartilhamento está mudando não só o modo como entendemos oferta e demanda e a nossa relação com os bens materiais, mas também nossas relações pessoais”, observou.
Mas, foi com olhar voltado para a população da 3ª idade, que Miriam decidiu contribuir para reduzir os casos de solidão, ociosidade e até abandono que levam ao quadro da depressão. “Um quarto vazio em casa pode gerar renda extra e a oportunidade para fazer novos amigos. A bicicleta que está empoeirando pode virar dinheiro ao rodar pela cidade com quem estiver disposto a levá-la passear, um brinquedo usado pode ser trocado. Com o consumo colaborativo, essas e outras iniciativas se tornam possíveis”, disse.
Com um olhar globalizado, a advogada reconhece que hoje a era digital passa por uma nova fase, onde a sociedade como um todo começa a resgatar valores já esquecidos, como a confiança entre pessoas desconhecidas. “É como se a tecnologia que em algum momento nos afastou, agora estivesse nos trazendo de volta para um movimento em que nos comportamos como uma vila, porém com laços que acontecem em escala global. A reputação volta a ter uma importância outrora esquecida, os nossos valores mudam e conhecer pessoas no meio desse caminho torna a experiência ainda melhor”, enfatizou.

Entenda a economia colaborativa:

3 Trocas de livros: www.trocabook.com e www.skoob.com.br
3 Troca ou doação de coisas: freeyourstuff (liberte suas coisas); www.tomaladaca.com.br
3 Troca entre pontos de cultura: www.escambo.org.br
3 Oferta de serviços: www.timerepublik.com
3 Aluguel de bicicleta, equipamentos de surf e esqui: www.pt.spinlister.com
3 Venda de produtos usados de criança: www.ficoupequeno.com
3 Troca de brinquedos: www.quintaldetrocas.com.br
3 Compartilhamento de produtos na vizinhança: www.temacucar.com

Economia colaborativa

Para Miriam, a expressão economia colaborativa é nova, mas pode ser entendida como uma nova roupagem do escambo. “E esta prática remonta ao Brasil Colônia, onde os portugueses ofereciam aos indígenas objetos e ornamentos (espelhos, pentes e outros materiais) em troca de serviços, como o corte e transporte de árvores do pau-brasil”, comparou.
E como já dizia Sócrates: “O segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar. Miriam conclui seu pensamento sobre essa nova fase da economia com foco no compartilhamento, seja de ideias ou de ações. “Não importa a palavra e sim a prática. Hoje somos uma sociedade que tem muitos bens materiais, muitas vezes guardados, ocupando espaço, juntando poeira e pouco utilizados. Lembremos que até a posse de um bem ocioso tem um impacto ambiental”, alertou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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